quinta-feira, 18 de agosto de 2016

QUANDO DINHEIRO NÃO É TUDO NA VIDA DO PROFISSIONAL

Gestores devem estar atentos à questão do salário emocional para manter suas equipes motivadas

A satisfação no mundo corporativo, mais do que nunca, está hoje diretamente ligada a um bom ambiente de trabalho e às perspectivas de crescimento, e não necessariamente à alta remuneração. Cada vez mais profissionais, inclusive os da Geração Y, valorizam o chamado salário emocional, conjunto de fatores que fazem as pessoas desejarem permanecer na empresa, explica a coach e diretora da Pro-Fit, Eliana Dutra.
Mas que fatores são esses? O salário emocional pode ser representado, segundo Ylana Miller, sócia-diretora da Yluminarh e professora do Ibmec, pelo somatório de estilo de liderança, ambiente de trabalho e oportunidades de desenvolvimento de carreira.
Líder tem influência direta na qualidade do salário emocional
O salário emocional, dizem especialistas, sofre influência direta do papel que o líder desempenha junto à equipe e está intimamente ligado ao desenvolvimento, à oportunidade de aprendizado e ao progresso na carreira:
— Pesquisas já apontam, há mais de três décadas, que as pessoas não trocam de emprego e, sim, de chefe. Como a maioria dos presidentes e executivos das empresas foca apenas nos resultados, não entende a importância desse salário emocional para os seus funcionários — diz Eliana, acrescentando que a natureza da atividade desenvolvida, o sentimento de que sua contribuição faz diferença para a organização e as perspectivas de desenvolvimento aparecem nos primeiros lugares, antes mesmo de remuneração, na lista de critérios dos profissionais para não mudar de emprego.
Segundo a coach, as consequências do comportamento do líder que só olha para os resultados é a ocorrência de assédio moral e desestímulo de seus colaboradores:
— A humilhação tem um efeito cascata, pois é passada do presidente para os seus diretores, desses para seus colaboradores, e assim por diante. É necessário preparação dos líderes para que possam perceber a real importância do salário emocional e como este pode auxiliá-lo a obter os melhores resultados de sua equipe.
Para tornar o salário emocional concreto e eficaz, as empresas — e seus gestores — devem investir em ações de retenção, como criar possibilidades reais de progresso, de crescimento pessoal, novos desafios etc:
— Não existe uma fórmula única, e sim um somatório de atitudes — diz Ylana.
Aprendizado deve ser estendido aos gestores
Esse aprendizado, no entanto, não deve estar restrito aos empregados. Para que os líderes possam contribuir efetivamente com suas equipes, diz Eliana, é essencial que estes também passem por programas de gestão, liderança e, principalmente, de coaching:
— Assim, eles poderão desenvolver a habilidade de ouvir seus funcionários e estimulá-los na busca de soluções.
Ylana é da mesma opinião: ela acredita que a liderança pode ser desenvolvida, sim:
— As habilidades do líder resultam de uma combinação de experiências de vida, mas também podem ser aprendidas. Investir na capacitação dos líderes deve ser prioridade na agenda das organizações.

Por Ione Luques
Fonte O Globo Online