Qualquer
advogado que publicar informações úteis para o público, que explique conceitos
jurídicos em termos compreensíveis para leigos, será um herói para as pessoas
que pesquisam seus problemas na internet. A lei é complicada e a maioria das
pessoas tem dificuldade para entender suas complexidades, no que elas se
referem a seus problemas.
Essa
ideia, que já há algum tempo se popularizou entre os especialistas em marketing
jurídico nos EUA, agora está encantando seus semelhantes no Canadá, de acordo
com o Huffington Post. O “marketing de conteúdo” — entendendo-se qualquer texto
publicado em meios eletrônicos ou impresso, tais como blogs, notícias, artigos
e newsletters — se tornou a principal ferramenta de conquista de clientes para
os marqueteiros nos dois países.
Os
atuais e futuros clientes irão adicionar o site do advogado a seus favoritos,
irão se lembrar do nome do advogado e do escritório e poderão assinar suas
newsletters, enviadas por e-mail. As pessoas não se esquecem de seus problemas
jurídicos e, quando se tornar imperativo resolvê-los, o advogado que lhes
serviu informações relevantes será o primeiro a ser contatado, diz o jornal,
com base em informações colhidas entre os advogados e especialistas da área.
Uma
pesquisa sobre hábitos do consumidor, publicada pelo site BrightLocal, mostrou
que, atualmente, 60% das pessoas buscam por serviços e produtos na internet
pelo menos uma vez por mês. Outras buscam mais, outras buscam menos. Os que
nunca buscam são apenas 9%.
Nos
EUA e no Canadá a busca por serviços e produtos na Internet tende a ser mais
popular, incluindo no caso de escritórios de advocacia, porque se tornou um
hábito escrever comentários sobre os profissionais e, consequentemente, ler os
comentários de outros clientes do escritório. E assim é para tudo: médicos,
hotéis, restaurantes, pediatras etc.
Mas
o que resulta, mesmo, no sucesso dos escritórios com marketing de conteúdo são
os textos que tentam identificar e responder preocupações dos clientes. Um
escritório especializado em falências, por exemplo, sabe que o cliente irá,
mais provavelmente, escrever em um mecanismo de busca (como o Google): “Como
requerer falência”. Assim, seu seu site ou seu blog em qualquer lugar terá o
título correspondente: “Como requerer falência”.
Segundo
o site Lawyer Marketing, o Google aprendeu a identificar as melhores
explicações sobre tema consultado e pode abrir um “box”, em que apresenta um
resumo da resposta e link para o pesquisador ir à fonte da informação. O Google
chama esse recurso de “Quick Answers” (“Respostas rápidas”). E o box aparece
logo abaixo dos resultados pagos.
Hoje
em dia todo mundo pesquisa de tudo na internet. Para se informar sobre seus
problemas jurídicos, um cliente pode ir, antes de tudo, a um mecanismo de busca
na web. Isso é bom para os advogados que sabem que podem dominar os mecanismos
de busca, principalmente o Google, se postarem conteúdo relevante para os
clientes.
“A
chave para atrair novos clientes é se tornar uma autoridade em sua área de
atuação. Ao produzir conteúdo relevante para os clientes, que os ajudem a
entender seus problemas jurídicos e visualizar soluções, o escritório se torna
benquisto pelos leitores, que lhe atribuem credibilidade e o conduzem ao sucesso”,
disse ao Huffington Post o advogado Qamar Zaman, especializado em marketing
jurídico.
A
advocacia é uma das profissões que mais requer credibilidade, autoridade e boa
reputação. Há muitas maneiras de cultivar esses tributos, algumas delas
tradicionais, mas que levam tempo para se estabelecer. O marketing de conteúdo,
se for útil, relevante e de alta qualidade, surge como uma ferramenta essencial
para acelerar esse processo.
Tabus
Há
uma preocupação antiga sobre a publicação de informações que mostram um caminho
para soluções de problemas jurídicos, baseada no pensamento de que, se o
cliente sabe como resolver seu problema, ele o fará por si mesmo ou buscará um
profissional que cobra barato (uma vez que ele já sabe o que tem de ser feito).
É
uma preocupação desnecessária. Se um cliente está buscando um serviço jurídico
como se fosse uma commodity, pelo preço mais baixo, provavelmente a perda desse
cliente não será significativa para o escritório.
O
advogado já tem a opção de prestar serviços jurídicos pro bono ou prestar
assistência jurídica aos pobres pelos meios já estabelecidos — e não precisa
concorrer no preço pelo cliente em busca da menor cotação, mesmo tendo
dinheiro.
O
advogado quer clientes que estão buscando serviços jurídicos de alta qualidade
e estão dispostos a pagar honorários satisfatórios por isso, porque ele entende
que os custos valem a pena.
Outro
pensamento (negativo) é o de que os leitores do blog não terão necessariamente
problemas jurídicos. E, portanto, não irão necessitar dos serviços de um
advogado. Isso é verdade. Muitos não vão necessitar agora, mas poderão
necessitar mais tarde.
“A
chave é ser um fabricante de conteúdo tão consistente, que você sempre estará
na grande área da mente do leitor. Uma vez que tenham um problema – ou que um
amigo tenha um problema – o primeiro nome a emergir em sua mente será o seu. O
marketing de conteúdo tem um forte poder de persuasão”, disse Zaman.
A
produção de conteúdo para o website – ou mesmo para publicações impressas, via
assessoria de imprensa – tem um custo relativamente baixo, em comparação com
outros esforços de marketing. E muito mais baixo do que anúncios na TV, jornais
e revistas, no caso dos advogados americanos, que podem fazê-los.
O
marketing de conteúdo (blogs, artigos, newsletters) pode ser direcionado a uma
audiência bem específica e o advogado não precisa ser um bom escritor para
produzi-lo. Para isso, existem assessorias de imprensa e ghostwriters
(jornalistas e escritores que escrevem sob encomenda e que tenham um bom
texto). Basta explicar-lhes a mensagem que quer enviar a seu público-alvo.
Consultor
Jurídico
Por
João Ozorio de Melo
Fonte
Consultor Jurídico