1. Idade: Com o passar dos anos, os órgãos deixam de
trabalhar como deveriam. Os rins, para citar um caso, perdem parte da
capacidade de eliminar substâncias tóxicas - daí, ureia e creatinina
naturalmente aparecem mais elevadas nos exames de sangue. Mas isso, por si só, não
quer dizer que a dupla filtradora mereça uma intervenção. "Nessa e em
outras situações, temos que traçar o diagnóstico dos pacientes mais velhos com
testes complementares", explica Nairo Sumita, assessor médico do Fleury
Medicina e Saúde, em São Paulo.
2. Gênero: Os limites considerados ideais para
inúmeras avaliações variam de homens para mulheres. Faz sentido: não dá para
esperar que o sexo feminino apresente, por exemplo, as mesmas taxas de
testosterona que as dos marmanjos. "Em investigações sobre a saúde da
massa muscular, os níveis esperados de algumas substâncias são menores para
elas", observa Cristina Formiga, endocrinologista do Hospital das Clínicas
de São Paulo.
3. Posição: O sangue colhido enquanto estamos de pé
tende a carregar mais colesterol, cálcio... Isso porque, na postura bípede, o
ritmo dos batimentos cardíacos precisa ser mais rápido do que na posição
sentada. "E são mecanismos hormonais, capazes de interferir nas
concentrações de várias moléculas, que fazem o coração bater mais forte", esclarece
Cláudio Pereira, diretor de análises clínicas do Delboni Medicina Diagnóstica, em
São Paulo. Se uma pessoa deitada de repente se levanta, os níveis de água e
outros elementos do líquido vermelho também ficam um pouco bagunçados. E, nos
dois cenários, o exame perde confiabilidade. "Por isso recomendamos que o
paciente permaneça de dez a 15 minutos em repouso antes da picada", diz
Milena Bezerra, endocrinologista do Fleury.
4. Dieta: Atualmente, ir para o laboratório de
barriga vazia virou alvo de muita discussão. "Vários testes, como os que
medem ureia e creatinina, não necessitariam de jejum", afirma Pereira.
"Acontece que os valores de referência atuais são baseados em análises de
indivíduos que não comeram nada", pondera. Logo, enquanto os dados não são
revistos, o melhor é seguir as recomendações dos laboratórios. Até porque há
casos, como a medição da glicemia, em que o jejum continua obrigatório.
5. Fumo: O indicado é parar com as tragadas no
mínimo três horas antes de colher o sangue, porque as substâncias tóxicas do
cigarro provocam inflamações que alteram as taxas de partículas como o
colesterol circulante. Que tal aproveitar um checkup para abandonar o vício de
vez?
6. Álcool e café: Nem uma gota de cerveja, vinho ou uísque 72
horas antes de submeter seu sangue a avaliações. O álcool agride o fígado, que
responde liberando doses extras de triglicérides. Também ocorrem mudanças na
glicemia, porque as bebidas contêm açúcar. Já a cafeína, se ingerida em excesso,
pode reduzir momentaneamente a quantidade de glicose nas artérias. "Dá pra
tomar no máximo uma xícara antes de ir ao laboratório", diz Sumita.
7. Remédios: Aspirina e outras drogas afetam os testes
de coagulação, que predizem o risco de trombose e AVC. "Esses fármacos
afinam o sangue", justifica Marcelo Cidade Batista, patologista e
endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Se você
toma um deles e tem de fazer o exame, pergunte ao médico como proceder.
8. Gestação: Checar a saúde da mãe e do bebê
constantemente é imprescindível. Mas as mudanças hormonais nessa fase exigem
padrões diferentes em diversos exames sanguíneos. Para ter ideia, o TSH, substância
que atesta o bom funcionamento da tireoide, sofre uma queda nesse período. Mas
não há com o que se preocupar. Basta seguir o acompanhamento com o obstetra.
9. Hora do dia: Se o intuito é dosar o cortisol para
verificar disfunções nas glândulas suprarrenais, o período em que se realiza o
exame faz toda a diferença. Afinal, o hormônio é fabricado aos montes no raiar
do dia para nos despertar. "À tarde, fica difícil saber se uma aferição
baixa é sinal de problema ou só consequência do horário", argumenta Milena.
Aliás, as taxas de colesterol também variam ao longo do dia.
10. Dia do mês: O tópico vale especialmente para as
mulheres. A aldosterona, por exemplo, está 100% mais presente na fase pré-ovulatória
do ciclo menstrual - e mensurar o excesso da substância ajuda no diagnóstico da
hipertensão. A dosagem de estradiol e progesterona, que, entre outras coisas, servem
como marcadores de fertilidade, também flutua bastante durante o mês. "No
primeiro dia de menstruação, há um aumento de estradiol, que atinge seu pico em
cerca de duas semanas", confirma a patologista clínica Luisane Vieira, vice-diretora
científica da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial.
O calendário, portanto, precisa mesmo ser levado em conta.
11. Período do ano: Pode acreditar: no inverno, os níveis de
colesterol estão mais elevados do que no verão. Os triglicérides também chegam
a subir 2,5%. Segundo Maurício Serpa, clínico geral do Hospital e Maternidade
São Luiz, em São Paulo, isso pode ser resultado de mudanças alimentares, já que
nessa época o consumo de comidas gordurosas aumenta. Por outro lado, no verão
os níveis de vitamina D são mais altos devido à maior incidência de raios
solares e à tendência de sairmos de casa para fazer programas ao ar livre.
12. Atividade física: Os exercícios alteram a concentração de
diversas moléculas no sangue. O ácido úrico, um sinalizador de gota e
insuficiência renal, e o ferro, cujo déficit acusa a anemia, são algumas delas.
De quebra, praticar um esporte diminui a quantidade de glicose circulante, sabotando
exames que flagram o diabete e acompanham sua evolução. Por isso, o ideal é não
suar a camisa antes de visitar o laboratório. "Até quando o paciente chega
a pé recomendamos que permaneça de cinco a dez minutos em repouso", conta
Pereira.
Fonte M de Mulher