Instituições
aumentam limite sem pedido do cliente. Especialistas recomendam cuidado
A facilidade de comprar algo mesmo sem ter
imediatamente o dinheiro, é sempre interessante e tentador, ainda mais com o
aumento "espontâneo" do limite do cartão de crédito - pesquisa da
CNDL aponta que quatro em cada dez usuários de cartão de crédito (38%) receberam
alguma oferta de aumento do limite sem que tenham solicitado ao banco ou
instituição financeira. Mas o que é visto positivamente pelo consumidor serve
de alerta para especialistas: Fujam do endividamento. Eles explicam que que
essa autonomia pode ter um alto custo e se tornar a grande vilã da saúde
financeira. Isso ocorre porque se o consumidor não conseguir quitar a fatura
completa, começará a pagar uma alta taxa sobre o montante devido. Os juros
médios do rotativo chegaram a 299,8% ao ano em junho, segundo o Banco Central (BC).
Para não cair em cilada e se livrar dessa dívida O DIA fez uma lista com 10
dicas para ajudar na saúde do bolso.
A taxa exorbitante faz com que qualquer
dívida se torne rapidamente uma bola de neve, complicando o orçamento doméstico.
Para 76,4% das famílias endividadas no país, o cartão de crédito é o principal
responsável pela dívida, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). E como fugir dessa dívida? O
presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo
Domingos, dá algumas dicas para o consumidor se livrar e não cair nessa cilada.
"O rotativo do cartão de crédito é algo bem caro e, se a pessoa não tiver
cuidado, pode ser a porta de entrada para o fim da tranquilidade financeira",
adverte.
Nova regra
Por ser uma das linhas mais caras do mercado,
o governo federal tenta, desde o ano passado, diminuir as taxas cobradas no
rotativo do cartão como forma de controlar o endividamento dos brasileiros.
Com as novas regras, os bancos são obrigados
a transferir a dívida para outra modalidade de financiamento parcelado após 30
dias, caso haja o pagamento mínimo da fatura. Mesmo assim, a resolução do
problema ainda parece estar longe, já que, em fevereiro, um em cada quatro
usuários de cartão de crédito entrou no rotativo.
Cuidado com o
superendividamento
O levantamento da CNDL mostra que é comum o
recebimento de propostas espontâneas de ampliação do limite de crédito por
parte de bancos, instituições financeiras e lojas que operam com sistema
próprio de crediário. E isso, segundo especialistas, aumenta o nível de
endividamento.
Entre os que receberam esse tipo de oferta, mais
da metade (53%) achou a proposta interessante, por achar positivo ter crédito à
disposição. Outros 21% contestaram a oferta porque não viam necessidade no uso.
Outros 18% utilizaram o crédito disponível, seja por estarem precisando do
dinheiro naquele momento (13%) ou até mesmo sem que houvesse necessidade (5%).
"O que inicialmente se apresenta como
um alívio financeiro, é na verdade uma forma de indução à escolhas erradas e
sem avaliação de risco", alerta Ione Amorim, economista do Instituto de
Direito do Consumidor (Idec).
Ela adverte que o cartão é concedido com
análises rasas de capacidade de pagamento pelas administradoras e garantido por
elevadas taxas de juros de crédito rotativo com média de 300% ao ano e seguido
pela possibilidade de parcelamento do saldo, adicionando mais juros médios de 174%
ao ano. "Isso resulta na incapacidade de sair da dívida", afirma. Confira
as dicas:
Pague sempre a
fatura total
Com juros tão altos, entrar no rotativo do
cartão continua caro e perigoso. Dessa forma, pagar a fatura total é sempre a
primeira dica para quem não quer se perder em dívidas. Os juros, de quase 300%
ao ano, irão incidir sobre o montante que não foi pago. Por isso, o consumidor
deve ficar muito atento para não gastar mais do que sua capacidade de pagamento.
Não atrase o pagamento
Atrasar a parcela do cartão de crédito
também não é uma boa solução. Caso o consumidor atrase por mais de 30 dias, ou
não pagar nem o mínimo da fatura, cairá no chamado ‘rotativo não-regular’, onde
os juros chegam a 299,80% ao ano.
Cuidado com compras
em pequenos valores
De acordo com especialistas, é muito comum
não conseguir pagar a fatura total por não saber o quanto gastou no mês. É bom
tomar cuidado com compras baratas e em grande quantidade, que afetam a
percepção de gastos e fazem com que o consumidor perca a capacidade de
pagamento.
Planeje
Planejar o quanto cada um pode gastar é
essencial. Apesar de oferecer benefícios, o cartão de crédito jamais pode ser
utilizado como uma extensão do salário. Lembre-se: a fatura sempre chega. Por
isso saber qual é o limite de gastos mensal é o ideal para que as dívidas
fiquem sob controle.
Faça um empréstimo
pessoal
Um empréstimo pessoal, em geral, tem juros e
taxas menores do que o rotativo do cartão ou o parcelamento de fatura. São
inúmeras possibilidades, como crédito consignado, antecipação do 13º, antecipação
do Imposto de Renda etc. Diversas operadoras financeiras oferecem essas
possibilidades com juros bem menores.
Assim, o consumidor poderá resolver o
problema com a operadora do cartão antes de a dívida crescer demais. O cuidado,
porém, deve estar no planejamento: ao comprometer qualquer renda futura, o
consumidor deve estar ciente que não receberá o valor total no futuro. Exemplo:
caso ele antecipe o 13º, deve levar em conta que não terá o salário adicional
no final do ano.
Negocie
Com as novas regras, a operadora do cartão é
obrigada a direcionar quem tem dívida no cartão para uma linha de crédito mais
barata. Isso deverá ser feito logo no primeiro mês da dívida. O consumidor, contudo,
não é obrigado a aceitar a oferta logo de cara. Dessa forma, é necessário
negociar a melhor linha de crédito (com juros e custos menores) para que o
pagamento não comprometa parte considerável da renda.
Procure um lugar
mais barato
Caso haja outra instituição financeira com
taxas mais baixas, é possível fazer a portabilidade da dívida. Ou seja, consumidor
pode transferir o montante devido para outro lugar. Para isso, contudo, é
necessário fazer uma boa pesquisa e pedir o CET de cada um dos bancos para que
o valor final da dívida realmente seja menor.
Peça por parcelas
fixas
Quem está enrolado com dividas no cartão de
crédito precisa de previsibilidade e planejamento para sair dessa posição
incômoda. Por isso, o melhor para a organização das contas é pedir por parcelas
fixas mensais para o pagamento do novo empréstimo. Dessa forma, o consumidor
poderá saber exatamente quanto precisa separar por mês para quitar o montante, sem
correr o risco de a parcela subir conforme o tempo passar.
Tenha, no máximo, dois cartões
Os bancos e operadoras vivem oferecendo
novos cartões de créditos aos clientes com diversas condições especiais. Possuir
inúmeros cartões, contudo, pode ser perigoso pois também dificulta o controle
do quanto se gasta. Por isso, concentre os gastos em, no máximo, dois cartões
de crédito e fique atento ao dia em que vencem as faturas.
Repense seus hábitos
de consumo
Se o consumidor vem atrasando o pagamento ou
já parcelou a fatura e continua endividado, está na hora de repensar os hábitos
de consumo. Planejar, economizar e não gastar mais do que ganha são os
primeiros passos para adquirir uma consciência financeira. Cursos, palestras e
estudos sobre educação financeira também são bem-vindos.
Por Martha Imenes
Fonte O Dia Online