Uma jornada sobre o
mergulho na inteligência emocional e como isso pode alavancar sua carreira
jurídica
Mas o que é
inteligência emocional?
É bastante comum pensar que a aptidão
intelectual (mais conhecida como QI — Coeficiente de Inteligência) é o que
define o que é ser inteligente. Então te pergunto: por que os alunos com
maiores QIs de uma escola nem sempre são os adultos com maior sucesso profissional
e pessoal na vida adulta?
Segundo Goleman, o QI contribui com somente
cerca de 20% dos fatores que determinam sucesso na vida, deixando 80% para
outras variáveis e circunstâncias, como por exemplo a classe social, a sorte e
a inteligência emocional (QE). E é aí que entra a definição de inteligência
emocional: é a capacidade do indivíduo de identificar seus sentimentos e
emoções com mais facilidade e saber escolher o melhor caminho a se tomar.
A incapacidade de lidar com as próprias
emoções pode acabar com a experiência escolar, com carreiras de sucesso e
destruir laços pessoais. Já por outro lado, características como autocontrole, zelo,
persistência e capacidade de automotivação são aspectos de quem tem grande
inteligência emocional e que levam ao sucesso na vida pessoal e profissional.
Unir as duas inteligências — a racional e a
emocional — é a chave para o sucesso. Sabendo disso, Goleman descreve 5 grandes
aptidões emocionais para aperfeiçoarmos ao longo da vida e conseguirmos atingir
esse patamar que hoje é alcançado por poucos: 1. autoconhecimento, 2. saber
lidar com as emoções, 3. motivar-se, 4. reconhecer as emoções nos outros e 5. lidar
com relacionamentos.
1. Autoconhecimento:
conhecendo as próprias emoções
Atire a primeira pedra quem nunca passou por
isso na vida: algo no trabalho ou em casa te deixa completamente fora de si e
sem ainda ter se recuperado dessa ira, você desconta sua raiva na primeira
pessoa que cruza seu caminho. Se identificou?
Essa pessoa raivosa não tem noção nenhuma da
emoção que está sentindo e fazendo os outros sentirem, tamanho é o sequestro
emocional pelo qual está passando. No mundo corporativo isso se torna
extremamente crítico: imagina só descontar todo o seu mau humor no seu cliente?
Reconhecer os sentimentos é o primeiro passo para aprender a se controlar. Nossa
incapacidade de observar nossos sentimentos nos deixa completamente à mercê
deles. Segundo Goleman, “as pessoas mais seguras são melhores pilotos de suas
vidas, tendo uma consciência maior de como se sentem em relações a decisões
pessoais”.
Quer praticar e aperfeiçoar essa aptidão? Tente
dar nome pros seus sentimentos, tentando identificar se aquilo é medo, raiva, alegria,
tristeza, ciúmes… Transforme isso em um exercício diário. Identifique também:
- o que governou aquela reação: foi
pensamento ou foi emoção?
- o que gerou aquele sentimento negativo? Se
pergunte isso até realmente encontrar uma resposta que faça sentido.
Outro ponto importante do autoconhecimento é
saber identificar suas fraquezas. Isso nos torna mais humildes e nos permite
trabalhar para melhorá-las ao longo de toda a vida.
2. Lidar com as
emoções: o que eu faço com isso que senti?
Agora que identificar as emoções já parece
uma tarefa fácil, a ação se torna necessária. Afinal, de que adianta o
autoconhecimento e não fazer nada com relação a isso, não é mesmo?
Saber lidar com os sentimentos e emoções é
conseguir se recuperar mais facilmente dos altos e baixos da vida, que muitas
vezes nos deixam imóveis e nos trazem uma carga enorme de tristeza, ansiedade, medo
e frustração.
O objetivo de lidar com as emoções é
aprender a ter equilíbrio e não suprimi-las. O equilíbrio, nesse sentido, é ter
um sentimento que seja proporcional à circunstância que o causou. Emoções
negativas existem: isso é fato! Aceite-as. Depois que aceitamos que algo existe
é que temos condições de trabalhar para lidar com elas.
Isso serve muito para críticas recebidas no
ambiente de trabalho. Nem sempre é bom ouvi-las, mas uma vez identificada, lide
com isso e trabalhe para que esse objeto de crítica desapareça ou seja
controlado. Utilize isso como um gatilho para a automotivação.
3. Motivar-se: colocar as emoções à serviço
de uma meta
Conseguir colocar as emoções que sentimos à
serviço de um objetivo ou meta é essencial para manter a engrenagem girando e
para manter foco, controle e criatividade. O autocontrole emocional está por
trás de qualquer tipo de realização.
Imagine só ser um líder importante, ter uma
grande capacidade intelectual e não ser motivado o bastante para utilizá-la em
seu maior potencial? Líderes automotivados não só trabalham fortemente em
direção a seus objetivos como conseguem inspirar positivamente pessoas ao seu
redor para agir como ele. Quando somos motivados por entusiasmo e prazer no que
fazemos no diaadia, esses sentimentos nos levam ao sucesso.
Canalizar as emoções para um fim produtivo é,
segundo Goleman, uma aptidão mestra: “seja no controle de impulsos e adiamento
da satisfação, no controle dos nosso estados de espírito para que facilitem, em
vez de impedir, o pensamento, motivando-nos a persistir e tentar de novo apesar
dos reveses, seja na descoberta de formas para entrar em fluxo e com isso atuar
com mais eficiência — tudo indica o poder da emoção na orientação do esforço
eficaz”.
4. Reconhecer as
emoções nos outros: a beleza da empatia
De nada adianta conhecer seus próprios
sentimentos, lidar positivamente com eles, motivar-se com seu aperfeiçoamento e
não saber fazer isso tudo com o sentimento dos outros também. Saber identificar
as emoções dos outros é se conectar com o mundo ao seu redor!
Pessoas com grande empatia pensam e agem
como gostariam de ser tratadas se estivessem na perspectiva do outro. É
importante destacar que as emoções nos outros não precisam ser percebidas
somente por palavras — elas são expressas também por gestos, linguagem corporal,
tom de voz e atitudes. Reconhecer cada um desses aspectos é importantíssimo.
Comece a praticar a empatia com um ato
simples e muito esquecido, tanto no ambiente corporativo quando no pessoal: a
escuta ativa. Comece fazendo um esforço para não cortar o pensamento do outro
quando você mesmo tiver uma retaliação. Escute tudo com atenção. Mesmo que você
não concorde de imediato, continue escutando com consideração e respeito. Ao
lidar com essa pessoa, trate-a como gostaria de ser tratada e valide os
sentimentos dela com atenção. Como líder, é imprescindível observar situações e
atitudes sob a perspectiva dos outros.
5. Lidar com
relacionamentos: a união do autocontrole e da empatia
É a capacidade de lidar com os
relacionamentos ao longo da vida que determina nossa liderança, popularidade e
eficiência interpessoal. Lidar com as emoções de outras pessoas exige um
amadurecimento das aptidões de autocontrole e empatia. Deficiências nesse
sentido conduzem a um desastre no mundo social e faz com que mesmo as pessoas
consideradas brilhantes do ponto de vista intelectual afundem em seus
relacionamentos. Segundo Goleman, “essas aptidões sociais nos permitem moldar
um relacionamento, mobilizar e inspirar os outros, vicejar em relações intimas,
convencer ou influenciar, deixas os outros à vontade etc”.
A união dessas 5 aptidões emocionais nos
permite mobilizar e inspirar multidões! Todas elas são capazes de despertar uma
onda de reflexão e motivação para mudança, tanto do ponto de vista profissional
quanto pessoal. Claro, não significa dizer que é fácil praticá-las: evoluir no
campo emocional é difícil, pois todas essas aptidões precisam ser desenvolvidas
exatamente no momento em que as perturbações aparecem. Mas não é impossível
estar atento às nossas emoções no diaadia. O importante é não se torturar: assim,
trabalhando isso aos poucos, você também conseguirá.
Por Letícia Perdigão
Fonte JusBrasil Notícias