Confira os aspectos que atrapalham a continuidade da
carreira das executivas que chegam ao topo e as dicas para reverter o cenário
negativo
Muitas mulheres acabam perdendo a autenticidade na
tentativa de criar um clima mais confortável entre seus colegas homens.
O
topo da carreira é solitário. Pelo menos para as mulheres, diz Renata
Dinkelmann, diretora da Egon Zehnder. “Em cargos superiores a cultura ainda é
dominada pelos homens”, diz Renata.
E
essa experiência de solidão é assustadora ao ponto de colaborar para a evasão
de cérebros femininos do alto escalão das empresas.
De
acordo com Renata, estudos indicam cinco aspectos que atrapalham a continuidade
da carreira de sucesso das mulheres bem como a sua felicidade no trabalho:
1 Networking fraco
A
dupla jornada que muitas mulheres enfrentam é um fator limitante para o investimento
na rede de contatos.
“Para
as mulheres há uma cobrança interna maior. Ela fica na dúvida entre sair para
jantar com os colegas de trabalho ou jantar com seus filhos em casa, por
exemplo”, diz Renata.
E,
depois de encarar um expediente longo, as executivas, em geral, preferem ir
para casa, onde esperam seus filhos, marido. Além disso, apesar dos inegáveis
avanços culturais, grande parte das tarefas domésticas ainda é prioritariamente
responsabilidade delas.
Com
tudo isso em mente, é mais raro encontrar tempo para happy hours com os colegas
de trabalho, ou para eventos e reuniões informais fora do horário de trabalho.
E,
se regra geral do networking é “quem não é visto não é lembrado”, os homens
acabam saindo na frente, já que são menos vítimas desta cobrança interna ou
externa por mais tempo em casa.
Dica:
planejar e balancear a agenda de modo a deixar um espaço para investir no
networking sem que isso signifique prejuízo para as relações familiares.
2 Contar com um único mentor
Leais
a quem as ajuda, as mulheres têm propensão a manter um único mentor
profissional, geralmente encarnado na figura do chefe.
Não
é diferente do que acontece pelos corredores das escolas: enquanto as meninas
geralmente gravitam em torno de uma única amizade (a melhor amiga) os meninos
crescem em turmas e times, destaca a diretora da Egon Zehnder.
O
homem navega melhor pelo ambiente profissional, faz mais alianças, enquanto a
mulher é mais leal ao seu único mentor.
Dica:
No livro “Faça Acontecer”, a COO do Facebook, Sheryl Sandberg dá o recado: a
relação com um único mentor pode ser simplista. Muito melhor, diz ela, é pedir
conselhos pontuais a profissionais de todos os níveis (de júnior a sênior) para
resolver questões específicas.
3 Pouca credibilidade
O
endurecimento das reações e a intransigência das manifestações são mecanismos
de defesa usados por mulheres em altos cargos executivos. Outras, para evitarem
erros preferem seguir carreira de especialista ao invés de disputar os cargos
de gestão.
“Ao
chegar ao topo a mulher se impõe, para poder se sobressair ela tem que ser a
mais eficiente, mais dura, mais assertiva e se posicionar de forma mais
objetiva”, diz Renata. Mas este tipo de reação não traz a almejada
credibilidade que a cadeira de líder requer.
O
aspecto político geralmente presente nos homens é mais efetivo neste sentido.
“Mesmo que ele não seja o melhor, seja apenas bom, ele continua crescendo”, diz
Renata.
Dica:
a credibilidade é uma consequência de um trabalho bem feito e de uma reputação
profissional bem cuidada.
4 Falta de autenticidade
Líderes
autênticos são marcantes. Mas, muitas mulheres acabam perdendo a autenticidade
na tentativa de criar um clima mais confortável entre seus colegas homens.
“Muitas
mulheres criam uma máscara, mas em longo prazo começam a se questionar se valeu
a pena”, diz Renata. Este comportamento adquirido é estimulado pela insegurança,
mas a nova maneira de agir pode prejudicar sua imagem profissional.
Dica:
preste atenção para não demonstrar ser o que não é. A sinceridade no modo de
agir é sempre o melhor caminho.
5 Solidão
Sensação
de ser um “peixe fora d´’água”. Entre colegas homens, a mulher se sente
sozinha. A falta de autenticidade na maneira de se comportar só vem a reforçar
o sentimento de solidão dentro do grupo.
Dica:
ter consciência de experimentar este sentimento de solidão é o primeiro passo
para reverter o quadro, de acordo com Renata.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com