Substituir palavras muito utilizadas, acrescentar
experiências concretas e buscar detalhes da carreira são alguns pontos que
podem valorizar o documento
Elaborar
um currículo está longe de ser uma tarefa fácil. Em meio a tantas dúvidas,
selecionar quais informações merecem mais ou menos destaque é o grande desafio
de qualquer profissional.
Mesmo
para aqueles que possuem uma grande experiência no mercado e uma carreira
invejável, algumas palavras e expressões que são muito comuns em currículos
podem diminuir as chances de uma contratação.
Pensando
nisso, substituir palavras muito utilizadas, acrescentar fatos e dados
concretos e buscar detalhes da carreira são alguns dos pontos positivos que os
contratantes levam em consideração.
Com
a ajuda de especialistas, Exame.com elaborou uma lista com algumas palavras e
expressões que você deveria retirar, ou pelo menos substituir, do seu currículo
para deixá-lo mais atraente. Confira:
Liderança
De
acordo com o LinkedIn, “liderança” aparece como a palavra mais utilizada nos
perfis dos usuários dessa plataforma. Mesmo sendo popular, a simples indicação
dessa competência não acrescenta nada para o currículo.
Segundo
o gerente de vendas da empresa de recrutamentos Michael Page, João Paulo
Klüppel, o melhor a se fazer nesse caso é contar experiências já vividas em
outros ambientes de trabalho que comprovem essa habilidade. “Sempre indicamos
que não há necessidade de expor suas qualidades de maneira vaga, um bom
currículo é aquele cujas competências aparecem ligadas às experiências”.
Pontual
A
exemplo do termo liderança, colocar apenas a palavra “pontual” como uma
qualidade não melhora seu histórico profissional. No mercado, espera-se que
todo colaborador seja pontual e isso não o faz um melhor empregado.
Bom comunicador
Utilizar
a expressão “bom comunicador” em um currículo pode não dizer muita coisa sobre
a pessoa, já que qualquer característica de comportamento vai ser observada
posteriormente em uma entrevista presencial.
Para
a especialista em RH do site Vagas.com, Patrícia Sampaio, os adjetivos são
dispensáveis no currículo. “O entrevistador vai chegar às conclusões sobre as
qualidades do candidato sozinho. A dica nesse caso é sempre colocar algum
exemplo prático que ajude a entender por que a pessoa se classifica dessa
maneira”.
“Altamente qualificado”
No
mesmo raciocínio sobre a expressão “bom comunicador”, ser “altamente
qualificado” também diz pouco sobre o candidato. Para Klüppel, o profissional
deve lembrar que o currículo é apenas um documento – de papel ou digital – e
que não reflete competências. “Todas as características são competências que só
são avaliadas ao vivo, e não no currículo”.
Ambicioso
O
gerente de vendas da Michael Page afirma que é sempre bom evitar dar destaque a
interesses pessoais e características de personalidade no currículo. Muitas
vezes elas não ajudam a refletir o real profissional por trás disso.
Trabalho em equipe
A
expressão “trabalho em equipe” também
deve ser substituída por resultados atingidos em grupo, recomendam os
especialistas. “Apenas dizer que trabalha bem em equipe é muito vago. O ideal é
apostar em exemplos práticos de resultados alcançados em equipe em outras
experiências”, completa Klüppel.
Inovador
Outro
adjetivo desnecessário. A inovação é uma qualidade que o candidato dificilmente
conseguirá destacar num currículo sem
exemplos. Patrícia Sampaio ressalta que as seleções hoje em dia são
direcionadas e que é a riqueza de detalhes concretos que faz a diferença na
hora da escolha do melhor perfil.
Honesto
João
Paulo Klüppel afirma que, nas empresas hoje, parte-se do pressuposto de que
todos os seus colaboradores são honestos e éticos. “O mercado de trabalho tem
esse tipo de valor enraizado. As organizações trazem isso dentro da sua
cultura”. Colocar essa característica entre suas habilidades não vai
diferenciar o profissional dos seus concorrentes.
“Meu objetivo é…”
O
gerente de vendas da Michael Page afirma que a maneira como o candidato se
descreve, tanto no objetivo como nas responsabilidades, pode ajudar a definir
uma vaga. Para ele, o ideal é evitar o excesso de criatividade no currículo,
com informações que não sejam pertinentes e expressões que não trazem
informação alguma. “A questão ortográfica também é essencial. É sempre bom
fazer uma revisão”.
Siglas
Em
algumas carreiras, o uso de siglas e nomenclaturas próprias é muito comum.
Porém, o profissional deve lembrar que muitas vezes a pessoa que lê os
currículos pode não estar familiarizada com certas abreviações, o que pode
prejudicar o entendimento. “O gestor de
RH, por exemplo, dificilmente dominará expressões específicas de determinadas
áreas. É importante colocar as informações por extenso antes de utilizar as
siglas”, afirma Klüppel.
Responsável por
Objetividade
ao detalhar as funções anteriores conta pontos positivos e expressões como
“responsável por” podem tirar o enfoque do que interessa. “O mais importante
aqui é a informação que vem depois, nesse caso é melhor optar por colocar
direto a função”, diz Patrícia. Mantenha apenas informações verdadeiras sobre
sua carreira, sem dados falsos ou que maquiam as suas reais atividades,
recomenda a especialista do Vagas.com.
Para
João Paulo Klüppel, é necessário atenção na hora de descrever responsabilidades em experiências anteriores.
“Nossas funções nunca são iguais nos diferentes empregos. É importante destacar
essas diferenças, evitar que as informações se repitam, para não empobrecer o
currículo, e ajudar o recrutador a compreender a evolução profissional da pessoa”.
Pronomes pessoais como eu, meu, nosso
Currículos
agrupam informações de uma mesma pessoa. O uso de pronomes pessoais é
dispensável já que os dados falam de um mesmo profissional. “A forma mais
direta sem pronomes pode tornar as informações mais claras, já que o currículo
pressupõe contar a história da própria pessoa”, diz Patricia Sampaio.
Excesso de palavras
Um
dos erros mais comuns é pecar pelo
excesso de palavras ao descrever a trajetória. O hábito, muito comum entre os
jovens em início de carreira, traz uma falsa sensação de ter mais experiências
profissionais. “Um bom currículo é aquele que traz todas as passagens de forma
sucinta ou aquele que destaca os pontos altos das últimas passagens do
profissional”, afirma Klüppel.
O
gerente de vendas da Michael Page afirma que, no caso dos mais jovens, os
recrutadores não levam tanto em consideração a quantidade de experiências que
ele possui, mas sim o potencial que carrega consigo. “É natural que o currículo
de um jovem que está entrando no mercado seja completamente diferente daquele
de uma pessoa experiente. A dica para suprir essa falta de dados é colocar
algumas experiências da faculdade, algum curso e/ou trabalho voluntário
relevantes para conseguir a vaga, sempre de forma sucinta”.
Por
Fernando Pivetti
Fonte
Exame.com