sábado, 6 de abril de 2024

PODE REPARAR: HOJE, QUEM É BACANA TEM GATO DE ESTIMAÇÃO

O gato é o novo cachorro

Não faz muito tempo, animal de estimação era cachorro e pronto. Tinha gente que aparecia com periquito, jabuti e até coelho, mas sempre foi minoria. Petshop era enfeitado com ossinhos e fotos caninas. Os bebês já sabiam dizer “au, au” antes de aprender qualquer relevância. Perto de casa, meus vizinhos faziam trânsito de coleiras e, todo dia depois do almoço, eu tinha de me juntar a eles. Deixava a preguiça de lado e, ainda com o uniforme do colégio, levava pra passear minha poodle toy preta de pelugem embaraçada, a Little. Agora a festa acabou. Pelo que tenho visto por aí, os bichanos resolveram finalmente reagir à altura.

Pode reparar
Hoje, quem é bacana tem gato. Hispster que é hispster posta foto do gatinho no Pinterest. O Instagram está cheio deles, que garantem um amontoado de “likes”. A impressão é que o gato ganhou reconhecimento. Veja bem, não que já não tivesse charme ou não fizesse sucesso em algumas casas. É que de uns anos pra cá o bichinho virou tendência.
Teve até quem mensurasse meu achismo: segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação, em 2010, havia no Brasil 18,5 milhões de gatos de estimação, contra 17 milhões do ano anterior. Nesse período, o crescimento do número de gatinhos foi quase três vezes maior que o de cachorros.
E não é uma questão só de moda. Parece fazer parte do inconsciente coletivo. O povo se derrete pelo olhar à la gatinho do Shrek. Eu mesma, que não simpatizava com gato, nem sei mais por que proclamava a aversão. Tinha aprendido cedo a desgostar. (“Aquelas bolas de pelo…”, resmungava minha mãe — como se os nós da minha Little não se desfizessem pelos cantos da casa.) Só que agora eles parecem tão queridos! Fora que se encaixam no dia a dia corrido. Gato não faz tanta sujeira como cachorro e é mais fácil de ficar limpinho. É independente, gosta de se virar. Ninguém precisa prendê-lo numa coleira.
Tem gente que diz que toda essa autonomia também atrapalha. Às vezes o gato não volta pra casa, ignora qualquer demanda de atenção do dono, não retribui carinho… dá-lhe carência. Pelo que ouvi das minhas amigas donas de gato, é um ótimo ensinamento pra lidar com essas pirações tão femininas. Ele te ensina a ser mais desapegada, menos choraminguenta. Dona de gato aprende na marra a deixar o ciúme de lado. Companhia assim, que ajuda a encarar a vida sob certos ângulos diferentes, é boa toda hora — sobretudo quando os momentos-mulherzinha apertam…
              
        
Por Luíza Karam
Fonte Mulher 7x7 – ÉpocA Online