Minha mãe tinha muitos problemas. Dormia mal
e se sentia exausta. Era irritada, mal-humorada e amarga, até que um dia, de
repente, ela mudou.
Um dia, meu pai disse-lhe: Amor, vou jogar
bola com os amigos.
Minha mãe respondeu: Está bem...
Meu irmão disse-lhe: Mãe, vou mal em todas
as matérias do colégio.
Minha mãe respondeu: Está bem. Você vai se
recuperar. E se não o fizer, você poderá repetir o ano. Mas você vai pagar com
as suas reservas.
Minha irmã disse: - Mãe, bati com meu carro.
Minha mãe respondeu: Está bem filha. Leve-o
para a oficina e procure uma forma de como pagar. E enquanto eles consertam, vá
andando de ônibus ou metrô.
Sua irmã disse-lhes: Irmã, eu vim passar
alguns meses com vocês.
Minha mãe respondeu: Está bem. Acomode-se no
sofá da sala, e procure alguns cobertores no armário.
Nos reunimos na casa dela preocupados, encabulados
em ver essas suas reações. Nos propusemos então fazer um "questionamento"
a ela para afastar qualquer possibilidade de reação que fosse provocada por
alguma medicação 'anti-birras'.
A nossa surpresa foi imensa, quando a minha
mãe nos explicou: "Demorou muito tempo para perceber que cada um é
responsável por sua vida. Levei anos descobrindo que minha angústia, minha
mortificação, minha depressão, minha coragem, minha insônia e meu estresse não
resolveriam os vossos problemas. Mas, sim, exacerbaram os meus. Eu não sou
responsável pelas ações dos outros. Eu sou responsável pelas reações de como eu
me expresso perante elas. Portanto, cheguei à conclusão que o meu dever para
comigo mesmo é manter a calma, e deixar que cada um resolva suas pendências da
forma que lhe convier. Vocês têm todos os recursos necessários para resolver
suas próprias vidas. Eu só posso dar meu conselho se por acaso me pedirem. E
cabe a vocês decidirem segui-lo ou não. Então, de hoje em diante, parei de ser
a receptáculo de suas responsabilidades, a carregadora de suas culpas, a
lavanderia dos seus remorsos, a advogada de seus defeitos, o Muro das
Lamentações, a depositária das suas frustrações, que resolve seus problemas ou
sua tábua de salvação para conta de vossos desafios. De agora em diante, eu os
declaro todos adultos, independentes e auto-suficientes.”
Todos na casa da minha mãe permaneceram em
silêncio.
Desde aquele dia, a família começou a
funcionar melhor porque todo mundo em casa sabe exatamente o que lhe cabe fazer.
Por UMA MULHER FELIZ