O poder da comunicação é incontestável, pois,
por ele, pessoas comuns se projetaram, encantaram multidões e entraram para a
história. Ninguém fica imune a um bom orador, que, além de atrair a atenção, por
vezes seduz e convence.
Desde muito jovem ficava fascinado pelos
grandes oradores, quer na política, nas artes, na filosofia, na religião ou no
Direito. Decidi estudar a arte da oratória e tentar aprender um pouco sobre
essa forma de interagir com o semelhante.
Superando a timidez e criando coragem, resolvi
falar em público pela primeira vez e foi frustrante. Naquele dia tive a certeza
que eu não nasci para falar em público.
Aos poucos pude aprender, sepultando alguns
mitos, que falar em público não é dádiva, mas um eterno aprendizado de técnicas
que precisam ser conhecidas e dominadas.
Erra quem ainda acredita que o orador já
nasce vocacionado, pois ninguém nasce pronto para nada e a jornada da vida é
que nos conduz a realizar algo pelo qual nos interessamos.
Evidente que para algumas profissões, a oratória
mostra-se indispensável, e o grau de seu desenvolvimento depende de cada um.
Meu interesse impulsionou-me ao contato com
os livros de oratória e o salutar convívio com alguns professores dessa arte, o
que me valeu a certeza de que, para falar bem, é preciso ter 10% de inspiração
e 90% de transpiração. Vale dizer: o treinamento incansável definirá quem será
um bom orador.
A comprovação disso reside no fato de que
alguns ícones do esporte treinam muito mais que seus pares, o que os leva a se
destacar, mercê do empenho e dedicação desigual, obstinados que são, incansáveis
na busca de seu aperfeiçoamento.
Podemos citar, dentre tantos, Pelé (rei de
futebol), Oscar (mão santa), Ayrton Senna (campeão automobilístico), isso para
ficar só na área esportiva, demonstrando que o treinamento faz toda diferença. Na
oratória não é diferente.
Sabendo que o fator determinante não é a
hereditariedade, assim, para ser um bom orador é preciso treinar muito, todavia,
o domínio de técnicas seculares, são decisivos para os resultados esperados.
Essas técnicas são de fácil absorção, até
porque muitas delas são óbvias e de conhecimento geral e precisam de permanente
atenção do orador.
Por tais motivos, outros atributos não são
decisivos para que alguém se torne um orador. O tipo de voz pouco importa, desde
que se saiba empostá-la e dela se utilizando com técnica. Também a expressão
corporal é obtida mediante dicas que alteram a imagem que o público faz do
orador.
Diante disso, vê-se que a mensagem ganha
maior importância e outro caminho não há, senão dominar o tema sobre o qual irá
falar. Dominar o idioma e ampliar o universo de palavras depende de muita
leitura, pois só assim alguém obterá a riqueza de vocabulário, para transmitir
uma mensagem clara e compreensível.
Mas creio que o segredo maior reside no
aspecto de como o orador profere suas palavras e a qual parte do corpo do
ouvinte elas são dirigidas. Explico. Se o orador falar com a boca, dirigindo
sua mensagem aos ouvidos do semelhante, até poderá se comunicar, mas jamais
convencerá ou encantará.
Dessa forma, a magia reside em falar com o
coração, dirigindo-se ao coração do ouvinte. Assim, além de dominar o tema, há
que se acreditar no que diz, pois dessa forma a emoção naturalmente decorrerá, com
reais possibilidades de convencer e encantar.
Após estas breves ponderações fica a certeza
de que qualquer pessoa poderá se tornar um bom orador, tudo dependerá, exclusivamente,
dela mesma, quando descobrir que a comunicação é uma coisa e a oratória é outra
bem mais eficaz, talvez, o maior exercício de poder já experimentado pelo ser
humano.
Por Luiz Flávio Borges D'Urso
Fonte Canal Ciências Criminais