A
cada ano, alguns milhões de pessoas iniciam o projeto concurso público. E outro
tanto desiste, sem atingir o objetivo. Por quê?
Os
fatores que contribuem para isso são, em sua grande maioria, previsíveis, mas
nem sempre evitáveis. Se o candidato tiver ciência do que vai precisar
enfrentar, talvez possa lidar melhor com as dificuldades, quando surgirem. Confira
as principais causas do desânimo que atinge os interessados em um cargo
público:
1 - Ingenuidade quando se inicia o projeto
A
aprovação nem sempre vem com a primeira oportunidade. Ou melhor: raramente vem.
Concurso público é um projeto de médio ou longo prazo. Quem não se prepara para
isso é derrubado na primeira frustração.
2 - Cansaço extremo
Correr
uma maratona é algo absolutamente extenuante. Assim é a preparação para as
provas. No início, parece simples e possível. A pessoa está empolgada com o
projeto e se sente cheia de energia. Com o passar dos meses, a empolgação
começa a perder força na mesma medida em que o corpo e a mente reclamam do
cansaço. Tudo em que se pensa é parar.
Curioso
é que, tanto na maratona quanto nos concursos, se a pessoa vencer essa etapa,
entra num ponto de conforto que a faz seguir em frente indefinidamente. Quem
corre já experimentou essa sensação: rompida a barreira em que parece
impossível dar mais um passo, tudo se estabiliza e as pernas poderiam correr
para sempre.
Mas
só sente isso quem já correu muito. Nos concursos, só quem está estudando há
muito tempo sente tanto cansaço. E nesse momento é importante lembrar que já
foi trilhada a maior parte do caminho. O que significa que a chegada está
próxima.
3 - Pressão de familiares
Quem
começa a estudar para concurso costuma enfrentar duas situações com a família e
amigos: ou eles estão muito motivados e torcendo pelo candidato, ou não
acreditam muito, acham bobagem e pensam que, em breve, a pessoa vai desistir e
“voltar ao normal”.
Nos
dois casos, as pessoas não envolvidas com o projeto acreditam que tudo será
resolvido em pouco tempo, no máximo um ano (se tanto). Quando isso não
acontece, ficam muito aborrecidas e podem fazer acusações e cobranças. O
candidato corre o risco de ouvir de pessoas próximas que já deveria ter sido
aprovado (o que causa uma profunda sensação de incompetência) ou que seria
melhor desistir. Quando há investimento financeiro por parte dessas pessoas, a
situação pode ficar pior ainda.
Normalmente,
quem tem vínculo afetivo com o candidato se ressente da falta de
disponibilidade dele e dos momentos de convivência e anseia pela solução disso,
que só viria com a aprovação ou mesmo com a desistência. Por isso, pressionam –
e nem sempre de forma muito elegante.
Cabe
ao candidato aceitar que é muito difícil para quem está de fora entender a
dinâmica do projeto. Nós sabemos que a aprovação demora alguns meses ou anos, e
que isso não significa que ela não será alcançada.
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4 - Falta de dinheiro
Campeã
de justificativa – e, infelizmente, a mais difícil de superar – é a questão
financeira. Chega uma hora em que o dinheiro acaba e o candidato começa a
responsabilizar as despesas com os estudos pela situação. Afinal, são
investimentos com cursos, livros, transporte, inscrições em concursos. Tudo
isso é agravado no caso dos candidatos que não estão trabalhando e optaram por
dedicar-se exclusivamente à preparação.
Mas
é possível encontrar alternativas para continuar estudando. Há uma grande
oferta de cursos que podem ser pagos em parcelas, há materiais gratuitos na
internet e, ainda, a opção de dividir a compra de livros com um grupo de
amigos, que podem se revezar nas leituras.
Em
alguns casos, algum parente pode “investir” no candidato e custear os estudos.
Projetos de sucesso têm grandes chances de encontrar “patrocinadores”.
De
todo modo, é preciso querer de verdade. Buscar em vez de lamentar. Ser
criativo. Saber pedir e aceitar ajuda. E lembrar que a falta de dinheiro já
estava lá antes. O projeto concurso público começa justamente para a conquista
de um trabalho seguro e bem remunerado.
5 - Vergonha por reprovações
No
decorrer da nossa vida escolar, somos acostumados a encarar reprovações como
fracassos. O mesmo acontece quando vamos a uma entrevista de emprego. No
entanto, projetos grandiosos implicam uma longa caminhada e algumas correções
de rumo.
Assim
foi com grandes inventores, que não tinham o caminho preestabelecido.
Explodiram coisas, obtiveram resultados absolutamente diferentes do esperado (o
que, muitas vezes, resultou em excelentes descobertas) e precisaram repetir
experimentos dezenas, centenas de vezes até que funcionassem a contento.
O
mesmo se deu com pintores, escritores, atores e tantos outros talentos que
ficaram famosos e foram reconhecidos, mas que, inicialmente, receberam críticas
ou tiveram os trabalhos rejeitados.
Assim
é com os candidatos. Os tropeços na vida de quem está em busca de algo, alguém
que deixou o seu espaço de acomodação e se lançou no desconhecido para
conquistar uma vida melhor, são apenas ajustes necessários para o sucesso da
empreitada.
6 - Insegurança
De
forma geral, o que observo é que o candidato só desiste quando duvida que seja
capaz. Aí todos os motivos anteriores ganham força e tornam-se a justificativa
perfeita. Infelizmente, é difícil lembrar nesse momento que os anos passarão e
a vida continuará do mesmo jeito.
Quem
tem certeza (ou quase) de que a vitória está ali adiante segue em frente, haja
o que houver. E transforma a própria vida.
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deseja ser aprovado em concurso público, mas se sente perdido e não sabe nem
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concurso.
Por
Lia Salgado
Fonte
G1