Perguntar sobre o
salário logo na primeira entrevista de emprego pode demonstrar que o foco do
profissional é apenas na remuneração, por isso especialistas recomendam cautela
Durante a entrevista de emprego, sempre há o
momento em que o recrutador abre espaço para que o candidato tire dúvidas e faça
perguntas sobre a oportunidade profissional. O objetivo é que, a partir das
informações coletadas, o profissional tenha como tomar uma decisão mais
assertiva em relação à mudança de emprego.
Expectativa em relação ao que se espera de
quem ocupar o cargo, informações sobre cultura da empresa e maneira de gestão
do novo chefe. Tudo isso pode e deve ser discutido com o entrevistador, no
momento em que ele se coloca à disposição do candidato para responder perguntas.
Mas, se estes são os itens que devem ser
discutidos durante a entrevista de emprego, quais são as perguntas que o
candidato deve evitar na primeira conversa com o recrutador?
Pensando nisso EXAME.com consultou dois
especialistas em recrutamento para descobrir quais as questões que podem “queimar
o filme” dos candidatos, no início de processos seletivos. Confira quais são e por
quais motivos devem ser evitadas:
1 O que a empresa
faz?
Com esta pergunta, o profissional passa um
atestado de total despreparo para encarar uma entrevista de emprego. “Demostra
que ele não fez a lição de casa que é pesquisar sobre a empresa”, diz Fernando
Paiva, consultor da Hays.
Pode parecer, no mínimo, estranho, que uma
pessoa chegue para uma conversa com o recrutador sem ao menos saber qual é atividade
principal da empresa, mas, segundo Paiva, isso é comum. “Acontece muito”, diz o
especialista.
Por isso, ele indica que, assim que for
chamado para uma entrevista, o profissional entre no site da empresa, pesquise
reportagens, verifique quais são os concorrentes e estude um pouco sobre o
mercado em que a companhia está inserida. “Para qualquer posição, mesmo que não
vá atuar diretamente no negócio, tem que chegar com algum conhecimento prévio”,
indica.
2 Existe
flexibilidade no horário de trabalho?
Um horário de trabalho flexível é o melhor
dos mundos, mas, muitas vezes, é preciso ter tempo de “casa” para conquistá-lo.
Por isso, o melhor a se fazer é não tocar no assunto neste primeiro momento. “A
empresa pode pensar que você tem dificuldade em cumprir horários e, em consequência,
pode ter problemas para cumprir com suas responsabilidades”, diz Fabiane
Cardoso, coordenadora de qualidade da Adecco.
3 Quais os valores
do salário e do bônus?
É claro que a remuneração pesa bastante na
hora de decidir mudar de emprego. No entanto, o candidato deve tomar cuidado
para não fazer esta pergunta logo de cara e passar a impressão de que está fazendo
uma movimentação de carreira baseada apenas no salário, na opinião dos
especialistas.
“As perguntas em relação à remuneração,
principalmente nas primeiras etapas do processo seletivo, não pegam bem”, diz
Paiva. De acordo com ele, este tipo de pergunta demonstra que o foco é a
remuneração e não o projeto em si e os desafios do cargo.
“Se na sua primeira entrevista de emprego, o
entrevistador falar de salário, ou o questionar acerca do vencimento que deseja
receber, tente primeiro ouvir o que a empresa tem para lhe oferecer e apenas
depois falar”, diz Fabiane.
A especialista também concorda que, se o
valor da remuneração não vier à tona no primeiro encontro com o recrutador, é melhor
esperar um pouco. “Se a empresa não tocar neste assunto não o leve no primeiro
contato, pois na hora certa do processo irão lhe abordar com este tema”,
explica.
4 Quais os benefícios
que eu vou ter?
Plano de saúde, previdência privada
complementar, plano odontológico. Estas questões também não cabem durante as
primeiras etapas do processo seletivo, na opinião de Paiva.
“Este assunto é tratado com a área de
Recursos Humanos da empresa, e, muitas vezes, o candidato está sendo
entrevistado por um gestor ou diretor e ele não responder isso”, explica. A
dica é verificar quem é o seu entrevistador, antes de fazer perguntas em relação
aos benefícios, segundo Paiva. Nesses
casos, esperar avançar no processo seletivo para depois tirar dúvidas em relação
ao pacote de benefícios é o melhor a ser feito.
5 A partir de quando
poderei tirar férias?
Você nem começou a trabalhar e já está de
olho nas férias. Se o recrutador tirar esta conclusão sobre você é certo que
perderá pontos com ele e suas chances de garantir a oportunidade podem cair por
terra.
“É outro ponto que não pega bem por remeter
mais uma vez a um benefício”, diz Paiva. Ao contratar um profissional, explica
Paiva, a expectativa da empresa é que ele traga resultados positivos e uma
pergunta deste calibre está totalmente descolada deste contexto.
6 Se eu tiver que
fazer hora extra, vou receber por isso?
Segundo Paiva, não há problema em perguntar
com que frequência é necessário ficar algumas horas a mais no escritório. Mas,
levar a conversa para o lado financeiro logo no primeiro encontro com o
recrutador pode ser um tiro no pé. “Não é interessante porque, mais uma vez,
demonstra que ele está focado no dinheiro”, diz o especialista.
Por Camila Pati
Fonte Exame.com