Com
o advento da internet e a popularização dos computadores pessoais e
smartphones, deu-se o ponto de partida para o surgimento do cibridismo,
característica marcante do século XXI. O termo ciber (Digital) + híbrido
(Mistura) designa a fusão dos mundos físico e virtual, que só é possível com
ajuda da tecnologia – via internet, computadores e inovações digitais. Em certo
sentido, podemos dizer que não existe mais somente uma realidade para cada
pessoa, pois o mundo físico (offline ou desconectado) se funde com o virtual
(online ou conectado) na sociedade contemporânea, criando essa nova realidade
híbrida.
Tal
fenômeno impacta de modo contundente, especialmente a vida de crianças e
jovens. Ambos são chamados de nativos digitais, já que nasceram em um mundo
mergulhado em tecnologia, convivendo intensamente no mundo virtual com
familiares, amigos e membros de sua comunidade.
Como
nessa faixa etária a escola ocupa um lugar central em suas vidas, esse espaço
tem um importante papel no processo de desenvolvimento psicossocial,
reverberando no cyberespaço vários aspectos do âmbito escolar, em especial a
violência. Na maioria dos casos, essa é a matriz geradora do chamado
cyberbullying, termo de origem inglesa composto pelas palavras cyber e
bullying, tendo bully um significado próximo ao nosso “valentão”, originado de
Bull (touro),na sua designação literal.
Episódios
de violência, sofrimento e humilhação no âmbito escolar caracterizam o
bullying, revestindo-se de um componente ainda mais perturbador no contexto do
cyberbullying, modalidade de agressão no mundo virtual. Quando há um episódio
qualquer de violência no mundo real (seja ele caracterizado ou não como bullying),
os agressores são facilmente identificados e confrontados na escola, como em
qualquer outro lugar, pois os envolvidos são pessoas físicas, identificáveis e
conhecidas.
Já
no caso da “perturbação online”, a situação é muito mais complexa. A
identificação dos agressores é bem mais difícil, pois seu autor pode criar um
perfil falso em um blog, Twitter ou Facebook, tornando seu combate mais
complexo e perturbador.
Segundo
especialistas, acrescente escalada do cyberbullying está ligada a uma cultura
individualista e competitiva, que marca o advento da sociedade contemporânea. O
combate desse fenômeno será tão mais exitoso quanto maior for a interferência
dos variados protagonistas do espaço escolar: pais, professores, gestores e
comunidade.
Por
isso, defendo o estímulo à convivência com o diferente e a construção de
práticas solidárias, por meio do exercício da cidadania, de atividades
esportivas e manifestações artísticas, como teatro, dança e sarau de poesias,
entre outras. Elas colaboram para fortalecer a solidariedade e o respeito
mútuo, criando condições para reduziras práticas de cyberbullying e minorar
seus impactos.
A
tarefa dos pais também é gigantesca: criar laços de proximidade na vida dos
filhos que não se restrinjam ao mundo físico. Isso, além de acompanhar de perto
o mundo virtual deles por meio de diálogo, convívio e cumplicidade,
protegendo-os de ameaças virtuais da mesma forma como se preocupam com sua
integridade física.
Por
Claudio Paris
Fonte
Última Instância