Resumir
a trajetória profissional e acadêmica, explicar o motivo de uma ou mais
demissões, justificar pontos fortes e, claro, citar fraquezas. Não são raros os
momentos de uma entrevista de emprego que podem trazer uma carga maior de
desconforto e ansiedade à conversa.
Some-se
a isso o fato de haver milhões de desempregados no Brasil e, muitos
disponíveis há bastante tempo no mercado de trabalho, para que o clima fique
ainda mais pesado na sala de entrevista.
Renata
Fillipi, headhunter da STATO, está acostumada a ver candidatos se enrolarem
especialmente na hora de tratar de cinco aspectos. Confira como desfazer os
possíveis nós:
1. Explicar o motivo de uma demissão
A
luz vermelha acende quando a razão desaparece isso pode acontecer na hora de
explicar que a incompatibilidade de relacionamento causou a saída de um emprego
anterior, por exemplo. “Na hora de falar sobre isso, a gente percebe se o
assunto não tiver sedimentado e digerido pelo profissional”, diz.
Seja
verdadeiro e pontual na hora de explicar. “Sem se estender muito”, indica
Renata. E lembre-se seu discurso certamente será checado. Para um executivo,
uma atitude bem melhor do que criticar o ex-chefe é adotar uma postura mais
prática e pontuar que havia diferença na maneira de pensar, segundo a
headhunter.
2. Falar sobre pontos fracos
Quando
está cara a cara com um candidato e quer investigar em que ele precisa se
desenvolver, Renata pergunta quais são os feedbacks que ele recebeu em
avaliações de desempenho formais e também informais.
Ela
quer verificar se o profissional está ciente de quem é, ou seja, se ele tem
autoconhecimento. Respostas vagas e batidas sugerem justamente o contrário, mas
exagero na sinceridade e emoção em demasia atrapalham bastante.
“Tem
gente que começa a falar e vai trazendo questões emocionais e aquele tema vai
ficando maior ainda e a pessoa se atrapalha”, diz Renata. A pessoa deve mostrar
pontos que está focada em desenvolver e contar o que está fazendo para chegar
lá, segundo a headhunter. Dessa forma, não fica a sensação de que a fraqueza é
um “peso”.
Por
exemplo: uma pessoa que tenha a comunicação como ponto de atenção pode dizer
que era prolixa e está trabalhando a assertividade.
O
essencial é mostrar que o problema está sendo superado e que isso não vai
influenciar negativamente no dia a dia de trabalho.
3. Elencar competências
“Muitas
pessoas se atrapalham quando vão falar de si”, diz Renata. Mais frequentemente
ela vê candidatos se enrolarem na hora de usar casos reais para comprovar
competências profissionais, um pedido comum de recrutadores durante a
entrevista.
Vai
bem quem consegue trazer resultados concretos da sua boa atuação profissional.
“Quanto mais souber números, melhor”, diz Renata.
Podem
ser vários pontos mensuráveis dependendo da área de atuação, segundo a
especialista. Exemplos: aumento da eficiência operacional, lançamento de novos
produtos, aumento de engajamento ou satisfação, redução de rotatividade. Saiba
o que a empresa ganha, de fato, com a sua contratação.
4. Indicar quem possa dar referências
“A
pior coisa que a gente pode ouvir ao ligar para alguém indicado como referência
é que não há nada que o desabone”, diz Renata.
A
falta de entusiasmo de alguém na hora de falar sobre um ex-colega ou
ex-subordinado tem impacto negativo na avaliação feita pelo recrutador. É que
dificilmente alguém fala mal nesse momento, então a falta de motivação para
elogiar tem peso considerável.
Para
não correr esse risco, pense em quem tem coisas positivas para falar, aconselha
a headhunter. “Avise antes, pergunte se pode dar o nome como referência”, diz.
5. Salário
“O
candidato não deveria trazer o assunto da remuneração para entrevista de emprego,
mas acontece muito. É negativo”, diz Renata. De acordo com ela, a negociação
salarial deve ser feita depois que o candidato foi escolhido e no momento em
que o entrevistador trouxer o tema à tona. Surpresas desagradáveis são um risco
a se correr, em sua opinião.
É
interessante, porém, que o entrevistador saiba em algum momento quanto o
candidato ganha ou ganhava em seu último emprego, ainda que ele não pergunte.
Para quem está trabalhando e não pode ficar saindo para fazer várias
entrevistas também é possível tentar introduzir o tema de forma sutil e mais
elegante.
“Ele
pode dizer, por exemplo, que está em um momento interessante na empresa e para
mudar de emprego seria necessário haver incremento de responsabilidade, que não
o interessa movimentação lateral”, diz Renata.
Vontade
ter mais responsabilidade ou escopo de atuação mais amplo também são jeitos de
provocar a entrada do tema na conversa, segundo a especialista.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com