Falar sozinho ajuda a organizar pensamentos e encontra
soluções
Falar
sozinho não é “coisa de maluco”. Pelo contrário: conversar consigo mesmo, em
voz alta ou em papos internos, pode ajudar na resolução de problemas, na
organização mental e até a aplacar a solidão. O hábito, que pode ser para
ensaiar um dialogo difícil ou externalizar sentimentos, é indicado por
especialistas.
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Ao falar sozinho, passa-se a ouvir o que se disse, usando os dois hemisférios
do cérebro, ativando seu funcionamento completo. Isso organiza o pensamento,
ajuda a achar respostas para o que não estava tão claro. Mas para que o cérebro
todo funcione, não é só quando está pensando. A ideia é falar — explica o
psiquiatra Kalil Duailibi, da Associação Paulista de Medicina.
Ele
sugere ainda que quem tem esse hábito grave sua fala e volte a ouvi-la, para revisitar
suas questões e resolvê-las, caso ainda não tenham sido.
Para
a psicoterapeuta Aline Vilhena Lisboa, falar sozinho tem mais aspectos
positivos do que sofrimento. Ela chama atenção para um benefício ligado aos
sentimentos e emoções para quem costuma bater um papo a sós.
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Do ponto de vista afetivo, conversar consigo mesmo é uma maneira de criar um
pacto contra a solidão. É uma forma de aprender a expressar afetos. Não é só
organizar pensamento — observa ela.
Exagero pode ser dificuldade de se relacionar
A
psicóloga Aline lembra que, às vezes, as pessoas deixam de falar algo que
gostariam em determinada ocasião e recorrem a conversas consigo mesmo para
experimentar como seria em outra oportunidade. Mas atenção aos sinais: falar
sozinho demais pode indicar dificuldade de se relacionar.
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Ajuda a se expressar e a acalmar a frustração. Mas, por outro lado, o problema,
é quando isso se torna a única forma da pessoa se comunicar. Ela vai se
enclausurando e prefere falar com ela mesma do que com o outro — analisa a
psicóloga.
Além
disso, há a chamada síndrome do pensamento acelerado, que é quando não se
consegue descansar a mente. Falar sozinho seria, então, uma forma de escoar
essa quantidade excessiva de pensamentos.
O
psiquiatra Kalil ressalta ainda que não se pode confundir com aqueles que ouvem
vozes internas, o que caracterizaria quadros psicóticos.
Por Ana Paula Blower
Fonte
Extra - O Globo Online