Mesmo quem não tem a menor paciência para happy hours
precisa investir em relacionamentos profissionais. Mas calma: não é tão difícil
quanto parece
Você
acha difícil puxar conversa com estranhos? Detesta manter diálogos superficiais
com (semi)desconhecidos? Tem preguiça de participar de happy hours, churrascos
e outros eventos sociais com colegas de profissão?
Se
esse é o seu caso, aí vai uma má notícia: “fazer social” faz, sim, toda a
diferença para construir uma carreira de sucesso.
Você
sempre precisará dos outros para escalar posições hierárquicas, conseguir um
novo emprego, fazer política na empresa ou simplesmente para ter uma rotina
mais divertida no trabalho.
Para
ter um bom networking, principalmente, será inevitável enfrentar situações
sociais dos mais variados tipos — do “coffee break” de um mega evento
corporativo à roda de conversa no bar mais perto do seu escritório.
Nessa
seara, os introvertidos realmente saem perdendo. “Profissionais mais expansivos
e sociáveis têm muito mais facilidade para vender o próprio peixe, conhecer
pessoas novas e manter sua rede de contatos ativa”, diz Emerson Dias, coach e
consultor de carreira.
Dito
isso, é importante lembrar que a quantidade de contatos importa menos do que a
qualidade. E fazer networking não é apenas trocar sorrisos, falar sobre
amenidades e contar piadas numa rodinha. Trata-se de um relacionamento de longo
prazo, que exige seriedade, profundidade e dedicação.
Segundo
Maurício Cardoso, um dos fundadores do Clube do Networking, facilidade para
“fazer social” é importante, mas não basta. Afinal, os envolvidos na relação
têm um objetivo a longo prazo: ajudar-se mutuamente em termos profissionais.
“Você
não pode ser só ‘simpático’, precisa ser capaz de prestar atenção no outro, ter
disponibilidade para ajudá-lo sem pedir nada em troca e falar com franqueza
sobre aquilo de que precisa e aquilo que pode oferecer”, explica ele.
Uma
saída para os mais introvertidos é enxergar o networking como um esporte, isto
é, uma atividade com objetivos bem definidos que exige prática para o
aperfeiçoamento. Vale uma analogia bem brasileira: enquanto fazer networking é
jogar futebol, “fazer social” é correr atrás da bola — um esforço cansativo,
porém necessário para o jogo.
A
boa notícia é que mesmo o sedentário pode descobrir que adora fazer gols.
Quando você reconhece o propósito e a recompensa de fazer contatos
profissionais, a atividade pode se revelar extremamente estimulante.
Que
tal começar agora? A seguir, especialistas no assunto dão 5 dicas que facilitam
a vida dos introvertidos quando o assunto é networking. Confira:
1. Escolha modelos de interação confortáveis para você
Cardoso
explica que muitos profissionais que não gostam de “fazer social” simplesmente
não apreciam eventos tradicionais, como festas e churrascos. Mas esses não são
os únicos modelos de convívio existentes. “Imagine um introvertido que ideia
happy hour, mas adora esporte”, diz o especialista. “Em vez de ir ao bar no fim
do expediente, ele pode convidar colegas do escritório para uma partida de
futebol, por exemplo, e assim desenvolver relacionamentos”.
O
autoconhecimento é fundamental para descobrir as suas preferências, e também
para identificar os seus “gatilhos” de irritação em situações sociais. O que
causa mais incômodo e por quê? O que é capaz de aliviar esse mal-estar?
Reflexões como essas ajudarão você a saber que tipos de interação funcionam
melhor para o seu perfil.
2. Esteja sempre adiantado
Vai
a um evento profissional? A dica dos especialistas para os introvertidos é
chegar o mais cedo possível. “Se aparecer tarde, todo mundo já vai estar
interagindo e será mais difícil entrar nas rodinhas”, afirma Dias. “Se chegar
com antecedência, ainda haverá poucos presentes e será mais fácil se aproximar
deles”.
Para
puxar assunto com essas pessoas, a melhor alternativa é falar sobre assuntos
que você conhece bem. Isso, aliás, também vale para a hora de escolher os
eventos que você irá frequentar: opte sempre por aqueles que tratam de assuntos
que você já domina. Assim, você se sentirá mais seguro para expor suas opiniões
e terá menos dificuldade para encontrar o que dizer.
3. Tenha um extrovertido como aliado
Contar
com intermediários facilita muito a vida de quem tem dificuldade para iniciar
contatos. De preferência, diz Cardoso, é interessante buscar um parceiro com
perfil expansivo, que facilite as primeiras interações entre você e os demais
em uma festa ou evento.
Além
de trazer mais segurança no contato com o grupo, o amigo ao seu lado pode fazer
a ponte entre você e um contato interessante. O recurso das apresentações é
necessário até para os próprios extrovertidos, e é um dos pilares do
networking.
4. Tenha boas perguntas na manga
Uma
regra geral do networking que os introvertidos têm mais facilidade para
executar do que os extrovertidos é a seguinte: fale menos e ouça mais. A
capacidade de escutar atentamente o que o outro está dizendo é fundamental para
conquistar sua confiança e simpatia.
Ter
ouvidos disponíveis é uma competência ainda mais útil se você também é capaz de
pontuar a conversa com boas perguntas. “Tenha meia dúzia de perguntas ‘de
bolso’ que quebram o gelo com desconhecidos”, orienta Dias. “Você pode
repeti-las sempre que conhecer uma pessoa nova”.
5. Não finja ser extrovertido
A
última dica é ser fiel à sua própria natureza: você não precisa (e nem deve)
simular um comportamento que não é seu. Além de não funcionar, tentar parecer
sociável pode gerar uma sensação de artificialidade e até gerar desconfiança.
“Vá
aos poucos, faça movimentos suaves de aproximação, respeite os seus próprios
limites e sempre mantenha a empatia”, diz Cardoso. No jogo do networking,
autenticidade vale muito mais pontos do que uma centena de sorrisos falsos.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Ecame.com