Fazer uma avaliação
de seu estudo. De maneira geral, o problema está relacionado ao uso do tempo.
Muitos candidatos enfrentam o drama que fazem muitos concursos públicos e ainda não conseguiu ser aprovado em
nenhum. Todos sabem que o projeto requer persistência.
Aprender os conteúdos e saber fazer as provas não acontece de uma hora para
outra. Mesmo no caso de concursos mais complexos, uma pessoa que estuda
corretamente pode levar anos para conseguir a aprovação, mas não muitos. Quando
a fila anda e a sua vez não chega, é preciso ter bom senso: você está mesmo
evoluindo? Consegue avaliar o que está dando certo e errado na preparação?
De maneira geral, o problema está relacionado
ao uso do tempo. A relação custo-benefício tem de ser muito bem cuidada, para
que o candidato não fique patinando, em vez de caminhar para a linha de chegada.
Veja a seguir os motivos que podem impedir a aprovação.
1) Falta de foco na
hora de estudar
Sem uma rotina, o rendimento fica
prejudicado. É preciso ter foco para cumprir o plano de estudos. Desligue a
televisão e o computador, e coloque o celular no modo silencioso. Se alguém
telefonar, evite atender ou diga que retorna depois. Aos poucos, você se
acostuma – e os outros também.
Se acontecer algo inadiável que atrase o início
do estudo, não deixe para começar no dia seguinte. Comece atrasado mesmo. Se
for possível repor o horário perdido, ótimo. Senão, faça um turno menor, mas
estude. Resumindo: decida, planeje e cumpra "cegamente". Não deixe os
estudos para daqui a pouco ou para amanhã.
2) Questionamentos
eternos
A internet é uma excelente fonte de informações,
se bem utilizada. Mas há candidatos que se perdem, buscando o material
perfeito, a técnica perfeita de estudo, o link “fantástico” com dicas. Isso
ocupa um tempo enorme e alimenta a sensação de que sempre falta alguma coisa.
É preferível qualquer estudo, mesmo que não
seja com o material perfeito ou com o método perfeito (que, aliás, não existem),
do que estudo nenhum.
3) Falta de
objetividade
Tem gente que quer aprofundar demais os
conteúdos, desde o início, porque nunca acredita que aprendeu o suficiente. Também
procura deduzir todas as fórmulas e conhecer a origem dos conceitos. Assim,
perde-se em uma infinidade de materiais ou em resumos intermináveis. O estudo não
avança e a pessoa nunca chega a saber o mais importante de todas as disciplinas.
Não estou dizendo que basta decorar as
informações. Já foi o tempo em que as provas exigiam somente boa memória. No
entanto, não é preciso saber tudo de tudo para ser aprovado. Concurso público não
é tese de mestrado ou doutorado, não é pesquisa. Na prova, o importante é marcar
a opção certa. Para isso, basta saber bem os principais conteúdos. Aprofundar é
algo que vem com o tempo, numa etapa posterior da preparação, e não no início.
4) Ficar preso em “nós”
no conteúdo
Pode acontecer de um assunto isolado ser tão
difícil de compreender que é melhor simplesmente deixar para lá. Não adianta
gastar um tempo enorme tentando entender um ponto muito difícil, desde que não
seja base para a compreensão do que vem a seguir. No futuro, talvez seja possível
desatar aquele nó específico.
5) Problemas no
ritmo de estudos
Eu gosto da analogia da preparação para
concurso com a maratona. E sempre digo que é preciso iniciar devagar e manter
um ritmo equilibrado e contínuo. Mas há dois aspectos aí que precisam ser
cuidados. O ritmo muito lento é aceitável no início, enquanto o candidato se
adapta à nova rotina, organiza a vida e trava os primeiros contatos com as matérias.
Depois de algum tempo, é importante que o estudo “ganhe corpo”, ou seja, que o
ritmo fique mais forte, para que os resultados possam ser percebidos. Isso gera
uma reação positiva, e realimenta a motivação para manter ou até intensificar (se
for possível) o passo.
O inverso pode causar desânimo, porque a
pessoa se esforça, mas nunca chega a perceber resultado no seu patamar de
conhecimento. E esforço sem resultado leva à decepção. Daí para a desistência é
um pulo.
6) Não acelerar no
final
Mesmo depois de construído um ritmo forte de
estudo, é preciso saber ainda apertar a tecla “turbo” quando sai um bom edital.
Nesse momento, pode ser preciso um ritmo fortíssimo de estudo, abrindo mão de
quase tudo o que não seja estudo (mas preservando a saúde).
Isso porque há alguma novidade no edital e,
por mais bem preparado que o candidato esteja, será necessário fazer ajustes
finais. E, no mínimo, revisar tudo o que já sabe durante as poucas semanas até o
dia da prova.
7) Não saber quando
fazer as provas
Não adianta querer fazer uma prova antes de
ter visto minimamente os conteúdos que serão cobrados. Nesse caso, os dois
meses entre o edital e a prova que o candidato vai usar estudando matérias
específicas para aquele concurso (com pouquíssimas chances de aprovação) poderiam
ser aproveitados para estudar melhor as disciplinas básicas e ter chances
maiores no concurso seguinte.
Por outro lado, há pessoas que se preparam
com bastante antecedência, mas quando sai um bom edital passam sempre por algum
problema e abandonam o estudo por um tempo. O problema é real, claro, mas não
seria impedimento suficiente para a pessoa desistir do projeto. Isso dá a
impressão de ser autossabotagem, por medo de lidar com a possibilidade de
fracasso (ou de sucesso também).
8) Trocar
constantemente de área
Como as pessoas são diferentes, há o inverso:
aqueles que querem fazer todas as provas e trocam de foco o tempo todo. Com
isso, não investem todos os esforços numa só área nem aproveitam o conhecimento
de um concurso para outro. Do mesmo jeito, não são aprovados.
9) Dificuldades para
fazer prova
Tem gente que sabe muito, mas não consegue
ter um bom aproveitamento na hora da prova. Pode ser por fatores emocionais,
falta de estratégia de distribuição de tempo ou de atenção aos enunciados. Alguns
candidatos tentam a sorte sem nunca ter resolvido em casa uma prova da mesma
banca para conhecer o estilo de questões. Qualquer que seja o motivo, há solução.
É preciso identificar a causa para poder aparar a aresta.
Há ainda quem vai para a prova querendo “brigar”
com a banca. Normalmente, são candidatos que têm bom conhecimento, mas gastam
suas forças querendo provar que a banca examinadora está errada, que as questões
foram mal formuladas. É possível até que tenham razão, mas a melhor conduta, no
caso, é tentar entrar na lógica do examinador e marcar a resposta de acordo com
o gabarito. Só isso levará à aprovação. Qualquer coisa diferente disso é vaidade
infrutífera.
10) Falta de avaliação
sobre o desempenho
O resultado de uma prova, mesmo quando não
garante a aprovação, é muito importante para o projeto. Avaliar corretamente a
pontuação, vendo em quais disciplinas você foi bem e em quais não foi – e o
porquê –, oferece um rico indicador para a correção da estratégia.
Para muitos candidatos existe a ilusão de
que acertar algo em torno de 50% e 60% é um bom resultado e que, com um pouco
mais de estudo, a aprovação estará garantida. Na verdade, esse percentual de
acerto é um resultado que se pode conseguir mesmo sem estudo algum, uma questão
de probabilidade. Ou seja, falta praticamente tudo. Não digo isso para
desanimar o candidato, mas para que ele possa ter senso de realidade e
construir metas concretas para atingir o objetivo desejado. Sem isso, a aprovação
não chegará.
11) Descuido com
pontos fracos
Seja antes do primeiro concurso ou após a
prova, o candidato precisa cuidar dos pontos fracos. Não é necessário saber
tudo de cada matéria, mas é ruim ficar vulnerável numa disciplina, porque há editais
que exigem um mínimo por matéria isolada. Aí não haverá escapatória.
E sempre é possível melhorar o desempenho
numa disciplina, seja por meio de exercícios e resolução de provas anteriores. Se
a dificuldade ainda for de compreensão, vale estudar novamente a teoria desde o
início com outro professor ou utilizando um novo material.
12) Abandono dos
pontos fortes
Ao contrário do que muita gente pensa, se o
candidato é muito bom em alguma matéria, não deve abandoná-la, porque o que era
conhecido pode cair no esquecimento. É importante manter a excelência naquela
disciplina e, se possível, ficar melhor ainda, para garantir um diferencial na
hora da prova.
13) A um passo da
vitória
Se você leu os itens anteriores com total
isenção e chegou à conclusão de que está fazendo tudo certo, apenas por
garantia observe se os seus resultados estão melhorando a cada concurso feito. Se
a resposta for positiva, ótimo. Siga adiante porque a aprovação deve estar a
poucos passos.
Por Lia Salgado
Fonte G1