Confira
comportamentos que os recrutadores encaram como desespero na busca por uma
oportunidade profissional e que podem prejudicar a imagem do candidato
Esperando a
entrevista: tem candidato que chega duas horas antes e já avisa que está esperando,
o que revela sua ansiedade
Superar uma movimentação de mercado
desastrada ou o encerramento inesperado de um contrato de trabalho passa
necessariamente pelo controle da ansiedade.
Muita gente “peca” neste momento ao se
entregar ao desespero durante a procura por uma nova oportunidade. E essas
pessoas podem comprometer sua imagem, ao tomarem atitudes impulsivamente.
Isso não significa que, ao menor sinal de
desespero pela conquista de um novo emprego, o candidato será "limado"
de um processo seletivo, explica Marcelo Olivieri, gerente executivo de vendas
da consultoria de recrutamento Talenses.
O risco está mesmo no comportamento que
resulta dessa aflição. “A gente entende que é um momento complicado. Mas quando
a pessoa não consegue se controlar, pode adotar comportamentos que deixam uma má
impressão”, diz Olivieri.
EXAME.com pediu ao headhunter que citasse
quais são estas atitudes e comportamentos que deixam transparecer o desespero e
em que medida elas podem comprometer o sucesso na conquista de uma nova
oportunidade. Confira os sinais:
1 Você se candidata
para posições muito abaixo da sua qualificação
O primeiro indício de desespero por uma
recolocação rápida ocorre já na escolha das oportunidades para se candidatar.
“Quando a pessoa se candidata para posições
muito inferiores ao seu nível de qualificação ou de remuneração é um indício de
que está desesperada para conseguir emprego”, diz Olivieri.
Do lado das empresas, o receio é que o
candidato esteja adotando o lema “trabalho chama trabalho”. “Surge a insegurança
em relação à permanência desse profissional, se ele vai ficar apenas até encontrar
outra vaga”, diz Olivieri.
2 Você exagera para
provar que é perfeito para aquela vaga
Na ânsia de mostrar que é a pessoa certa
para aquela oportunidade, o risco aqui é exagerar na hora de discorrer sobre
seus predicados profissionais.
“Às vezes, o profissional cita uma experiência
específica e, quando a gente vai checar, não é bem assim como ele contou na
entrevista”, diz Olivieri.
Mentir é o que mais pode comprometer o
candidato neste momento. É o inglês intermediário dito como fluente, é a
participação em um projeto transformada em liderança informal, e por aí vai.
“É um ponto mais subjetivo. Mas a gente
percebe quando a pessoa tenta se vender de forma exagerada”, diz Olivieri.
O risco é deixar de ser convidado para
outros processos seletivos. “Muitas vezes, para aquela vaga ele não tem
qualificação, no entanto, poderia ser convidado para outros projetos. Mas quem
adota este tipo de atitude deixa o recrutador com pé atrás”, diz o headhunter.
3 Você é prolixo
durante a conversa com o recrutador
Transformar a entrevista de emprego em um
monólogo sobre suas qualidades profissionais também é indício de desespero que
os recrutadores notam, segundo Olivieri.
“Muitas vezes são feitas perguntas objetivas
ou até mesmo fechadas, com resposta sim ou não, mas o candidato aproveita a sua
vez de falar para dizer outras coisas e acaba nem respondendo à pergunta”, diz
Olivieri.
4 Você tenta
convencer que é apto para a posição quando não é
A falta de experiência e de qualificação está
explícita no currículo, mas o candidato desesperado tenta convencer de que elas
estão lá, em algum lugar da sua trajetória.
“Por exemplo, a oportunidade é para vendas,
o candidato tem currículo todo na área marketing e tenta convencer que deve ser
considerado no processo porque tem as características para aquela posição”, diz
Olivieri.
Nesse momento, a luz vermelha se acende: mais
do que uma transição de carreira, o profissional está buscando o que vier pela
frente. “A gente vê que se fosse uma vaga pra engenharia, ele falaria a mesma
coisa”, diz.
5 Você não aceita não
como resposta
Um indício muito comum de desespero, diz o
headhunter da Talenses, é não receber bem o feedback de um processo seletivo
quando ele é negativo.
“Na hora de ligar para avisar que o candidato
não foi selecionado para a posição, ele ainda tenta convencer de que está apto
para a função. Isso é mal visto”, cita Olivieri.
6 Você diz na
entrevista que precisa do emprego e pede ajuda
O auge do desespero é dizer ao entrevistador
que precisa muito do emprego e coroar a frase com um sonoro “por favor, ajude-me”.
“A gente entende que é uma situação difícil,
mas pedir ajuda é muito ruim e antiprofissional”, lembra Olivieri.
7 Você usa problemas
pessoais para comover o recrutador
Contas atrasadas, doença ou problemas na família
são situações que tiram o foco de qualquer pessoa.
Mas construir um discurso recheado de lamúrias
e se colocar no papel de vítima só vai arranhar a sua imagem, segundo o
especialista.
“Tem candidato que usa problemas pessoais na
tentativa de fazer com que o recrutador se sinta na obrigação de evoluir com
ele no processo seletivo”, diz Olivieri.
O especialista destaca que problemas
pessoais só devem ser postos à mesa durante a entrevista quando fizerem sentido.
“Por exemplo, se for uma posição que exija
disponibilidade para viagens, faz sentido dizer que não está tão disponível
porque tem um familiar que está muito doente”, explica.
8 Você liga
insistentemente para o recrutador
É interessante entrar em contato com o
recrutador após a entrevista, mas tem gente que vai ao extremo da insistência. E
quem faz isso acaba se “queimando”.
“Já aconteceu de pessoas que me ligavam de
duas a três vezes ao dia para saber se já havia resposta. Até mensagem por
Whatsapp me mandavam”, conta Olivieri.
O resultado de um processo seletivo envolve
reuniões e decisões que um conjunto de pessoas, lembra o headhunter. “E, por
isso, muitas vezes atrasa”, diz. Paciência é uma virtude, não se esqueça.
9 Você chega muito
antes do horário da entrevista e já avisa que está lá
Neste caso, trata- se apenas de um indício
de ansiedade e não há nada que desabone o candidato, apenas pelo fato de chegar
muito mais cedo à entrevista.
“Às vezes a entrevista é às 14h e ao meio-dia
a recepção já avisa que o candidato está esperando”, diz Olivieri.
Para quem não quer correr o risco de atrasar
e, por isso, prefere chegar bem antes ao local, Olivieri recomenda esperar um
pouco antes de avisar a recepção. “O candidato pode aproveitar, para tomar um
café”, diz.
10 Você deixa
transparecer nervosismo fora do comum
Ansiedade é comum, mas perder o controle
emocional durante a entrevista só vai prejudicá-lo, segundo Olivieri.
Mão trêmula, perna que não para de balançar,
palavras que somem da mente são aspectos que deixam explícito o nervosismo.
E quando as emoções passam do limite aceitável,
o risco é não conseguir mostrar todo o seu potencial durante a entrevista.
11 Pressionar o
recrutador após a entrevista
A entrevista mal terminou e antes de
estender a mão para o recrutador o candidato já quer saber se tem chances de
aprovação. Está criada uma saia justa para o entrevistador.
“Tem candidato que pressiona, quer saber se
ele tem o perfil da posição e se será aprovado para a próxima etapa”, diz
Olivieri.
Por mais curioso que você esteja, vale
lembrar que outras pessoas ainda podem ser entrevistadas o que pode permitir
reviravoltas no processo.
Por Camila Pati
Fonte Exame.com