Devemos
à tecnologia grande parte da agilização de processos em nossa vida. Encurtamos
distâncias e resolvemos problemas de forma que antes jamais poderíamos
imaginar. Nos últimos anos, presenciamos uma revolução ainda maior com a
chegada dos smartphones.
Uma
pesquisa realizada pela Consumer Insight Comtech, da Kantar Worldpanel, aponta
que houve um crescimento significativo na utilização de celulares por homens,
mulheres, jovens e ainda mais por adolescentes, indicando que as pessoas estão
adotando cada vez mais este meio para a comunicação virtual, especialmente para
acessar redes sociais.
É
fato que a internet nos ajuda a resolver questões as quais poderíamos levar o triplo
do tempo ou até mais do que isso se fizéssemos de maneira real, como pagar uma
fatura bancária, por exemplo. E não há motivos para pensarmos que este meio de
comunicação é algo negativo, muito pelo contrário. Se bem utilizada, a internet
se torna uma poderosa ferramenta para a resolução de diversas questões. No
entanto algo que vem preocupando especialistas em tecnologia, psiquiatras e
psicólogos é a dependência virtual, ou seja, o uso excessivo da internet.
Estima-se
que hoje no Brasil, 10% da população possam ser considerados “dependentes
virtuais” e grande parte deste número se deve ao advento dos smartphones que
oferecem acesso fácil à rede, a qualquer hora e em qualquer lugar, aumentando
ainda mais a possibilidade que este vício se estabeleça.
A
dependência ocorre de forma gradativa, onde cada vez mais a pessoa necessita
estar conectada para se sentir bem, obtendo maior prazer em sua vida virtual do
que em sua vida real, ficando horas ou até mesmo o tempo todo “online”. À
medida que se age desta forma, os níveis de serotonina do cérebro aumentam,
causando bem-estar e tendo efeitos semelhantes aos da dependência química.
Esta
situação pode se agravar em situações de tristeza ou frustração. Neste caso a
internet funciona como um meio para se conseguir prazer instantâneo ou fuga
temporária da realidade. Este tipo de vicio, assim como outros, interfere de
forma global na vida da pessoa que acaba se afastando de familiares, amigos,
além de baixar seu rendimento em vários aspectos, podendo comprometer também
sua vida profissional ou escolar, dependendo da idade.
Muitos
dependentes virtuais buscam na internet e, principalmente nas redes sociais,
algo que psicologicamente acreditam lhes faltar em suas vidas reais, tendo a
ilusão de que estes meios lhe proporcionarão uma forma de aceitação e
valorização que acreditam não possuir.
Os
impactos da dependência virtual são: baixo rendimento, irritabilidade, perda de
controle de tempo em que se passa acessando sites e redes sociais para trabalho
ou apenas diversão, afastamento social, pensamento fixo em estar conectado e
ansiedade se não tiver acesso à internet, além de preferência pela vida virtual
do que pela vida real. Em casos mais graves, com a falta de acesso à internet,
somatizações físicas como cansaço, tremores, dores de cabeça e vertigens podem
ser observados.
Caso
isto esteja acontecendo com você, é importante questionar não somente o uso
excessivo da tecnologia, mas fazer uma avaliação global de sua vida, buscando
compreender quais são os reais motivos para a fuga virtual. Normalmente, o
problema não está na internet, mas em acontecimentos da vida pessoal tais como:
tristezas, frustrações, sentimentos de inadequação, exclusão social, problemas
conjugais, familiares ou profissionais malresolvidos e momento de vida.
Procurar ajuda psicológica e psiquiátrica também pode ser um bom caminho, hoje
no Brasil existem diversas instituições que oferecem tratamento e ajuda de
forma gratuita.
Alteração de humor
A
pessoa pode apresentar irritabilidade, tristeza ou descontentamento ao ficar
sem acesso à internet. Há casos de isolamento e até mesmo agressividade, pois
existe a frustração de não conseguir o que se quer. Ao ser exposta sobre esta
condição, cada pessoa pode agir de determinada forma, exatamente como ocorre em
outros vícios. O ideal é tomar consciência da irritabilidade ou alteração de
humor, procurando ajuda especializada se for o caso.
Pensamento fixo em estar conectado
Preocupar-se
excessivamente com o que acontece nas redes sociais sem que você esteja
conectado, ficar pensando que pode ter recebido algum e-mail importante e
precisa responder, sentir necessidade de verificar toda hora sua caixa de
entrada ou seu “perfil social”, podem também ser sintomas da dependência
virtual. Pessoas assim acabam fixando o pensamento e se distraindo com maior
frequência, tendo uma queda significativa em seu rendimento, pois não conseguem
pensar em outra coisa.
Procure
estabelecer momentos para lazer e trabalho. Tente focar seu pensamento em
outras atividades. No início pode parecer difícil, mas após algumas semanas é
possível mudar este hábito. Foco e determinação são dois ingredientes para ter
sucesso em seu objetivo.
Deixar de fazer outras atividades para permanecer na
internet
Um
dos grandes sintomas da dependência virtual é deixar de fazer outras atividades
para ficar na internet. Evitar sair com os amigos, ficar conectado em uma festa
ou jantar com a família, não aproveitando o momento real do qual está
participando. Acreditar que sua “vida virtual” é muito mais interessante que “a
vida real” interfere significativamente em sua percepção de realidade, pois se
acaba vivendo uma falsa realidade, deixando de interagir com familiares e
amigos, comprometendo aspectos de sua real vida social.
Perder o controle do tempo em que passa “online”
Dependentes
de internet normalmente acabam perdendo-se nas horas em que passam conectados e
têm grandes dificuldades de controlar o tempo, sempre com o pensamento de “só
mais um pouquinho”. Desta forma acabam passando um grande número de horas na
internet sem mesmo perceber e, quando questionados, por vergonha omitem aos
outros o tempo real em que passam online.
Estabelecer
horários para ler e responder e-mails, determinar o tempo em que passa em redes
sociais ou navegando na web são fundamentais para ter o controle da situação.
Disciplina exige esforço e repetição. Não desanime.
Ouvir de amigos e familiares que você passa mais tempo
na internet do que com as pessoas
Um
dos impactos do vicio digital atinge diretamente a vida social da pessoa
dependente, que acaba se isolando, preferindo conversar virtualmente com os
outros. Isto é facilmente observado por amigos e parentes que acabam requerendo
sua presença e comentando seu afastamento, o que pode gerar um pouco de
frustração.
Se
você já deixou alguém falando sozinho durante um jantar para dar uma espiadinha
nas redes sociais, preferiu responder e-mails em vez de ter uma boa conversa
com seu filho ou ouvir comentários do tipo “nossa você está sempre conectado”
ou “chega de internet”, cuidado! Você pode estar correndo o risco de entrar em
uma dependência virtual. Analise a situação de forma real, veja se os
comentários têm fundamento. Às vezes é difícil admitir que se esteja exagerando
na dose, mas conscientizar-se é o primeiro passo para a mudança.
Por
Gisele Meter
Fonte
MSN – Tempo de Mulher