Como comprar e levar dinheiro, fazer pagamentos,
proteger sua carteira e fazer compras no exterior para não gastar demais na
viagem
Cuidado para que a tributação das suas compras na
alfândega não pese demais no bolso
Com
o dólar e o euro em patamares mais altos, quem planejou uma viagem
internacional para essas férias pode estar apreensivo com a possibilidade de o
passeio abrir um rombo no orçamento. Mas além do custo da moeda estrangeira há
uma série de vacilos e imprevistos que podem fazer o viajante perder dinheiro e
terminar as férias gastando muito mais do que planejava.
De
erros ao comprar moeda estrangeira a gastos excessivos na hora de passar pela
alfândega, passando por roubos e furtos, as eventualidades são muitas. Veja os
cuidados que você deve tomar com seu dinheiro ao viajar:
1. Compre moeda estrangeira aos poucos
Especialistas
recomendam que a compra de moeda estrangeira se dê aos poucos, ao longo de
várias semanas ou meses, de maneira a formar um bom preço médio de aquisição.
Quem começou a comprar moeda há três meses para viajar agora, por exemplo,
conseguiu garantir um preço médio bem mais em conta do que quem deixou para a
última hora.
Nesse
período, a cotação do dólar turismo passou 2,05 reais para 2,33 reais. Já o
euro passou de 2,60 para 2,90 reais. Mesmo a libra esterlina passou de 3,04
para 3,35 reais. “Como é muito difícil saber para onde vai o câmbio,
principalmente em momentos de incerteza como o atual, o melhor é dividir a
compra em quatro etapas para formar um preço médio. Se você compra tudo de uma
vez e depois a cotação cai, você deixa de fazer um bom negócio”, diz Alexandre
Fialho, diretor da corretora de câmbio Cotação.
2. Utilize mais de uma forma de levar dinheiro
Alexandre
Fialho recomenda que o viajante leve 30% do dinheiro que pretende gastar em
espécie e os demais 70% em um cartão pré-pago, daqueles previamente carregados
em moeda estrangeira que podem ser usados como cartões de débito.
Para
ele, cartões de crédito devem ser usados apenas em emergências, pois contam com
um Imposto de Operações Financeiras (IOF) maior: enquanto a operação de câmbio
simples tem IOF de 0,38%, a compra no exterior com cartão de crédito sofre
cobrança de IOF de 6,38%.
Além
do IOF menor, a compra de moeda estrangeira com antecedência permite ao
viajante fixar uma taxa de câmbio e já saber quanto vai gastar antes de viajar.
Em caso de perda ou roubo, o viajante pode bloquear o cartão e receber um novo
em poucos dias onde estiver.
Os
cartões pré-pagos são amplamente aceitos nos principais destinos turísticos do
mundo, e alguns podem ser carregados em mais de uma moeda. Também são seguros
para quem viaja a países de moeda fraca, podendo ser carregados em dólar,
convertido no ato do pagamento ou no saque. Permitem saques em moeda local
mediante o pagamento de uma taxa, compras pela internet e podem vir nas
bandeiras Visa, MasterCard ou American Express.
Cartões
de débito e de crédito também são seguros, embora sua reposição em caso de
extravio normalmente não seja tão rápida. Os cartões de débito internacionais
também estão sujeitos à cobrança de IOF de 0,38%, mas assim como no caso dos
cartões de crédito, é praticada a cotação do dia, o que só é vantajoso se a
moeda tiver caído em relação ao real.
As
taxas para saque em moeda local também costumam ser mais caras, mas isso
depende do banco e da relação do cliente com a instituição. Por esses motivos,
eles são mais aconselhados para emergências e imprevistos.
Contudo,
cartões de débito e crédito têm ao menos um trunfo: a possibilidade de o banco
oferecer uma taxa de câmbio mais vantajosa que a cotação turismo, praticada no
ato da compra de moeda estrangeira, o que pode até compensar pelo IOF maior do
cartão de crédito. Compare as diferentes formas de levar moeda estrangeira e
escolha a melhor para o seu objetivo.
3. Compre o dinheiro em espécie já em moeda local
Quem
viaja para países onde a moeda não é o dólar, o euro ou a libra pode se sentir
tentado a comprar dólar em espécie para trocar no destino. Mas Alexandre Fialho
desaconselha a prática: “Se você vai para o Japão, melhor comprar iene, em vez
de dólares. A troca de papel moeda no local pode sair muito cara”, explica o
diretor da Cotação. Ele acrescenta que, se ainda não existir cartão pré-pago
para a moeda do país de destino, a conversão do dólar no cartão sai bem mais em
conta do que a conversão do papel moeda.
4. Prepare seus cartões bancários antes de viajar
Antes
de fazer uma viagem internacional, comunique o fato ao seu banco, para que seus
cartões de débito e crédito não sejam bloqueados caso você precise usá-los lá
fora. Se for necessário, lembre-se de desbloquear a função internacional e
verifique seus limites. Assine o verso do cartão, pois em muitos países a
leitura é feita apenas pela tarja magnética, aconselha a CPP, empresa de
proteção a meios de pagamento e assistência pessoal.
5. Tenha um serviço de proteção de cartões
Bancos
muitas vezes oferecem seguros contra roubo e furto de cartões de débito e
crédito, com um limite de cobertura a pagamentos indevidos com o cartão
extraviado, em determinadas situações.
Algumas
empresas, como a CPP, também oferecem essa cobertura. Seu principal serviço é o
da proteção de cartões, em que todos os plásticos são registrados. Assim, em
caso de perda, furto ou roubo, basta ligar gratuitamente para a CPP e comunicar
o fato, que a empresa se encarrega de cancelar todos os cartões e mandar novos,
além de fornecer dinheiro em espécie para emergências enquanto o novo cartão
não chega.
Nesses
casos, a CPP também pode pagar o hotel. Todos esses adiantamentos são
reembolsados sem a incidência de juros após a viagem. Há coberturas individuais
ou familiares, nacionais e internacionais, mediante o pagamento de taxas
mensais ou anuais.
6. Proteja sua carteira e seus documentos
Cesar
Medeiros, diretor geral da CPP no Brasil, aconselha o viajante a evitar andar
com todos os cartões na carteira, levando apenas aqueles que podem ser
utilizados em uma determinada saída. No caso de documentos, o ideal é levar consigo
apenas um documento com foto, e andar com uma cópia quando o original não for
necessário.
“Mantenha
a carteira sempre próxima ao corpo. Carteira no bolso da calça pode ser muito
vulnerável a furtos, então é melhor levá-la no bolso da frente, e não no bolso
de trás. Se a carteira for levada na bolsa, o ideal é que o fecho seja difícil
de abrir”, diz Cesar Medeiros, diretor geral da CPP no Brasil.
Outra
dica é deixar dentro do cofre do hotel um papel contendo todos os números dos
documentos e dos cartões, bem como os telefones dos bancos para eventual
cancelamento de cartões extraviados. Além disso, Cesar Medeiros acha indicado
manter ali também as cópias dos documentos. “Em caso de extravio de documentos
e cartões, fica mais fácil contribuir com os órgãos de segurança de posse
dessas informações”, diz o diretor da CPP.
7. Cuidado com o excesso de compras
Ao
fazer compras no exterior, atente para os limites de isenção tributária na
alfândega brasileira. Cada viajante pode trazer, sem imposto, até 500 dólares
em compras pela via aérea, devendo declarar o que for comprado caso o valor
ultrapasse esse limite. Nesse caso, o excesso será tributado em 50%.
Alguns
bens considerados de uso pessoal não integram essa cota de 500 dólares, o que
inclui um celular e uma câmera fotográfica (nova ou antiga, desde que apenas
uma). Computadores, tablets e filmadoras sempre integram a cota. Por isso, caso
você leve um desses três itens do Brasil para usar na viagem, leve a nota
fiscal do aparelho. O documento ajuda o viajante a comprovar, na volta, que o
eletrônico não foi comprado naquela viagem.
Há
ainda limites de quantidade do que pode ser trazido e uma cota extra de isenção
no valor de 500 dólares para compras feitas no Free Shop no aeroporto
brasileiro de chegada ao país. Deixar de declarar o que deveria ser declarado
obriga o viajante a pagar o valor integral que exceder a cota de 500 dólares.
Saiba tudo sobre as regras da alfândega.
8. Tenha um seguro-viagem
Para
viajar para alguns países, ter um seguro-viagem é obrigatório. De toda forma,
os custos dos tratamentos de saúde no exterior podem ser tão altos que é
altamente recomendável fazer um seguro-viagem antes de embarcar – isso se seu
cartão de crédito já não conta com uma boa cobertura.
Quem
ficar doente ou sofrer um acidente e for pego desprevenido terá uma dor de
cabeça extra com a conta do hospital. E o seguro-viagem é relativamente barato,
podendo custar de algo em torno de 100 reais a cerca de 300 reais. Algumas
apólices oferecem cobertura para casos de morte, invalidez, acidentes com
esportes radicais, além de assistências para eventualidades como extravio de
bagagem.
9. Não traga de volta moedas “exóticas”
Se
você viajou para algum país de moeda fraca, de alta volatilidade e baixa
liquidez no Brasil, ande com pouco papel moeda e troque ou gaste o dinheiro em
espécie antes de voltar. Se você retornar com uma grande quantidade de moeda
“exótica” em espécie, vai acabar perdendo a quantia por não encontrar comprador
no Brasil.
Por Julia Wiltgen
Fonte
Exame.com