Quanto menos íntegra é a pessoa, maiores as chances de
ela puxar o seu tapete, diz Silvio Celestino, da Alliance Coaching
Os
sinais de que alguém quer puxar o seu tapete, via de regra, são sutis. Por
isso, desvendá-los não lá das tarefas mais fáceis, dizem os especialistas.
“Há
situações completamente veladas em que a pessoa só vai perceber quando a
notícia chega até ela”, pondera Sandra Oliveira, representante da Dale Carnegie
Brasil, ressaltando que as puxadas de tapete são mais frequentes com
profissionais que ocupam cargos hierárquicos mais elevados na organização.
O
motivo pelo qual o profissional de sucesso está mais vulnerável a este tipo de
situação tem nome: inveja. Como explica Renato Trachtenberg, autor do livro
"As sete invejas capitais" (Artmed, 2009), o alvo do invejoso é quem
se destaca.
“O
invejoso ataca quem está acima dele. Na verdade, ele admira a pessoa, mas se
sente sem condições de se aproximar do que a pessoa é”, diz. E, por isso, apela
para a puxada de tapete.
Mas,
é possível perceber quando uma situação de sabotagem ou um golpe está na
iminência de ocorrer? De acordo com os especialistas, apesar de não serem
claros, é possível perceber alguns indicativos. Confira:
1 A crítica que na verdade é um elogio disfarçado
“O
Dale Carnegie dizia isso de que uma crítica pode ser um elogio disfarçado”, diz
Sandra. Sabe quando você sente está indo bem no projeto, e vem aquele colega e,
sob o pretexto de fazer uma crítica construtiva, diz que não é bem esse o
caminho que você deve seguir, sugerindo um ajuste na rota? “Ele vê o sucesso do
outro e tenta fazê-lo mudar a trajetória, fazendo esta crítica, que é um elogio
disfarçado”, diz Sandra.
Uma
analogia é interessante para entender este mecanismo. Imagine duas amigas que
vão sair juntas para uma festa. Uma delas aparece com um vestido deslumbrante,
e a outra diz que não acha que está tão bom, fazendo com que a amiga escolha
outra roupa que a deixe menos em evidência do que ela.
“Este
tipo de situação pode acontecer também no contexto corporativo”, diz Sandra. É
claro que não é na primeira crítica que você vai perceber a má intenção, mas
observe se há um padrão, se a situação se repete. “É o tempo que vai fazer a
pessoa perceber e uma forma de se precaver é não se deixar influenciar”,
recomenda Sandra.
2 Elogios exagerados
Por
outro lado, ao receber elogios também fique alerta. De acordo com Trachtenberg,
o invejoso corporativo, que é o mais forte candidato a puxar o tapete de seu
alvo, também pode lançar mão de uma estratégia antes de atacar: tecer
incontáveis elogios, principalmente na frente dos outros.
“Quanto
mais a pessoa elogiada se sente importante, menos ela estará atenta aos seus
inimigos de plantão”, explica. A dica é não se deixar levar tão facilmente
pelos elogios e ficar atento às entrelinhas.
“A
pessoa deve ter discernimento do que é real e o que não é”, indica
Trachtenberg. Isso não significa que você deve desconfiar de qualquer palavra
afável, mas atente aos exageros, eles podem indicar que há uma tentativa de
tirar o seu foco em jogo.
3 Desestabilização intencional
Imagine
a cena. Dois colegas estão participando de uma reunião com a diretoria. Um
deles está mal intencionado e sabe que o outro é mais emocional do que
racional.
Sabendo disso, o mal intencionado alfineta ou
cria uma situação inesperada nos bastidores e apresentada repentinamente ao
colega com o objetivo de desestabilizá-lo perante a chefia.
Caso
a reação seja mesmo uma explosão emocional, o profissional que caiu na
armadilha vai prejudicar a sua imagem expondo-se de forma negativa para o deleite
tal colega mal intencionado, de acordo com Sandra, da Dale Carnegie.
O
sinal, neste caso, é dado pela crítica durante a reunião ou pela situação
inesperada criada pelo colega que quer puxar o tapete do outro. Ou seja, é a
provocação que antecede a reação emocional.
Cair
no jogo já configura a puxada de tapete propriamente dita. “Isso acontece
porque as pessoas são contratadas por conta de suas competências técnicas e
demitidas ou preteridas em uma promoção por causa de suas inabilidades
comportamentais”, explica Silvio Celestino, da Alliance Coaching.
Portanto,
valem e muito aqueles 10 segundos de pausa para a reflexão: será que é uma
provocação intencional? Estão querendo me desestabilizar? Vou dar este gostinho
ao fulano?
4 Tentativas de passar por cima
Outro
indicativo de que vem uma puxada de tapete por aí é revelado quando um colega
de trabalho começa a lidar com temas e atividades que são de sua
responsabilidade e não dele. “Ele começa a fazer sozinho coisas que deveriam
ser alinhadas com o colega do qual ele quer puxar o tapete, passa por cima e
faz sozinho”, explica Celestino.
Por
se tratar de uma operação velada, haverá justificativas. “Ele vai dizer que
tentou ligar e não conseguiu, que não encontrou o colega, mas na verdade foi
apenas uma operação de fachada”, diz Celestino. Caso isto ocorra, é importante
analisar se houve um esforço genuíno em envolvê-lo na atividade ou se foi mesmo
apenas fachada para você não ter como reclamar depois.
5 Expressões corporais
Este
é um item polêmico. Olhos virados, dedos batendo na mesa durante uma reunião e
“nariz torto” podem, de acordo com Sandra, indicar que a pessoa está
predisposta a jogar contra você. Mas, Trachtenberg faz um alerta: “só quem tem
experiência com este tema é capaz de perceber a má intenção pelos sinais
corporais”, diz.
Celestino
vai além. De acordo com ele, tirar conclusões a partir da expressão corporal
pode levar a um equívoco. “A pessoal mal intencionada vai geralmente usar a
expressão corporal para iludir o outro”, diz.
Por
conta disso ele diz o melhor caminho é a observação. “Os profissionais precisam
procurar amadurecer no sentido de avaliar as pessoas”, diz. O importante, diz,
é descobrir se é uma pessoa de boa índole ou não.
Uma
pessoa íntegra é aquela que cumpre o que promete, que faz o que fala. “Quanto
maior a integridade de uma pessoa, menores são as chances de ela querer puxar o
tapete de alguém”, explica.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com