segunda-feira, 26 de março de 2018

BOA VIAGEM - PARA AMENIZAR JET LAG, CUIDADOS COM A LUZ E AJUDA DE APLICATIVOS

Evitar estimulantes é dica para diminuir impacto do jet lag

Sabe aquela vontade quase irresistível de tirar um cochilo no hotel, após dez horas em um avião apertado? Se não quiser trocar o dia pela noite logo no começo da viagem, guarde o sono para mais tarde. A dica é uma das muitas para amenizar os efeitos do jet lag, a confusão que grandes diferenças de fuso horário causam no relógio biológico do viajante.
Especializada em medicina do sono, a pneumologista Luciana Palombini diz que para atenuar o jet lag é preciso se adequar ao horário do destino, respeitando a hora de dormir e de comer, por exemplo. Segundo a médica, que integra o corpo docente do Instituto do Sono, de São Paulo, os efeitos são mais sentido em lugares que tenham mais de três horas de diferença de fuso para o lugar de partida. E se tornam ainda mais intensos quando se voa para o leste.
— Nosso relógio biológico se acostuma mais rapidamente a dias mais longos que mais curtos. É mais fácil ficar mais tempo acordado do que dormir antes do horário a que estamos habituados — explica a médica.
Quem viaja para o leste (Europa, Oriente Médio, África) deve evitar a exposição à luz do sol na parte da tarde, para começar a diminuir o ritmo do organismo, e abusar da luz natural pela manhã, já que um dos efeitos mais comuns é a dificuldade para despertar. Ao deitar, quanto mais escuro e silencioso o quarto estiver, melhor. Antes de dormir, o indicado é uma refeição com carboidratos leves, pouca proteína e sem gordura. É bom também evitar estimulantes, como cafeína, álcool e até tecnologia.

APLICATIVO REDUZ IMPACTO
— Se desconectar dos aparelhos eletrônicos duas horas antes de dormir ajuda. Celular, TV e computador atrapalham o sono — diz Luciana.
Para quem vai para o oeste (Américas, Ásia), é mais fácil se acostumar. Apesar do sono precoce, é melhor aguentar até a hora local de dormir, para evitar acordar no meio da madrugada. Luz do sol à tarde e atividades físicas são aconselháveis. Luciana também recomenda pequenas doses de melatonina, o hormônio do sono, para ajudar no novo fuso, mas não sem uma consulta médica.
A adaptação ao novo fuso também varia de acordo com o sentido da viagem. Em geral, para cada hora de diferença, o corpo leva um dia, no oeste, a um dia e meio, no leste, para se recuperar. Ou seja, em uma diferença de quatro horas, o viajante levaria quatro dias para se adaptar em um destino a oeste e seis a leste.
Dormir no avião só ajuda a amenizar o jet lag se o voo for noturno e, de preferência, no horário do destino. Neste caso, máscaras para cobrir os olhos e tampões de ouvido, são aliados. Se o voo for diurno, o ideal é ficar acordado.
Aviões modernos ajudam a amenizar os efeitos ainda a bordo. O Boeing 787 Dreamliner e o Airbus A380 têm iluminação interna que reproduz a claridade do dia e o ambiente da noite, de acordo com o horário no destino. O modelo da Boeing também tem sistemas que aumentam a umidade do ar e diminuem os ruídos internos, facilitando o descanso.
Luz artificial contra o jet lag também é uma das apostas da rede japonesa de hotéis Okura. Antes ou depois de massagens, o hóspede pode sentar em poltronas em frente a lâmpadas que simulam a luz do dia, ideais para quem desembarca na Ásia vindo das Américas.
Há até aplicativos de celular para diminuir o impacto da mudança repentina de fuso. O mais elaborado deles, disponível para iOS e Android, o Entrain, calcula as horas de maior ou menor luminosidade no destino, e quanto tempo é necessário para se adaptar ao novo horário. Já o Jetlag Genie, para iOS, sugere os melhores horários para dormir e acordar, de acordo com o itinerário.

Por Eduardo Maia
Fonte O Globo Online