Evitar estimulantes é dica para diminuir impacto do
jet lag
Sabe
aquela vontade quase irresistível de tirar um cochilo no hotel, após dez horas
em um avião apertado? Se não quiser trocar o dia pela noite logo no começo da
viagem, guarde o sono para mais tarde. A dica é uma das muitas para amenizar os
efeitos do jet lag, a confusão que grandes diferenças de fuso horário causam no
relógio biológico do viajante.
Especializada
em medicina do sono, a pneumologista Luciana Palombini diz que para atenuar o
jet lag é preciso se adequar ao horário do destino, respeitando a hora de
dormir e de comer, por exemplo. Segundo a médica, que integra o corpo docente
do Instituto do Sono, de São Paulo, os efeitos são mais sentido em lugares que
tenham mais de três horas de diferença de fuso para o lugar de partida. E se
tornam ainda mais intensos quando se voa para o leste.
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Nosso relógio biológico se acostuma mais rapidamente a dias mais longos que mais
curtos. É mais fácil ficar mais tempo acordado do que dormir antes do horário a
que estamos habituados — explica a médica.
Quem
viaja para o leste (Europa, Oriente Médio, África) deve evitar a exposição à
luz do sol na parte da tarde, para começar a diminuir o ritmo do organismo, e
abusar da luz natural pela manhã, já que um dos efeitos mais comuns é a
dificuldade para despertar. Ao deitar, quanto mais escuro e silencioso o quarto
estiver, melhor. Antes de dormir, o indicado é uma refeição com carboidratos
leves, pouca proteína e sem gordura. É bom também evitar estimulantes, como
cafeína, álcool e até tecnologia.
APLICATIVO REDUZ IMPACTO
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Se desconectar dos aparelhos eletrônicos duas horas antes de dormir ajuda.
Celular, TV e computador atrapalham o sono — diz Luciana.
Para
quem vai para o oeste (Américas, Ásia), é mais fácil se acostumar. Apesar do
sono precoce, é melhor aguentar até a hora local de dormir, para evitar acordar
no meio da madrugada. Luz do sol à tarde e atividades físicas são aconselháveis.
Luciana também recomenda pequenas doses de melatonina, o hormônio do sono, para
ajudar no novo fuso, mas não sem uma consulta médica.
A
adaptação ao novo fuso também varia de acordo com o sentido da viagem. Em
geral, para cada hora de diferença, o corpo leva um dia, no oeste, a um dia e
meio, no leste, para se recuperar. Ou seja, em uma diferença de quatro horas, o
viajante levaria quatro dias para se adaptar em um destino a oeste e seis a
leste.
Dormir
no avião só ajuda a amenizar o jet lag se o voo for noturno e, de preferência,
no horário do destino. Neste caso, máscaras para cobrir os olhos e tampões de
ouvido, são aliados. Se o voo for diurno, o ideal é ficar acordado.
Aviões
modernos ajudam a amenizar os efeitos ainda a bordo. O Boeing 787 Dreamliner e
o Airbus A380 têm iluminação interna que reproduz a claridade do dia e o
ambiente da noite, de acordo com o horário no destino. O modelo da Boeing
também tem sistemas que aumentam a umidade do ar e diminuem os ruídos internos,
facilitando o descanso.
Luz
artificial contra o jet lag também é uma das apostas da rede japonesa de hotéis
Okura. Antes ou depois de massagens, o hóspede pode sentar em poltronas em
frente a lâmpadas que simulam a luz do dia, ideais para quem desembarca na Ásia
vindo das Américas.
Há
até aplicativos de celular para diminuir o impacto da mudança repentina de
fuso. O mais elaborado deles, disponível para iOS e Android, o Entrain, calcula
as horas de maior ou menor luminosidade no destino, e quanto tempo é necessário
para se adaptar ao novo horário. Já o Jetlag Genie, para iOS, sugere os
melhores horários para dormir e acordar, de acordo com o itinerário.
Por
Eduardo Maia
Fonte
O Globo Online