Falar sobre decepções, fracassos e demissões deixa
candidatos constrangidos
As
palavras faltam, as mãos ficam geladas e algumas gotas suor dão o ar da graça.
Algumas perguntas de entrevista de emprego chegam a exercem este poder sobre
alguns candidatos.
“Geralmente
são perguntas que englobam pontos fracos ou em desenvolvimento”, diz Elvira
Berni, diretora da People on Time. Para Emmanuele Mourão, headhunter da De
Bernt Entschev Human Capital, o nervosismo fica evidente quando se trata de
algo “floreado” no currículo.
Pensando
nisso, Exame.com procurou especialistas em recrutamento para tentar descobrir
quais são, afinal, estas perguntas que fazem os candidatos gaguejarem. Confira
os temas mais espinhosos que, invariavelmente, pintam durante a entrevista de
emprego:
1 Movimentação intensa de cargo
“Na
hora justificar a instabilidade - quando ela existe - eles gaguejam”, diz
Emmanuele. Na opinião dela, os candidatos ficam nervosos na hora de explicar
por que mudaram tanto de emprego.
“Na
hora de falar sobre o que vem pela frente eles ficam mais confortáveis, mas na
hora de explicar o que já existiu na carreira eles tremem, ficam constrangidos
em falar que falharam na escolha da movimentação”, diz.
No
entanto, ela faz uma ressalva. “Isso acontece quando as escolhas foram feitas
apenas por aspiração financeira ou imaturidade”, explica.
Dica:
Procure mostrar sempre que o que aprendeu a partir da movimentação de carreira.
Deixar claro o aprendizado obtido conta pontos a favor do candidato.
2 Motivo da demissão
Este
é outro tema que pode ser mais “cascudo” para alguns candidatos. Problemas de
relacionamento, que lideram as causas de demissões, são omitidos e o resultado
pode ser uma voz mais trêmula e palavras que faltam.
Vale
um alerta. “O contratante quando quer descobrir o que aconteceu busca
informações nos ex-empregadores e entra em contato com as equipes”, diz Elvira.
Dica:
“Nossa recomendação é o candidato trate do assunto sob a melhor ótica possível,
mas sem distorcer a realidade porque isso pode afetar a credibilidade dele
perante a empresa”, diz Elvira. Mais uma vez, mostrar o aprendizado é a melhor
alternativa.
O
que você aprendeu ao ter o contrato encerrado? Pense nisso. “Fale sobre
desligamentos com maturidade”, recomenda a diretora da People on Time.
3 Participação em um projeto
No
currículo, a informação é que o candidato exerceu liderança em um projeto. Mas,
na hora de explicar qual a participação efetiva, as palavras faltam. “A pessoa
coloca como se o projeto tivesse disso dela, mas na realidade a participação
foi de 1%”, diz Emmanuele.
Dica:
sinceridade no currículo e durante a entrevista é o melhor remédio para não
gaguejar.
4 Situação em que falhou na negociação
Em
toda carreira, há negociações mal sucedidas. No entanto, quando o recrutador
pede exemplos, muita gente acha que a melhor opção é negar, dizer que não se
lembra ou que não vivenciou fracassos. E este é momento que também pode ser
bastante constrangedor.
“Um
profissional com 10 ou 15 anos de experiência tem, certamente, inúmeras
situações de insucesso, todo mundo tem”, diz Elvira.
Dica:
Prepare-se para a entrevista, relembrando situações em que a negociação falhou.
Ter exemplos em mente vai deixa-lo mais tranquilo.
5 Momentos em que não foi capaz de influenciar
positivamente a equipe
Até
o mais preparado dos chefes enfrenta situações em que não consegue exercer seu
poder de influência sobre os funcionários. Mas para quem busca um cargo de
chefia, revelar um fracasso em relação a isso pode ser bastante difícil.
Dica:
Vale a dica anterior, resgate na memória situações difíceis relacionadas à
gestão de pessoas. O ideal é que a situação venha acompanhada de análise. Hoje,
o que você faria de diferente?
6 Relato de passagens decepcionantes
“O
candidato precisa entender que o recrutador quer ter um panorama equilibrado e
isto engloba aspectos positivos e em desenvolvimento”, diz Elvira. Por isso, é
bem provável que apareça alguma pergunta relacionada a dificuldades e decepções
vivenciadas ao longo da trajetória profissional.
Mas
na hora de contar com lidam com as passagens menos gloriosas, há profissionais
que começam a gaguejar e dizer que não se lembram. “Eles falam que deu branco,
mas o bom entrevistador espera ele se lembrar”, diz a especialista.
Dica:
Decepções são parte da vida de qualquer profissional. “Ninguém é super homem”,
lembra Elvira. “Ele pode dizer que na época não teve uma boa reação, mas que
aprendeu com isso e que fará diferente caso a situação se repita”, diz ela.
7 Idioma
Emmanuele
conta que quando um candidato coloca que é fluente em inglês ou em outra língua
é comum o recrutador começar a conversar no idioma.
“Ao
começar a falar na língua que ele disse que era fluente, já aconteceu de
candidato começar a gaguejar pedir para voltar ao português”, lembra.
Esta
situação é comum já que o idioma é o item campeão das mentiras no currículo. É
o intermediário que é avançado e o avançado que é fluente.
Dica:
Antes de colocar que é fluente em um idioma, pense na possibilidade de ter que
demonstrar seus conhecimentos ao recrutador. Se não for capaz de desenvolver
uma conversa no idioma reconsidere o nível que você apresenta no currículo.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com