Busque alguém que complemente seus conhecimentos, mas
também esteja disposto a se dedicar ao negócio
Apesar
de ser possível abrir uma empresa sem sócios no Brasil hoje, a maioria dos
empreendedores se une a alguém na hora de começar um negócio. Além de
recomendável, esta é uma forma de dividir tarefas e responsabilidades. “É muito
difícil começar um negócio sozinho, seja na busca por recursos, financiamentos
ou know-how técnico”, diz Afonso Cozzi, coordenador do núcleo de
empreendedorismo da Fundação Dom Cabral.
Muitas
vezes, mais de um empreendedor já está envolvido no projeto e disposto a
estabelecer sociedade. Mesmo assim, na hora de colocar tudo no papel, é
importante pensar e decidir com calma como será essa relação. “Duas cabeças
pensam melhor do que uma e podem dividir responsabilidades, direitos e
tarefas”, afirma Paulo Melchor, consultor jurídico do Sebrae São Paulo.
1. Imagine um casamento
A
sociedade para abrir uma empresa deve ser vista como um casamento. Dividir
tarefas e estar pronto para se comunicar de forma clara é essencial. “Sócios
ficam mais tempo um com o outro do que com a própria família. Ter sócio é como
ter uma família”, compara Cozzi.
O
primeiro passo é alinhar as expectativas e também os valores. “A empresa exige
muito dos sócios. Quando abre, é uma relação de amor incrível, mas é certo que
vão encontrar dificuldades no caminho”, diz Melchor. A base de valores precisa
ser muito próxima. “É difícil dar certo se não acreditar nos mesmos valores”,
ressalta Cozzi.
2. Pense bem no sócio-parente
Virar
sócio de um parente é muito comum. É a família que geralmente primeiro aposta
no negócio e dá força para a empresa dar certo. A questão é que, muitas vezes,
a família também pode ser responsável pelo fim da empresa. “Ser parente não é
defeito, mas pode ser um ponto negativo”, alerta Cozzi.
Segundo
os especialistas, a relação entre sócios precisa ser independente da relação
com os familiares, o que é bastante difícil no dia a dia da empresa. “Em
sociedades familiares, é comum cometer erros. As relações familiares não podem
ser levadas para a empresa e vice versa”, diz Melchor. Para ele, a relação
entre os sócios é complexa. “Não deve ter valor sentimental. É lucro”, afirma.
3. Complementem-se
Não
é só afinidade e capital que devem formar o grupo de sócios. Assim como em uma
equipe, buscar características complementares é essencial. “Busque no outro
alguém de confiança e que faça algo que você não faz para que haja
complementariedade”, diz Melchor.
Depois
de alinhar valores e expectativas, veja em quais áreas da empresa os sócios
poderão se sair melhor. Não adianta ter muitos sócios que entendam da área
técnica e nenhum que possa acompanhar a gestão. “Buscar pessoas com
expectativas parecidas e informação e também formação semelhantes”, aconselha Cozzi.
Os
sócios devem se apoiar em pontos fortes diferentes. “Não é buscar alguém que
seja igualzinho”, diz o coordenador da Fundação Dom Cabral. Há, no entanto, uma
característica em comum que todos os sócios devem ter: transparência. “Precisa
de muita comunicação. Não pode ser uma coisa de jogo de esconde-esconde. Tem
que ter muita transparência”, diz.
4. Faça bons contratos
Na
hora da empolgação, muitos empresários se esquecem de como é essencial ter um
contrato de sociedade bem feito e que proteja todas as partes. “É importante
ter uma base bem construída, com contratos legal e social bem feitos e um
acordo de acionistas”, ensina Cozzi.
Dividir
como será a participação de cada um dos sócios é importante para evitar
problemas em casos de vendas ou na hora de desfazer a sociedade. “No começo
tudo são flores. O problema começa quando tem dinheiro de mais ou de menos. É
importante estabelecer bem quem ganha o que. É normal ter funções e
remunerações diferentes”, explica.
Por
Priscila Zuini
Fonte
Exame.com