Nossa energia é limitada, então como você decide
gastá-la? Se preocupando com o problema ou encontrando a solução para ele?
Se
você é como a maioria das pessoas, toda vez que encontra um problema liga logo
o sinal de alerta. É como se a sua mente tivesse identificado um inimigo à
frente e imediatamente você passa a sentir preocupação, ansiedade ou medo.
Conforme
o tempo passa e a solução não vem, a preocupação e o estresse vão aumentando.
Isso pode resultar em noites mal dormidas, conflitos nos seus relacionamentos e
até mesmo problemas de saúde.
É
possível que nesse exato momento você esteja enfrentando um problema assim…
Pode
ser que o problema seja a apresentação da semana que vem para os diretores da
empresa, mostrando os resultados do projeto que você estava tocando.
Apresentação que, por sinal, você ainda nem começou e que te dá dor de cabeça
só de pensar.
Talvez
esteja esperando uma ligação te chamando para uma entrevista de emprego.
Ligação que parece nunca acontecer e que já te fez roer todas as suas unhas
enquanto aguarda. Ou então, pode ser o
trânsito infernal que você pega todos os dias para ir e voltar do trabalho.
Trânsito que parece ficar pior a cada dia e que te faz xingar todos os carros
que estão na sua frente.
É
normal nos sentirmos desconfortáveis nessas situações. Afinal, nós queríamos
que tudo acontecesse do nosso jeito e que não precisássemos nos preocupar. Mas
será mesmo que precisamos nos preocupar tanto?
O
desconforto é normal. O que não pode se tornar normal é nos estressarmos
excessivamente com isso, a ponto de criarmos problemas ainda maiores.
E
se eu te dissesse que existe uma maneira de olhar para seus problemas de forma
muito mais positiva e enxergá-los como uma oportunidade? E se essa maneira pudesse
te ajudar a resolver seus problemas ainda mais rapidamente, gastando bem menos
energia se preocupando? Gostaria de conhecê-la? Então continue lendo que eu já
vou te apresentar. Antes disso vamos entender um pouco melhor como surgem
nossas preocupações.
Entendendo as preocupações
Preocupações
surgem quando gastamos mais energia olhando para o problema do que procurando
uma solução para ele. Esse foco excessivo no problema faz com que passemos a
enxergá-lo como uma ameaça. E se pensamos nele como uma ameaça,
consequentemente passamos a imaginar as consequências negativas que ele pode
trazer.
Quando
olhamos para algo dessa maneira, naturalmente nos sentimos mais pressionados e
estressados. E se essa postura negativa se mantiver por muito tempo, o problema
começará a parecer cada vez maior e a nossa autoconfiança vai diminuir, podendo
chegar ao ponto de nos paralisar. Para mudar a perspectiva com a qual você
encara um problema, aqui vai a primeira dica.
Olhe para o problema de maneira positiva
A
grande sacada é entender que o problema, na realidade, não faz parte de você.
Ele está fora do seu corpo. Quem está dentro é a preocupação. Logo, você tem
total controle sobre ela.
A
sua apresentação vai acontecer em alguma sala de reuniões, os slides estão no
computador, seus dados nos relatórios. O seu curriculum está na caixa de
entrada do e-mail de alguém. O trânsito está fora do seu carro.
Não
traga o problema para dentro da sua cabeça, porque ele apenas se transformará
em preocupação. E preocupação não vai te ajudar a resolvê-lo.
Agora
você pode estar pensando: mas se eu não me preocupar, não vou fazer nada a
respeito. Entendo que essa confusão possa surgir. Mas existe uma diferença
entre se preocupar e se importar.
Quando
você se importa com algo, você procura fazer bem feito. Quando se preocupa com
algo, acaba fazendo mais rápido do que deveria, sem dar a mesma importância
para a qualidade daquilo que está sendo feito.
Consequentemente,
seu desempenho fica abaixo do que poderia. O que eu quero dizer é: não gaste
energia com a preocupação, gaste energia trabalhando na solução.
E
para pensar melhor em uma solução, você precisa entender os três tipos de
problema que existem.
Os três tipos de problema
Identificar
qual é o tipo de problema pelo qual você está passando certamente vai te ajudar
muito a encontrar mais rapidamente uma solução. Então vamos lá.
1. Controle direto
O
primeiro tipo são os problemas sobre os quais você tem controle direto. Ou seja,
você exerce total influência em relação a eles. Encontrar a solução e aplicá-la
só depende de você.
Nos
exemplos anteriores, a apresentação para os diretores da empresa se enquadra
nos problemas de controle direto. Você é que precisa preparar a apresentação,
tem acesso a todos os dados de que precisa e não depende de mais ninguém para
prepará-la.
Nesse
caso, a recomendação é a seguinte: mão na massa! Quanto mais você deixa o tempo
passar, maior se tornará o problema. Ninguém o resolverá por você. Ao mesmo
tempo em que isso pode parecer solitário, também te dá total controle da
situação.
2. Controle indireto
O
segundo tipo são os problemas de controle indireto. Isso significa que outras
pessoas ou fatores também estão envolvidos e possuem participação na resolução
do problema. Você exerce influência sobre ele, mas a responsabilidade não é
única e exclusivamente sua.
O
exemplo da entrevista de emprego entra nessa categoria. O que está sobre sua
influência é ter um currículo bem elaborado e com boas qualificações, enviá-lo
para as empresas, mostrar interesse para o recrutador, e assim por diante.
Porém, depende do recrutador ter interesse pelo seu perfil e te dar a
oportunidade de uma entrevista.
Podemos
influenciar as outras pessoas a fazerem o que queremos, mas existe um limite. E
esse limite representa o limite do nosso controle sobre o problema.
Para
problemas desse tipo, a minha recomendação é: faça o melhor que você puder,
garanta que fez tudo o que estava ao seu alcance.
Tendo
consciência de que você fez tudo o que era possível, o peso sobre as suas
costas diminui e a cobrança sobre si mesmo também. Mas não se acomode. Use o
resultado dos seus esforços como um feedback, entenda o que pode estar fazendo
de errado e o que pode ser feito ainda melhor. Busque sempre aumentar o seu
potencial e suas chances de sucesso.
3. Nenhum controle
O
terceiro tipo são problemas sobre os quais você não possui nenhum controle.
Portanto, não consegue exercer influência sobre eles. Os fatores que controlam
esse tipo de problema estão fora do seu alcance.
Nos
exemplos anteriores, o trânsito representa essa categoria. Você pode tentar
sair do trabalho fora dos horários de pico, usar outro tipo de transporte ou
morar próximo do trabalho. Porém, o trânsito continuará lá. Você não pode fazer
nada a respeito disso.
Considerando
que você não tem saída, já está dentro do seu carro e tem quilômetros de
congestionamento à sua frente, a recomendação é a seguinte: coopere com o
inevitável.
Encontre
formas de lidar com o problema de uma forma mais confortável. Pense em como
esse ele pode representar uma oportunidade para você. Nem sempre tudo que
parece ruim tem que ser necessariamente ruim. Vou ser clichê e usar a famosa
frase: faça do limão uma limonada.
No
caso do trânsito, você poderia aproveitar esse tempo para ouvir seus podcasts
favoritos, ouvir um audiobook ou treinar seu inglês ouvindo músicas. Enfim,
tenho certeza que você consegue ser mais criativo do que eu.
O benefício de saber lidar com problemas
Os
problemas vão continuar surgindo em nossas vidas, isso é inevitável. Portanto,
quanto mais preparado você estiver para lidar com eles – adotando uma
perspectiva positiva e seguindo a estratégia que acabamos de mostrar – maior
será sua capacidade de encontrar soluções.
Se
você seguir esse plano, levará uma vida mais tranquila, produtiva e saudável.
No ambiente de trabalho, um profissional capaz de resolver problemas de forma
rápida e eficiente também é mais valorizado. Na vida pessoal, se tornar uma
pessoa menos estressada e mais positiva te permitirá desfrutar de
relacionamentos mais harmoniosos.
Nossa
quantidade de energia diária é limitada, então como você decide gastá-la? Se
preocupando com o problema ou encontrando a solução para ele?
Por
Henrique Molina
Fonte
Exame.com