Você sabe o que são esses três termos? Talvez não, mas
possivelmente pode sofrer com algum deles no ambiente de trabalho
Assédio
Moral é uma insistência, perseguição e uma espécie de dano à integridade e à
moral de um indivíduo. O assediado muitas vezes sente-se humilhado, diminuído e
menosprezado diante do outro. O assédio possui como base a supremacia e a
imposição numa situação de hierarquia autoritária e é muito presente no
ambiente de trabalho, no qual se denomina ‘mobbing’. Consiste numa conduta
abusiva, através de palavras, gestos, insinuações ofensivas, ameaças,
comportamentos agressivos e repetitivos, causando constrangimento e situações
vexatórias, degradando o clima de trabalho e colocando em risco o emprego da
vítima.
Fenômeno
antigo tanto quanto o próprio trabalho, este tipo de assédio moral poderia ser
considerado um bullying no ambiente de trabalho. Foi estudado inicialmente na
década de 80 pelo professor Heinz Leymann, o primeiro a usar o termo mobbing. A
Dra. Margarida Barreto, médica ginecologista e do trabalho, pesquisadora do
Núcleo de Estudos Psicossociais de Exclusão e Inclusão Social (Nexin PUC/São
Paulo) trouxe a tona este tema aqui no Brasil no ano de 2000 em sua dissertação
de mestrado intitulado ‘Uma jornada de humilhações’.
A
primeira lei do país que tipificou o assédio moral foi no estado de Pernambuco,
lei estadual nº 13.314 de 15 de Outubro de 2007, de autoria deputado Isaltino
Nascimento. Hoje em dia o assédio moral é tipificado como crime de acordo com a
lei 10.224/2001 do código penal, de 15 de Maio de 2001.
O
mobbing, que deriva do verbo ‘to mob’, significa ‘tratar mal’, cercar, rodear.
Pode acontecer de três maneiras distintas, do chefe para com seus subalternos,
entre colegas ou grupos específicos de colaboradores e também, quando o ato de
assediar acontece dos subordinados para com o chefe. Através de críticas,
desqualificação e isolamento, este assédio moral no ambiente de trabalho é
aviltante e visa intimidar e manipular o empregado através do medo do
desemprego.
O
sofrimento é gradativo. Sutilmente a vítima se sente angustiada, triste e
deprimida. As relações aéticas estabelecidas são desumanas e pode causar
instabilidade a ponto do profissional pedir demissão.
A
experiência ao mobbing é subjetiva, ou seja, depende de como cada profissional
vivencia as imposições sofridas no ambiente de trabalho. Muitos podem se
adaptar por medo de ser despedido e força-se a trabalhar além da própria
capacidade. Abre-se mão de uma vida social, do lazer e até mesmo da família
para dedicar-se intensamente e exclusivamente ao trabalho. Não existe um
propósito de crescimento e amadurecimento na profissão, mas a dedicação está
atrelada ao receio de ser julgado como um mal profissional, perder o emprego e
não sofrer as humilhações que outros colegas sofrem. A competitividade é
estimulada de maneira destrutiva e muitos profissionais reproduzem os abusos e
excessos do assediador.
Em
uma sociedade na qual o individualismo vem se perpetuando como uma cultura
social busca-se cada vez mais enaltecer que o bom profissional deve ser
autônomo, independente, criativo, ambicioso, flexível e agressivo. A
qualificação é de inteira responsabilidade do profissional, bem como a culpa
por não apresentar tais características. Em prol de uma identidade, capacitação
e principalmente de conforto financeiro, o profissional se sujeita às condições
mais inóspitas no ambiente de trabalho. Esta competição é perversa e distorce a
realidade. O mobbing acontece diante deste abuso de poder.
Metas
a cumprir, melhorias dos resultados, aumento na carga de horas e de trabalho
podem ser classificadas como assédio moral, associado à diminuição de salário
ou ameaças de demissão. O assédio pode ocasionar um estresse severo ao
profissional, um verdadeiro terror psicológico.
Neste
sentido, a Síndrome de Burnout é uma consequência às pessoas que são assediadas
moralmente. Burnout significa ‘estar acabado’. Predominante no âmbito de
trabalho, a síndrome é uma cronificação do estresse, uma ruptura da integridade
e afetividade do indivíduo. Comum aos profissionais da área da educação,
principalmente em professores e da saúde, acometendo mais os enfermeiros. A
questão é tão séria que esta síndrome pode levar a pessoa ao suicídio.
É
importante salientar que a disputa, a cobrança eleva o profissional. Metas a
cumprir e aumento de produção não viola os direitos do trabalhador, desde que
não sejam abusivas e absurdas. O mobbing é um fenômeno silencioso e uma
realidade no mercado de trabalho. Severo, assim como o capitalismo se
apresenta.
Por
Breno Rosostolato
Fonte
Consumidor Moderno