Especialista compartilha truques para disfarçar o
tremor das suas mãos em uma apresentação
Acidentes
de trânsito, morte, aranhas e... falar em público. Esta é a ordem dos quatro
piores medos dos jovens, segundo uma recente pesquisa conduzida com cerca de
mil pessoas nos Estados Unidos.
Para
o britânico Malcolm Love, especialista em comunicação em público com passagem
pela BBC, o pavor de se expressar diante de um grupo de pessoas é comum em
diversas culturas - das mais tímidas às mais extrovertidas - graças a um temor
universal: o do julgamento.
“Nós
temos medo de que o grupo vá pensar algo ruim a nosso respeito”, explica o
coach, que dá treinamento sobre o assunto para CEOs, políticos e até cientistas
da Nasa. “O detalhe é que, ao contrário de um diálogo de um para um, é
impossível controlar o que se passa quando há tanta gente envolvida”.
Essa
vulnerabilidade é a única explicação para o fato de que falar em público pareça
quase tão assustador quanto aranhas ou a própria morte.
O
desconforto pode ser ainda maior se o palestrante incorrer em alguns erros
básicos. O principal, diz Love, é não criar uma conexão emocional com a
plateia.
O
problema é que a chave para sair da “bolha” e estabelecer uma relação próxima
com o público muitas vezes depende de uma variável de que poucas pessoas têm
consciência: a sua linguagem corporal.
No
entanto, afirma o consultor, qualquer um pode se tornar um bom comunicador se
praticar algumas técnicas relativamente simples - ainda que obviamente exista
uma espécie de dom natural para a performance que diferencia certos artistas,
políticos e grandes oradores em geral.
Veja
a seguir alguns conselhos de Love para tornar a sua experiência de falar em
público mais eficaz e menos aterrorizante. Também há dicas de Reinaldo e Rachel
Polito, autores do livro “29 minutos para falar bem em público” (Editora
Sextante):
1. Largue o papel e a caneta
Para
preparar suas falas, muita gente têm o hábito de escrever tópicos em uma folha
de papel. Segundo o consultor Malcolm Love, não há nada de errado com os
rascunhos, mas é preciso lembrar que a comunicação oral é...oral. Assim que
você tiver uma ideia clara do seu tema, o conselho do especialista é treinar a
sua fala para um público imaginário - até acertar as suas palavras e a sua
postura corporal. Só então você pode tomar notas, se quiser.
2. Observe os movimentos do seu corpo
Prestar
atenção à sua própria linguagem corporal, e também à dos outros, é um hábito
fundamental para falar melhor em público. Como você usa as suas mãos, pernas e
braços? Para onde direciona o seu olhar? Observe sua postura, recomenda Love, e
procure intensificar os movimentos que causam um efeito interessante. Mas
cuidado: a plateia é sensível a gestos que não parecem autênticos. A sua
linguagem corporal não deve distrair o público, mas servir como meio de
sublinhar e complementar as suas palavras.
3. Fale com vivacidade e energia
Expressar-se
em público não é - ou não deveria ser - muito diferente de participar de uma
conversa. O detalhe é que você deve soar um pouco mais animado do que o normal.
“Fale em público como se estivesse participando com entusiasmo de um
bate-papo”, escrevem Reinaldo e Rachel Polito no livro “29 minutos para falar
bem em público” (Editora Sextante). Além de usar um tom de voz expressivo,
também vale falar um pouco mais alto do que seria necessário para ser ouvido.
4. Aplique truques para disfarçar o tremor das suas
mãos
Você
sente pavor só de imaginar que os ouvintes podem perceber o papel tremendo em
suas mãos? Segundo Reinaldo e Rachel Polito, um truque simples é levar o texto
a ser consultado em um papel bem reforçado, com folhas grossas. Isso deve
diminuir muito a chance de notarem o tremor. Se não há nenhum papel para
segurar, a dica é apoiar as mãos na mesa, na cadeira ou no microfone. “À medida
que se sentir mais confiante, solte uma das mãos”, escrevem os consultores. “Se
perceber que ainda está tremendo, volte à posição de apoio”.
5. Domine o que vai dizer
Você
jamais falará bem se não sentir confiança sobre o tema da sua exposição. Por
isso, é importante ter clareza sobre o conteúdo a ser transmitido, além de
conhecer bem a estrutura formal da sua apresentação. Quanto mais você
demonstrar domínio sobre o assunto e sobre as etapas do seu discurso, mais a
plateia irá respeitá-lo e admirá-lo, dizem Reinaldo e Rachel Polito.
6. Peça críticas construtivas
Por
melhor que seja a sua autoavaliação, ela nunca substituirá o olhar crítico de
uma outra pessoa. Por essa razão, é interessante contar com um amigo para
assistir aos seus ensaios e dar um feedback honesto sobre o seu desempenho.
“Esta é a única maneira de se aperfeiçoar continuamente como um orador”, afirma
o consultor britânico Malcolm Love.
7. Procure contar uma história
Seres
humanos gostam de relatos - não de relatórios. “Em geral nós não compartilhamos
dados com os nossos amigos, nós lhes transmitimos narrativas sobre as nossas
vidas”, explica Love. Quem fala bem em público sabe, ou pelo menos intui, que a
melhor forma de capturar a atenção de um grupo de pessoas é simplesmente contar
uma boa história.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame Online