Todos
nós sabemos que aprender não se resume simplesmente em memorizar. No entanto, o
aprendizado efetivo precisa de uma memória bem concatenada e vitaminada para
não dar branco na hora H.
Seguem
algumas dicas fundamentadas em recentes conquistas das neurociências e que
intuitivamente alguns estudantes já utilizam com excelentes resultados, tanto
para incrementar a memória quanto o aprendizado.
Realizar conexões em rede
Toda
a informação nova quando conectada a pelo menos uma informação já memorizada
tem maiores chances de ser recordada. À medida que o número de conexões vai
aumentando a probabilidade de resgate dessa nova informação na memória vai se
aproximando dos 100%.
Um
dos exemplos mais singelos dessa aplicação é o utilizado por alguns políticos,
quando não querem esquecer o nome de um eleitor. Eles simplesmente associam
mentalmente o nome desse eleitor ao de outra pessoa de mesmo nome e que
pertença a seu contato mais corriqueiro, seja por alguma característica física
ou aspecto de sua personalidade que apresentam em comum. Logo, logo terá uma
rede de Josés, Eduardos, Marias, entre outros nomes, armazenada em sua memória.
Notadamente
quando estamos estudando conceitos científicos, por exemplo, e efetuando
conexões entre as informações dentro desse próprio campo de estudo, ocorre um
favorecimento pronunciado do aprendizado como um todo, não apenas a simples
memorização de um conceito, mas sua compreensão como parte de um corpo
harmônico de conhecimentos.
Utilizar o potencial emocional-afetivo
Está
comprovado que as emoções, os sentimentos e as relações de afeto interferem
significativamente na construção das memórias e de seu resgate.
Efetivamente
quando colocamos “o coração” naquilo que fazemos as chances de que o recordemos
são maiores.
É
daí que etimologicamente se origina o saber de “cor” (cor = coração em latim).
Tais
vínculos podem ser naturais, como por exemplo, a facilidade que temos em
recordar os momentos mais felizes (ou os mais tristes) de nossas vidas.
Ou
mesmo a vinculação de lugares, cores, odores, sabores e sons aos sentimentos,
ou estados emocionais vividos. Como o cheiro da terra molhada que reacende
recordações vívidas da infância ou ouvir tal música que faz lembrar as sensações
vividas em determinado momento da adolescência ou aprender aquele conteúdo que
gostamos ou estamos inclinados a gostar.
Também
esse tipo de vinculação pode ser criado, como, por exemplo, a facilidade que
encontramos em aprender os conteúdos ministrados por professores bem humorados
e que usam o lúdico como uma de suas técnicas de ensino e também são capazes de
invocar as emoções mais elevadas quando ensinam.
Daí
que o favorecimento da memória, e também do aprendizado, dependem
fundamentalmente de nosso estado emocional.
Cabe
então aquela perguntinha incômoda: estou motivado para aprender? Quero mesmo
aprender isso?
Nas
palavras de Rubem Alves "o esquecimento é o vômito da mente". E o ato
de vomitar alguma coisa inútil ou — que não nos faz bem — é sinal de saúde!
Realizar reiterações
Muitos
estudantes utilizam a técnica de repetir em voz alta uma informação a ser
memorizada ou até mesmo escrever várias vezes em papeis de rascunho a fórmula
matemática, a equação química ou o termo da biologia e assim por diante.
A
repetição em si favorece a memorização, como o observado, por exemplo, no
aprendizado de idiomas, de técnicas esportivas, de coreografias etc.
No
entanto, a repetição tende a ser exaustiva e na maioria das vezes monótona e os
resultados nem sempre são os esperados quando computado todo o esforço.
Por
isso, no lugar de simplesmente repetir mecanicamente é recomendada a
reiteração, ou seja, a repetição vinculada ao uso de um corpo completo daquele
tipo de conhecimento.
Numa
analogia: é bem mais produtivo, numa aula de um idioma estrangeiro utilizar
vocábulos de forma reiterada como parte de uma conversação do que simplesmente
repeti-los isoladamente.
Reiterar
é reviver várias vezes aquela experiência com um aprendizado a mais em cada uma
de suas repetições. Em suma, repetir e aperfeiçoar.
Bônus: uma reflexão filosófica
A
reiteração usa a repetição de forma inteligente e conectada, valendo-se tanto da
conexão cognitiva feita pela natureza da informação quanto da forma
sensível-afetiva envolvida valendo-se da intensidade de sua carga emocional.
Se
observarmos nossa vida, existe uma rotina que segue ciclos mais ou menos
constantes e repetidos.
Podemos
utilizar esses ciclos para reiterar nossa capacidade retentiva, a fim de
melhorar nossa capacidade de recordar e também de aprender ou, como muitos
fazem, ligar o piloto automático e deixar a vida passar sem ensinar e nem
aprender nada.
Fonte
www.qualconcurso.com.br