Dormir
faz bem para o aprendizado. O sono, além de servir para a conservação de
energia, faz a reposição das biomoléculas na vigília e atua para o
processamento da memória. Freud, já dizia, em 1900, que o sono contém restos
diurnos. E estudos ainda da década de 20, chegaram à conclusão que o sono
favorece a consolidação da memória.
A
memória adquirida transita por regiões do cérebro até se transformarem em
aprendizado ou lembrança. Primeiro elas ficam no hipocampo, migrando depois
para a região córtex. Este processo é consolidado durante o sono. “Agora
conseguimos medir como isto é feito”, contou Ribeiro.
A
memória é construída numa sequência específica do ciclo do sono - na fase de
ondas lentas (sono profundo) e na fase REM, aquela em que sonhamos. O
pesquisador analisou a movimentação de neurônio de ratos. Um animal ficou em
uma caixa completamente vazia e com ciclos de luz que duravam 12 horas e depois
12 horas sem luz. Depois quatro novos objetos colocados na caixa. Depois de
algumas horas o objeto é retirado. “A ideia era monitorar a vigília, sono de
ondas lentas e sono REM e eu presumo que na caixa onde foram colocados os
objetos, o animal vai se lembrar de alguma coisa”, disse.
Nos
animais que tiveram contato com os objetos, foi observado um intensa
movimentação de impulsos elétricos durante o sono de ondas lentas. Os neurônios
foram ativados neste período, quando a memória foi reverberada do hipocampo
para o córtex.
Durante
o sono REM foi registrado um aumento no córtex, mas não no hipocampo. “As duas
fases do sono têm funções complementares”, explicou o pesquisador. Na fase de
ondas lentas ocorre a reverberação da memória e durante o sono REM, os genes
são ativados e a memória é armazenada. “A gente acredita que o sono de ondas
lentas é um processo biológico que preserva as memórias e fica reverberando,
fica trazendo estas memórias a tona até que venha o sono REM. A combinação
destas duas preserva a propagação das memórias”.
Dormir pra aprender
Se
o sono é importante para o armazenamento da memória, se faz necessário
aproximar o horário das aulas com o do sono. Em outro experiência, desta vez
com alunos de uma escola de Natal, a equipe constatou que o sono ajuda no
aprendizado. Em uma aula de 10 minutos, os alunos aprenderam palavras novas.
Logo depois, dormiram por 2 horas. O grupo que dormiu conseguiu lembrar mais
das palavras que o grupo que não dormiu. Aqueles que ficaram de olhos fechados,
mas não conseguiram cair no sono, ficaram em posição intermediária. “O sono
facilita a reestruturação da memória”.
Por
Gerson Aragão
Fonte
JusBrasil Notícias