Saiba como se proteger dos possíveis riscos de
transmissão de vírus pelo carregador
Já
imaginou ter todos os dados do seu smartphone roubados por causa de um simples
descuido na hora de colocar o dispositivo para carregar? Apesar de parecerem
inofensivos, os carregadores de celulares podem servir como um meio para a
transmissão de códigos maliciosos.
Especialistas
ouvidos pelo UOL Tecnologia afirmam que, apesar desse tipo de infecção não ser
comum, não é improvável que haja uma possível "epidemia" nos
celulares em um curto espaço de tempo.
Há
pelo menos duas formas em que o carregador pode servir como transmissor de
vírus para o seu smartphone. Uma delas pelo uso do cabo USB em um dispositivo
(computador, por exemplo) infectado. A outra é o uso de um "carregador
alterado" capaz de instalar um 'malware' [software mal-intencionado] e
roubar todas as informações armazenadas no celular.
"Com
o aumento do uso dos smartphones, bem como a ampliação de suas funcionalidades,
que incluem até transações financeiras, esses dispositivos acabam despertando
cada vez mais o interesse dos hackers", diz João Carlos Lopes, professor
de Engenharia da Computação do Instituto Mauá Tecnologia.
Ainda
que o caminho mais habitual para a transmissão de vírus para os smartphones
seja a instalação de aplicativos, para Lopes, os carregadores começam a ser
incluídos na lista de potencialidades dos invasores.
Segundo
Lopes, já há estudos nos EUA que mostram essa tendência, ainda não muito
habitual, de uso do carregador como um vetor de infecção em smartphones.
"O
mesmo cabo que você carrega o celular também serve para a transferência de
dados. Por isso é tecnicamente viável a instalação de vírus nesse simples
processo", aponta Lopes.
Para
interceptar e roubar dados, os criminosos podem instalar um dispositivo no
carregador - que é capaz de instalar um código malicioso no smartphone -, e transmitir os "dados roubados"
quando o dispositivo estiver conectado à internet. Segundo Lopes, essa é uma maneira
"possível, mas não comum" de infectar um celular.
A
maneira mais usual de transmissão de vírus pelos carregadores, como aponta
Rovercy de Oliveira, especialista de segurança da informação da consultora Real
Protect, é o uso do USB em computadores ou em qualquer outra fonte que pode
estar infectada --propositalmente ou não.
"Sede" por carregar celular em qualquer
lugar expõe usuário
O
smartphone é cada vez mais utilizado como mapa, jornal, diário, contador de
passos, biblioteca --até mesmo como telefone, às vezes. Todas essas funções
consomem a bateria do telefone, e cada vez mais os usuários procuram pontos de
carregamento compartilhados, em locais como aeroportos, shoppings e
estabelecimentos comerciais.
São
esses os momentos em que o aparelho fica mais vulnerável a uma infecção feita
por meio do carregador.
"Vale
lembrar que pode se tratar de um dispositivo [o ponto de carregamento
compartilhado] que pode estar contaminado com malware, você corre o risco de
ter seus dados roubados", afirma Oliveira.
Dispositivos desconhecidos aumentam risco de infecção
O
especialista diz que o mesmo perigo ameaça o usuário quando o celular é
carregado em um computador que o usuário não conhece a procedência.
"O
problema, nesse caso, não é bem o carregador, mas a maneira como se carrega o
dispositivo", diz Oliveira. "Para comprovar a vulnerabilidade dos
celulares, os organizadores de uma feira disponibilizaram plugs USB pelo espaço
ocupado pelo evento, para que os participantes carregassem seus smartphones.
Mas, ao conectar os dispositivos, os usuários eram alertados sobre uma ameaça.
Mas esse tipo de alerta que não se repete no dia-a-dia".
Como
afirma Lopes, para os leigos é "quase que imperceptível" notar a
diferença de dispositivos maliciosos ou não. E, por esse mesmo motivo, o
professor recomenda alguns cuidados básicos.
Precauções
também destacadas por Oliveira: "Ainda que essas interceptações não sejam
tão fáceis e não sejam praticadas por qualquer hacker, as maneiras de se
proteger são extremamente simples que valem ser seguidas."
Confira sete dicas para proteger seu smartphone do
"risco carregador"
1. Não menospreze os possíveis riscos
O
maior problema, segundo especialista em segurança da informação, é as pessoas
ignorarem os riscos e acreditarem que estão livres de qualquer tipo de invasão.
"Nunca é demais ser prevenido", ressalta Oliveira.
2. Instale e mantenha atualizado um antivírus
Para
se proteger de possíveis invasores, vale instalar e manter atualizado um
antivírus. "Ainda que a proteção não seja 100%, é um recurso que tem se
tornado cada vez mais necessário, desde que os celulares adotaram as funções de
um computador", diz Oliveira. O usuário pode buscar aplicativos desse tipo
--em versões gratuitas e pagas--, tanto para Android quanto para iOS.
3. Não compre carregadores "piratas" ou de
procedência duvidosa
Na
tentativa de economizar, muitos usuários acabam recorrendo aos
"carregadores piratas". Mas, segundo Lopes, essa suposta economia
pode acabar saindo ainda mais cara que o valor de um acessório original.
"Além do risco de você pegar um vírus, há uma grande chance de o produto
de procedência duvidosa afetar a saúde de seu aparelho."
Em
nota, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que possui
regulações sobre certificação de baterias e carregadores (Resolução nº 481, de
10 de setembro de 2007 e Resolução nº 442, de 21 de julho de 2006) e que os
acessórios que respeitam esses requisitos apresentam garantias aos usuários
quanto ao desempenho elétrico. "A certificação é uma etapa necessária para
que o equipamento obtenha a homologação da Agência. Sem a homologação, os
produtos de certificação obrigatória não podem ser comercializados no
país."
4. Evite pegar carregadores emprestados
"Um
novo modelo de serviço que está se expandido no mercado é o empréstimo de
carregadores em lugares públicos ou publicados, baladas ou em qualquer
estabelecimento", afirma o professor da Mauá, que recomenda que os
usuários se certifiquem que o acessório seja original. "Na dúvida, o
melhor é ficar sem bateria, mas resguardar todos os seus dados", diz
Lopes.
5. Certifique-se da procedência dos computadores que
servirão de transmissão de energia
Evite
plugar o seu celular via USB em computadores/tablets públicos ou em qualquer
outro dispositivo que você desconheça a procedência. Certifique-se que o
computador que servirá de transmissor de energia não esteja contaminado, e que
ele tenha um antivírus instalado e atualizado. "Você até pode conhecer a
procedência do computador, mas se houver um vírus instalado nele, certamente
poderá infectar o seu celular", relatou Oliveira.
6. Faça a recarga com o celular desligado
Essa
é a dica de ouro, como apontou o especialista em segurança da informação.
"Com o celular desligado, você protege todas as informações que estão
armazenadas no dispositivo e consegue carregar a bateria de uma maneira muito
mais segura."
7. Se não for possível desligar o smartphone, opte por
desligar a transferência de dados
Mesmo
não sendo uma medida tão efetiva como desligar o smartphone, a opção de
desativar a transferência de dados pode ser uma alternativa paliativa para
aqueles usuários que não podem ficar com o celular desligado enquanto aguarda a
carga ser completada. "Um
aplicativo malicioso pode ativar, sem que o usuário perceba, a transferência de
dados. Por isso, essa não é a opção mais segura", explica Oliveira.
Por
Larissa Leiros Baroni
Fonte
UOL Tecnologia