De interesses até um passado profissional condenável,
veja o que o Google pode contar para o headhunter
Os limites e cuidados para não acabar com sua reputação nas redes sociais já foram mais do que alardeados. No dia a dia, vale lembrar que a vida digital não se resume ao que você posta ou vivencia no Facebook, LinkedIn, Twitter e afins. E isso se estende para questões de carreira também.
Embora
as redes sociais sejam figuras carimbadas no processo de seleção, quase todos
os recrutadores consultados por EXAME.com afirmam que uma busca no Google é
indispensável para determinados cargos. “Eu deixo isso para os três finalistas
em cargos de alta gestão”, conta João Marco, diretor-executivo da Michael Page.
E
ele admite que informações encontradas no Google já ajudaram a mudar os rumos
de um processo de seleção – como quando descobriu que um dos candidatos
finalistas a um cargo executivo foi um dos pivôs de um escândalo financeiro
numa antiga companhia.
Agora
é fato que os dados coletados na internet não acabam com as chances de um
candidato sozinhos. “É uma ferramenta e como tal faz apenas parte do processo.
Não é o fim do processo”, afirma Paulo Weinberger, da 2GET.
Mas
pode dar algumas pistas valiosas para os recrutadores. “A mentira sempre teve
perna curta, mas hoje com o acesso a mais informações é desmascarada mais
rápido”, diz o diretor da Michael Page.
1. Contexto da sua experiência profissional
Quem
não é prolixo e segue as regras para um currículo ideal lista apenas as
empresas que trabalhou, o período, atribuições e resultados. Mas, em alguns
casos, uma busca básica no Google pode revelar a situação da companhia no
período que você trabalhou por lá. Dados que, dependendo do contexto, podem
revelar muito sobre seu perfil profissional.
Por
exemplo, se a pessoa trabalhava na área de logística da empresa, posso
encontrar notícias que apontem problemas na cadeia de distribuição que geraram
um prejuízo justamente na época em que o candidato atuava na companhia.
“Com
base nessas informações, posso fazer um novo contato com ele para checar qual
foi a participação dele, por exemplo”, diz o diretor da Michael Page. “Mas é
preciso bom senso para avaliar a situação”.
2. Referências mais “desbocadas”
É
fato que quase ninguém colocaria na sua lista de referências alguém que pode
criticar seu trabalho. Certo? Pois, alguns recrutadores conseguem descobrir na
internet outros nomes capazes de avaliar seu perfil profissional, como ele
realmente é.
“Se
sentirmos que o contato não passa credibilidade, buscamos outro contato para
verificar aquela informação”, afirma Leonardo Rebbit, CEO da Curriculo
Autêntico, empresa de auditoria de currículos.
3. Seus hobbies e afinidades
Na
equação final, descobrir quais fóruns você participa na internet ou encontrar
seu nome no site de algum grupo específico, evidentemente, não será mais importante
do que sua experiência ou formação. Mas pode revelar se seus valores, por
exemplo, podem ser compatíveis com o da empresa.
As
suas interações em ferramentas como o Yahoo! Respostas também podem revelar
mais do que você imagina. “Há pessoas que vão à internet perguntar informações
sobre doenças, por exemplo. Dependendo da periodicidade desta prática, é
possível conhecer o histórico de saúde do candidato”, diz Rebbit.
4. Palestras, artigos e entrevistas
“No
início de carreira, você encontra mais dados pessoais do profissional na
internet. Mas conforme ele vai crescendo na carreira, isso começa a se
inverter”, afirma Weinberger, da 2GET.
Isso
significa que, dependendo da sua área de atuação e posição hierárquica, todas
as palestras que participou, artigos que escreveu e entrevistas que deu podem
aparecer no radar do recrutador. E podem contar ou subtrair pontos da visão que
ele terá de você.
5. Atos falhos
Inscrever
seu currículo em diversas plataformas de recrutamento pode ser uma boa
estratégia para ampliar suas chances. Mas, para os discípulos de Pinóquio de
plantão, este pode ser o caminho para a própria cova.
“Se
há discrepâncias entre estes currículos pode ser sinal de que há mentira ali”,
diz Rebbit, que criou um método próprio para se blindar contra mentirosos
profissionais.
Por
Talita Abrantes
Fonte
Exame.com