Instituto recomenda que, uma vez diagnosticada a doença, tratamento comece em até 3 meses. Guia, sem força de lei, visa melhorar sobrevida de pacientes
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) anunciou sete novas recomendações para controlar a mortalidade do câncer de mama. Entre as orientações, o instituto estabelece que toda mulher com diagnóstico de câncer de mama deve iniciar seu tratamento no prazo máximo de três meses. Além disso, o texto afirma que mulheres diagnosticadas com a doença devem ser acompanhadas por uma equipe multidisciplinar especializada, com médicos, enfermeiro, psicólogo, nutricionista, assistente social e fisioterapeuta.
As recomendações ocorrem em meio ao Outubro Rosa, um movimento realizado no mundo inteiro que busca chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama. Segundo o Inca, esse tipo da doença é o responsável pela morte de 12.000 mulheres por ano no Brasil - e também o que mais mata a população feminina em todo o país, com exceção da região Norte.
Embora as sete recomendações divulgadas não tenham força de lei, o Inca argumenta que, se elas forem seguidas pelas secretarias municipais e estaduais de saúde e pelos consultórios particulares, têm potencial para reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida das pacientes com tumores de mama.
As medidas se somam às que foram lançadas em 2010, que tiveram o foco em ações de prevenção, detecção precoce e informação de qualidade.
Sete recomendações do INCA para o câncer de mama:
1. Toda a mulher com diagnóstico de câncer de mama confirmado deve iniciar seu tratamento o mais breve possível, não ultrapassando o prazo máximo de 3 meses.
Estudos científicos mostram que atraso superior a três meses entre o diagnóstico e o início do tratamento do câncer de mama comprometem a expectativa de vida da mulher (sobrevida).
2. Quando indicado, o tratamento complementar de quimioterapia ou hormonioterapia deve ser iniciado no máximo em 60 dias e o de radioterapia no máximo em 120 dias.
O prazo para o início do tratamento complementar é um componente crítico no cuidado do paciente com câncer de mama. Atrasos no início do tratamento complementar aumentam o risco de recorrência local da doença e diminuem a sobrevida. Em algumas situações de tratamento com quimioterapia, a radioterapia pode ocorrer apos os 120 dias.
3. Toda mulher com câncer mama deve ter seu diagnóstico complementado com a avaliação do receptor hormonal.
Os receptores hormonais são proteínas que se ligam aos hormônios mediando seus efeitos celulares. A avaliação é feita no material da biópsia que medirá um percentual dos receptores nas células tumorais. A dosagem desses receptores permite identificar as mulheres que irão se beneficiar do tratamento complementar chamado hormonioterapia. A presença de receptores hormonais nos tumores de mama é alta na população e aumenta com a idade.
4. Toda mulher com câncer de mama deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar especializada que inclua médicos (cirurgião, oncologista clínico e um radioterapeuta), enfermeiro, psicólogo, nutricionista, assistente social e fisioterapeuta.
O câncer de mama é uma doença complexa cujo tratamento requer a cooperação de diferentes profissionais e saberes. A experiência mundial aponta que serviços que oferecem uma abordagem multidisciplinar e multiprofissional têm melhor desempenho no tratamento do câncer de mama.
5. Toda mulher com câncer de mama deve receber cuidados em um ambiente que acolha suas expectativas e respeite sua autonomia, dignidade e confidencialidade.
Acolher as mulheres em suas necessidades nas diferentes etapas do tratamento, por meio de abordagem humanizada que respeite seus direitos, possibilita um melhor enfrentamento da doença.
6. Todo hospital que trata câncer de mama deve ter Registro de Câncer em atividade.
Os Registros Hospitalares de Câncer coletam informações essenciais para acompanhar, monitorar e avaliar a qualidade do tratamento oferecido à mulher. As informações dos Registros subsidiam a implementação de políticas e ações de melhoria contínua na busca de padrões de excelência no tratamento.
7. Toda mulher com câncer de mama tem direito aos cuidados paliativos para o adequado controle dos sintomas e suporte social, espiritual e psicológico.
O câncer é uma doença que fragiliza seu portador e familiares em diferentes dimensões da vida. O suporte social, espiritual e psicológico para os pacientes e familiares fortalece os sujeitos para o enfrentamento da doença.
Fonte Veja Online