Para evitar o esgotamento, é preciso aumentar a carga
de estudos aos poucos
A
vida de quem vai prestar um concurso público não é fácil. Falta tempo e sobra
ansiedade para os estudos, e é preciso ter força para não desmoronar diante de
eventuais (e prováveis) reprovações. Segundo
Nestor Távora, professor da LFG Concursos, passar na seleção para a carreira
pública pode ser rápido, ou demorar muito. “Costumamos
dizer que, em média, o caminho até a aprovação pode levar de 6 meses a 6 anos”,
afirma. “Nada dentro desse período nos surpreende”. Além
de doses cavalares de paciência e determinação, o candidato também precisa
eliminar hábitos que comprometem suas chances de sucesso. Veja a seguir 5
deles:
1. Não prestar atenção suficiente às regras do jogo
Ler
o edital uma ou duas vezes não basta: é preciso analisar o documento com o
mesmo afinco com que você se debruçaria sobre um contrato. Ignorar um mero
parágrafo do texto pode eliminar até os candidatos mais preparados. Estudar o
edital com afinco — ainda que as apostilas de estudo pareçam muito mais
interessantes e importantes do que as dezenas de páginas do documento — é
fundamental para garantir a sua aprovação.
Outro
ponto de atenção é o perfil da banca avaliadora, diz o professor Nestor Távora,
da LFG Concursos. Há uma diversidade enorme nesse sentido. Certas bancas cobram
estritamente o texto da lei, enquanto outras exigem doutrinas e autores
específicos, ao passo que algumas preferem o ponto de vista de determinados
tribunais.
Quem
não conhece as especificidades do comitê avaliador tem muita dificuldade para
orientar seus estudos e, consequentemente, fazer uma boa prova.
2. Estudar sem critério nem agenda
De
acordo com Domingos Cereja, professor da Academia do Concurso, outro erro grave
está em não organizar a sua preparação. Não funciona estudar apenas direito
constitucional por uma semana, só matemática na outra, e só português na
seguinte, por exemplo.
“Se
você fizer assim, ficará muito tempo sem ver um determinado assunto, e
precisará retomá-lo do zero lá na frente”, diz o especialista. O ideal é
distribuir homogeneamente as disciplinas ao longo da semana, de preferência com
duas matérias bem diferentes por dia — até para deixar as sessões menos
cansativas.
Exagerar
na carga horária de estudo, ainda mais se você estiver começando, também não
funciona. “É como uma sessão de musculação: se você já levanta um peso de 15 kg
na primeira vez, vai acabar se lesionando”, diz Cereja. "É melhor
intensificar os seus esforços aos poucos".
3. Não se exercitar
Ler
apostilas não é suficiente para a preparação, diz o professor Cereja, porque a
única forma de assimilar um conteúdo é colocá-lo à prova. “Quando você faz exercícios
e simulados, dá espaço para que as suas dúvidas apareçam”, explica. A dica é
buscar provas de anos anteriores e resolvê-las com tempo cronometrado e, claro,
sem consulta. Quanto mais verossímeis forem as suas simulações do exame, mais
chances você tem de se dar bem na hora H.
O
treino deve ser complementado por fichamentos de leitura. Ao elaborar um resumo
da matéria com suas próprias palavras, diz Távora, o estudante começa a se
apropriar do conteúdo. Além de ganhar fluência e segurança na disciplina, ele
ainda economizará tempo, porque poderá estudar seus próprios fichamentos no
lugar dos livros completos.
O
ideal é escrever esses apanhados da matéria à mão. Segundo pesquisadores das
universidades de Princeton e da Califórnia, quem registra informações com papel
e caneta tem mais facilidade para compreendê-las e memorizá-las do quem as
digita.
4. Usar materiais pouco confiáveis
Muitas
vezes, nem um cronograma perfeito e nem as melhores técnicas de estudo garantem
a aprovação de um candidato. O que pode haver de errado? A qualidade dos livros
e apostilas usados na preparação, responde o professor Távora.
Segundo
ele, muitos candidatos não contam com orientação e acabam se apoiando em fontes
de qualidade duvidosa para seus estudos. Em alguns casos, o material está
apenas desatualizado — o que é especialmente grave para as disciplinas de
Direito. “As leis e interpretações estão sempre mudando, e muitos concursos
cobram essas inovações”, explica ele.
Sites
e fóruns de discussão na internet podem ser excelentes aliados, mas é preciso
usá-los com cuidado. Assim como livros, professores e cursos preparatórios, os
recursos online também têm qualidade variável. Para piorar, muitos grupos na
internet só servem para disseminar boatos e assustar candidatos. “Tenha rigor
ao escolher suas referências”, recomenda Távora.
5. Ser otimista (ou pessimista) demais
A
inteligência emocional é, de longe, um dos recursos mais importantes para lidar
com a frustração, persistir nos estudos e se concentrar na hora da prova. Veja
6 táticas para manter a serenidade antes e durante o exame.
Em
alguns casos, a insegurança e o medo da reprovação paralisam o estudante: a
certeza do fracasso tira o foco e torna os estudos menos produtivos. Em outros,
é o excesso de confiança que atrapalha, ao impedir que o candidato perceba as
lacunas de conhecimento que ainda precisa preencher.
A
melhor atitude é abandonar o pessimismo e o otimismo, e simplesmente olhar para
a situação da forma mais realista possível. “Com paciência, convicção e muito
trabalho duro, você é capaz de passar sim”, resume Cereja.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame.com