Num momento de crise, é natural sentir dúvidas sobre o
próprio futuro
O
mundo do trabalho anda imprevisível. Cortes, reestruturações e demissões
constantes deixam o mercado cada vez mais hostil e competitivo. Tudo sem
previsão de melhora.
Nesse
contexto de crise, é natural sentir muitas dúvidas quanto ao próprio futuro
profissional. Como se diferenciar de outros candidatos a um emprego? Quais
critérios levar em conta para aceitar ou não uma proposta? Como ser feliz em
ambientes de trabalho a cada dia mais tensos?
É
claro que receitas mágicas não existem, mas certos conselhos de carreira podem
fazer toda a diferença para a sua trajetória.
O
detalhe é que alguns deles — talvez os mais valiosos — desafiam o senso comum e
não costumam ser dados com frequência.
Com
a ajuda de três especialistas no assunto, EXAME.com complilou algumas dicas que
fogem do habitual e podem ser surpreendentemente úteis para driblar as adversidades
do mundo do trabalho. É o que você vê a seguir:
1. Não ignore o seu lado “irracional”
O
universo corporativo cultua o raciocínio lógico, mas o instinto também tem um
papel essencial para o sucesso, diz a coach Marie-Josette Brauer, presidente do
Innovation Coaching Center. Segundo ela, seguir pressentimentos sobre uma
situação ou pessoa pode levar a decisões estratégicas.
“A
intuição pode ser ouvida nos momentos mais inesperados, e possivelmente quando
for mais necessária”, diz. “É nas horas mais difíceis que ela será mais
confiável e útil”.
2. Estude muito, mas não se esqueça de viver
Brauer
é uma entusiasta dos livros, e até indica títulos clássicos sobre carreira que
podem mudar a sua vida. Ainda assim, ela ressalta que o conhecimento adquirido
em obras escritas ou cursos não é mais relevante do que aquele trazido pela
experiência prática.
Aulas
e leituras são fundamentais para a carreira, mas não substituem a vida real:
nem o profissional mais estudioso chegará muito longe se não explorar o mundo,
trocar ideias com outras pessoas e encarar desafios com a própria pele.
3. Saiba desistir
Muitos
livros de autoajuda descrevam a persistência como o grande diferencial dos
vencedores. Não é bem assim. Para o escritor e palestrante Roberto Shinyashiki,
presidente da Editora Gente, a melhor resposta a certos impasses pode ser
simplesmente “jogar a toalha”.
Está
área que claramente não tem nada a ver com você? Mudou de profissão e não vai
usar mais nada do que aprendeu na faculdade? O conselho do especialista é
direto: abandone o que não funciona mais. Às vezes é preciso se libertar de
escolhas que antes pareciam incontestáveis — ou você nunca se entregará
totalmente a projetos novos e mais promissores.
4. Não se desvie do seu caminho por pequenas
recompensas
Poucas
pessoas se dão conta de que a ambição às vezes pode prejudicar o sucesso. De acordo
com Shinyashiki, muitos profissionais perdem o foco das suas carreiras atraídos
por projetos menores que oferecem algum dinheiro extra.
“Não
vale a pena sair de um emprego interessante ou se distanciar de uma área
promissora só para ganhar um ‘dinheirinho’ a mais”, diz o escritor. Daí a
importância de cuidar das suas finanças pessoais e jamais permitir que a gestão
da sua carreira se torne refém da necessidade de pagar as contas. De certa
forma, é nadar contra a corrente: uma recente pesquisa da consultoria McKinsey
revelou que metade dos brasileiros diz viver "de salário em salário",
sem nenhuma margem de segurança financeira.
5. Mantenha certas pessoas a uma “distância segura”
Por
melhor que seja o clima na sua empresa, é provável que haja pelo menos uma
pessoa que contamina as demais com a sua negatividade. Segundo Brauer, é
importante reconhecer o mais rápido possível essas personalidades, e dar um
jeito de gerenciá-las.
“A
figura tóxica do seu ambiente de trabalho pode ser um superior, um cliente, um
colega”, explica a coach. “O importante é identificar essa pessoa e não
deixá-la estragar o seu dia, ou mesmo atrasar o seu percurso até um objetivo
profissional”.
6. Não espere que o seu empregador faça você feliz
Como
o engajamento se tornou um ingrediente obrigatório para o sucesso de um
negócio, o bem-estar dos funcionários está virando uma preocupação crescente no
mundo corporativo. Não é por acaso que empresas como o Google têm apostado em
escritórios cada vez mais repletos de "mimos" e benefícios.
Mas
será que o empregador é o único que deve lutar pela sua satisfação? Na verdade,
diz Brauer, essa é uma batalha pessoal e intransferível. “Enxergue seu ambiente
de trabalho como um espaço em que cada um deve criar a sua felicidade”, afirma.
Para aliviar o cotidiano, é melhor tirar o peso das dificuldades e cuidar do
seu próprio bem-estar.
7. Não seja modesto demais
Fazer
marketing pessoal não é fácil, sobretudo porque a prática é muitas vezes
confundida com arrogância. “Em países latinos como o Brasil, existe uma certa
vergonha em dizer que você é bom em alguma coisa”, afirma Fabrício Barbirato,
diretor do IDCE (Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos).
Esconder
as suas próprias qualidades, na tentativa de preservar a modéstia, pode ser um
grande erro na visão do especialista. Criar uma “marca pessoal” é essencial
para ser lembrado. “Nunca desperdice a oportunidade de falar sobre algo que
você fez bem”, diz Barbirato. Se souber usar o tom adequado e mencionar
acontecimentos concretos, a fala dificilmente será vista como pedante.
Por
Claudia Gasparini
Fonte
Exame.com