Para melhorar a qualidade de estudo e de memorização,
especialista em aprendizagem diz o que é certo ou errado
Você
já teve dificuldade em aprender algum conteúdo mesmo com esforço dobrado? Ou já
precisou estudar várias vezes a mesma disciplina? São situações que podem
acometer qualquer concurseiro. Mas existem técnicas de memorização que ajudam
os candidatos a alcançar um melhor desempenho nos estudos. Em entrevista ao
Correio, o especialista em aprendizagem pela Universidade da Califórnia e mestre
em estatística pela Universidade de Brasília, Victor Maia, listou 15 dicas de
certo e errado na hora dos estudos para concurso. Segundo ele, a assimilação de
conteúdo só pode ser obtida por meio do estudo ativo. “Ler e assistir a uma
aula são formas passivas e superficiais de se absorver conteúdo. Há outros
métodos além desses, que podem garantir maior eficiência na aquisição de
conhecimento”. Confira as dicas abaixo:
O que funciona
Resumos e mapas mentais: no resumo, a pessoa vai unir as informações e estruturá-las.
Assim, elas se fixam no cérebro com mais facilidade e isso permite que o
estudante acesse esse conteúdo sem precisar retornar a leitura que fez
inicialmente. Quando acabar de ler uma página, veja se entendeu as principais
ideias. Tente recordar das principais ideias novamente quando retornar a sala,
ou ao ambiente onde estuda. A habilidade de recordar - de tirar as ideias de
dentro de si - é um dos principais indicadores de bom aprendizado. Com esses
métodos, o material passa a ser consultado na memória e não somente no papel.
Resolução de exercícios: ler a teoria ou ser ensinado por alguém são atividades
passivas que são necessárias, mas nem tão eficientes. Quando apenas se ouve ou
se vê, as informações se perdem. Só nos lembramos daquilo que é mais
importante. Resolver exercícios vai fazer com que a pessoa identifique isso.
Durante a leitura, e especialmente na releitura, o candidato tem a falsa noção
de "entender" o que está escrito. O problema é que, se esse
conhecimento não for testado, corre-se o risco de ele não ser consolidado na
memória do aluno. Essa prática também ajuda a entender o estilo de avaliação e
favorece o discernimento entre o conhecimento superficial e o realmente
relevante.
Estudo em ciclos:
organize o estudo de cada disciplina em ciclos. O cérebro funciona como um
músculo - pode lidar com uma quantidade limitada de um tipo de exercício por
vez. O concurso não exige o quanto você se sacrifica, mas o quando você sabe.
Analogias:
sempre que tiver dificuldade com um conceito, pense em como o explicaria de
forma que até uma criança entenderia. Usar analogias ajuda muito. Por exemplo,
para lembrar o número de Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pense em
"Somos um Time de Futebol". Nunca mais esquecerá que o STF possui 11
ministros!
Descanso:
a qualidade do sono afeta diretamente as funções intelectuais de modo decisivo,
regulando as forças mentais durante o período ativo do dia e armazenando o conhecimento
e as experiências valiosas da pessoa enquanto ela dorme. Aprende melhor quem
está descansado, calmo, bem alimentado e que pratica exercícios regularmente.
Esses efeitos possuem larga comprovação científica.
Ensinar:
a melhor forma de aprender é ensinar. O desafio é ensinar algo que ainda não se
sabe, por isso, esse processo deve gradativamente mover-se da leitura (passiva)
para a prática (ativa). Explicar conteúdos para algum familiar ou amigo é uma
boa forma de colocar isso em prática.
Imaginar a vitória: tenha próximo ao seu local de estudo uma imagem ou mensagem
que te lembre como sua vida mudará quando for aprovado. Pense na estabilidade,
na boa remuneração, nas boas condições de trabalho, no bem que fará a sociedade
e na vida que proporcionará a sua família. Isso te dará motivação para
continuar.
O que não funciona
Releitura passiva:
sentar-se passivamente passando os olhos pelas páginas é inútil. Ler novamente
é perda de tempo, a não ser que você perceba que a matéria está indo para o
cérebro ao relembrar as ideias principais.
Grifos excessivos:
marcar o texto pode fazer você pensar que está aprendendo, mas você não faz
nada mais que mexer um pouco as suas mãos. Em algumas vezes isso é importante
para destacar ideias principais. Mas se você quer aprender, garanta que seus
grifos também estejam indo para sua cabeça.
Ver as respostas e assumir que entendeu: esse é um dos piores erros cometidos pelos
estudantes. Você deve ser capaz de resolver o problema passo a passo sem
consulta às respostas antes da resolução.
Estudar de última hora: seu cérebro é como um músculo. Ninguém corre uma maratona do
dia para a noite apenas com força de vontade. É preciso treinamento gradativo.
Resolver os mesmos tipos de exercício: é tentador continuar resolvendo questões
do tipo que você acerta sempre, mas você está se enganando. Você só está
realmente proficiente em um assunto quando consegue dissertar sobre ele.
Não
estudar teoria antes de fazer exercícios: você entraria no mar antes de saber
nadar? Os exercícios mostram o conhecimento concreto que você precisa, mas,
ainda assim, não adianta muito fazê-los sem ter o mínimo de conhecimento
teórico.
Não tirar dúvidas:
existem três tipos de alunos. Os que não entenderam nada, os com dúvida, e os
mentirosos. Não siga adiante com uma dúvida conceitual. Provavelmente você terá
dificuldade com o resto da disciplina.
Pensar que pode aprender quando está distraído: cada conferida às redes sociais significa
menos capacidade cerebral para aprender. As distrações destroem as raízes das
sinapses cerebrais antes que elas consigam crescer.
Fonte
Correioweb