terça-feira, 7 de julho de 2015

NOVAS ÁREAS DO DIREITO VÃO DEMANDAR MÃO DE OBRA QUALIFICADA, DIZEM ESPECIALISTAS


O curso de Direito traz para o profissional formado múltiplas oportunidades de atuação no mercado de trabalho. Atualmente, o estudante que deseja atuar como advogado pode optar, por exemplo, por se empregar em escritórios com prestação de serviço focada em setores mais tradicionais como o civil, o trabalhista e o criminal. Porém, tendo em vista novas demandas no ramo jurídico, especialistas indicam que já há a necessidade de mão de obra para “novas” áreas, orientadas para resolver questões sobre leis ambientais, desportivas e relacionadas a crimes cometidos pela internet. Para atuar nesses segmentos, com possibilidade de receber salários altos, os interessados, no entanto, devem estar preparados para buscar por especializações.
— O Direito tem algumas áreas que ainda não tem nenhum representante. O Direito da Internet, por exemplo, ainda está nascendo. Ele não tem grandes nomes, nem leis que o regulamente direito. Então, é um ramo muitíssimo favorável para os futuros profissionais. O Direito do Petróleo e Gás é um outro ramo que tem pouca gente que conhece. A regulamentação das matrizes energéticas é um ramo muito atual, no mundo inteiro. O Direito do Entretenimento, que cuida dos contratos de grandes eventos e show, por exemplo, também fica na mão de poucos escritórios. O próprio Direito Desportivo fica restrito nas mãos das pessoas que são criadas nas confederações esportivas — explica Leonardo Rabelo, coordenador do curso de Direito na Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.
Para atuar como advogado, é necessário empenho. Além de concluir o curso de Direito, que dura cinco anos, o estudante precisa ainda passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
— A partir desse ano, com o novo Código de Direito Civil, mudou tudo no Direito brasileiro. Hoje, o advogado não é mais um “brigador”. Ele é um conciliador e um profissional que vai evitar problemas. É o que chamamos de advocacia preventiva. Um advogado que atua nas questões de meio ambiente, por exemplo, vai estar sempre buscando o embasamento legal para prevenir que as empresas sejam multadas em casos de poluição e desmatamento porque ele vai conhecer as consequências dessas ações e vai evitar que sua empresa os cometa — diz Rabelo.
Flávio Ahmed, Diretor da Escola Superior de Direito do Rio de Janeiro, diz que todas essas novas áreas vão demandar dos profissionais a necessidade de especialização além da graduação.
— Os novos direitos são aqueles que não encontram espaço na grade básica das universidades de Direito. As mudanças pelas quais a sociedade passa vão criando um sem-número de leis, que vão sendo aprovadas para dar conta dessas novas realidades. Em decorrência disso, é necessária a especialização do profissional naquilo que chamamos de novos direitos. Hoje, você tem desde os cursos de extensão, mais curtos, que dão ao advogado o primeiro conhecimento com a matéria, até os mestrados e doutorados. Há também um fortalecimento dos mestrados profissionalizantes, que tem perspectiva diferente do acadêmico, pois tem um perfil mais orientado na atuação no mercado e trabalho.
Pela falta de profissionais especializados nessas novas áreas, o professor explica que quem chega ao mercado está sendo bem valorizados.
— Há a necessidade desses profissionais no mercado. Exatamente pela carência de cursos e profissionais qualificados nesses novos ramos, você tem uma recepção melhor por parte do mercado — explica Ahmed.
Rabelo acrescenta que, por essa questão de demanda, os advogados que atuam nessas novas áreas tendem a ser bem remunerados.
— Hoje, um advogado que vai trabalhar em um escritório de massa tem como remuneração inicial cerca de R$ 2 mil. Nessas novas áreas, as chances de uma remuneração acima do padrão de mercado é bem maior. É uma questão de mercado: se tem menos gente fazendo, ele poderá cobrar mais pelo serviço.
Segundo os especialistas, embora já seja imediata a demanda por profissionais nesses novos segmentos do Direito, ainda nos próximos anos serão essas as áreas que vão estar abertas para a mão de obra qualificada.

Por Fabrício Provenzano
Fonte Extra – O Globo Online