segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

NOVA DROGA PARA TRATAMENTO DO CÂNCER SUBSTITUI A QUIMIOTERAPIA


Comercializado no mercado nacional a nova droga que promete revolucionar o tratamento do câncer de mama substituindo, inclusive, o uso da quimioterapia. A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início da comercialização do medicamento Kadcyla (nome comercial do TDM1, o Trastuzumab emtansine), popularmente chamado de “Cavalo de Troia”, que representa uma esperança para as pacientes com câncer de mama avançado HER2, já que a atuação do anticorpo da droga age diretamente no DNA da célula tumoral. Os pesquisadores já começaram a estudar a adoção deste medicamento também para as pacientes que identificam o câncer logo no início e tem cura.
A nova droga, uma associação de um anticorpo carregado com um quimioterápico, funciona sendo injetada na circulação sanguínea a cada 21 dias, se fixando na célula alvo e, quando então entra no tumor, libera a quimioterapia dentro dele, como se fosse um míssel com estrago delimitado. O efeito sobre o organismo acaba sendo menor e, no interior da célula, 80 vezes mais potente que uma droga taxano, usada no tratamento quimioterápico do câncer de mama. Para José Luiz Pedrini, vice-presidente da Região Sul da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), em breve será possível fazer o tratamento químico somente com estas drogas, evitando a quimioterapia tradicional e os seus indesejáveis efeitos colaterais.
Algumas pacientes portadoras do câncer de mama metastático tipo HER2, do Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre, testaram a nova droga depois de já terem passado por falhas em diversos tratamentos e obtiveram uma resposta excelente, com efeitos colaterais toleráveis e bem menores que os da quimioterapia prolongada. Com o uso do Kadcyla, além de não haver queda de cabelo, um dos principais efeitos colaterais da quimioterapia, as pacientes portadoras da doença enfrentarão um número bem menor de náuseas, diarréia ou vômitos. Além da dispensa de terapias pouco eficientes, muitas mulheres poderão prescindir também a mastectomia.
José Pedrini explica que no futuro as drogas serão individualizadas usando a melhor terapia com comprovada eficácia e com qualidade de vida. “Estas drogas podem ser usadas por grandes períodos enquanto perdurar o efeito positivo ou até que a droga apresente toxicidade incompatível com o bem estar físico. Enquanto a cura química não existe para a doença avançada de mama, vamos fazendo o controle através de estratégia de medicamentos, deixando os tumores sem atividade”, completa. 
O medicamento é considerado o maior avanço no tratamento químico para câncer dos últimos 40 anos, aumentando a sobrevida das mulheres com câncer de mama metastático tipo HER2 positivo, que equivale a 32% dos casos totais. “O tratamento com o Kadcyla é mais rápido bem tolerável, apresenta maior eficácia, sem queda dos cabelos. Já foi constatado um benefício clínico de 50%, reduzindo a mortalidade em 38% no período de estudo, comparado com a terapia tradicional”, afirma José Pedrini, acrescentando ainda que a droga é a primeira com este mecanismo de ação no mundo e que logo essa realidade será estendida a outras doenças malignas – não só as de mama.

Por Sociedade Brasileira de Mastologia