Entre todas as carreiras profissionais “tradicionais”,
a de advogado sempre foi a mais localista e menos exposta ao exterior. As
diferentes legislações nacionais transformavam o mundo do direito num espaço
fechado e sem muita relação externa.
Ser advogado consistia em terminar a
faculdade com as melhores notas possíveis, entrar na firma de advocacia mais
prestigiosa da cidade e começar a ganhar casos. Talvez fazer algum mestrado ou
doutorado na universidade local para ganhar prestígio ou entrar no mundo acadêmico,
já pensando na “aposentadoria”.
Mas a globalização também está chegando ao
mundo dos advogados, especialmente para os advogados de empresas. As grandes e
médias empresas do mundo, e também do Brasil, começaram a operar nos mercados
vizinhos da América Latina. E também dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. Nos
últimos 15 anos, o número de empresas brasileiras que negociam contratos e
acordos no exterior está se multiplicando, apesar de que o Brasil segue sendo
um dos países do mundo onde as relações econômicas com o exterior pesam menos.
Esta globalização e internacionalização das
empresas brasileiras está afetando os departamentos jurídicos, e os
profissionais que trabalham neles. Falar inglês e espanhol já se transformou em
requisito essencial para quem quer ocupar altos postos no departamento e ter
especialização em direito comercial e internacional também.
Muitos advogados voltaram a estudar relações
internacionais, comércio e inclusive a fazer MBAs. Nos escritórios, começa a
soar uma nova sigla: LLM (Máster in Laws), que é considerado o “MBA dos
advogados”.
Os LLMs são populares nos Estados Unidos há muito
tempo, especialmente os que são focados em direito comercial internacional. Na
Europa, eles existem há alguns anos e, pouco a pouco, estão começando a ficar
populares nos países emergentes. Especialmente aqueles que combinam os temas
legais com comércio e experiência internacional.
Quem estiver pensando em fazer um LLM, pode
consultar o ranking internacional publicado todos os anos pelo Financial Times (http://rankings.ft.com/lawschools/llm-listing-2013).
Ao contrário dos famosos MBAs, só existe este ranking que, na realidade, é uma
lista com os LLMs mais prestigiosos do mundo.
São 85, entre eles o da FGV, o único cujas
classes são em português. O inglês é o idioma predominante neste tipo de pós-graduação
já que 90% das escolas da lista do Financial Times são dos Estados Unidos e do
Reino Unido.
Aqueles que já dominam o idioma de
Shakespeare e querem aproveitar a pós-graduação para aprender outra língua,
podem viajar para a Espanha onde escolas como o IE Business School e outras
quatro oferecem cursos em inglês e espanhol, ou para a França e a Bélgica onde
o Colégio da Europa oferece o curso em francês.
Os principais LLMs são full-time, mas
existem modalidades part-time, destinadas a advogados com uma experiência
profissional de peso. Ao contrário dos MBAs, que aceitam estudantes com
diferentes títulos universitários, a maioria exige formação em Direito. Os LLMs
chegaram para ficar nas carreiras profissionais dos advogados.
Por Igor Galo
Fonte O Globo Online