Os erros mais comuns
cometidos por quem pensa estar acumulando patrimônio, mas na verdade está desperdiçando
dinheiro
Investir em bens que engessam o orçamento
diante de uma crise financeira ou em aplicações populares, mas arriscadas, é um
tiro no pé para quem busca acumular riqueza. Ao tomar essas decisões, o
investidor acaba, na verdade, se afastando do seu objetivo de enriquecer.
Criar um patrimônio exige tanto que as
aplicações financeiras como o estilo de vida do investidor sejam sustentáveis. Dessa
forma, os recursos não são corroídos diante de mudanças no cenário econômico ou
pelas expectativas de ganho rápido.
Conheça a seguir os erros mais comuns que
podem destruir o seu patrimônio:
1 Acumular bens sem
planejamento
Há quem pense na compra de um carro ou imóvel
como uma forma de investir. Mas, se esses bens não forem adquiridos de forma
consciente e planejada, e o investidor optar por longos financiamentos, eles
podem se tornar um problema.
O comprador pode enfrentar dificuldades para
arcar com os custos dessas aquisições em um período longo de tempo ou, ao se
esforçar para mantê-los, pode comprometer a flexibilidade do orçamento familiar.
Se no futuro houver a necessidade de trocar
de carreira ou mudar de trabalho, as opções ficam mais limitadas por conta do
orçamento engessado, diz o consultor financeiro Gustavo Cerbasi. “O objetivo do
investidor deve ser ter mais liberdade para realizar escolhas no futuro”.
2 Diversificar da
maneira errada
Especialistas apontam que é melhor
concentrar recursos em poucos investimentos eficientes do que espalhá-los entre
diversas aplicações financeiras ineficientes, que o investidor pode ter mais
dificuldade para acompanhar.
A diversificação é a estratégia de "não
colocar todos os ovos em uma cesta só" e pode ser positiva no sentido de
que, se a escolha de um investimento se mostrar ruim, tendo o dinheiro
investido em outras aplicações, o prejuízo é diluído.
A proposta não é esquecer a diversificação e
concentrar os investimentos, mas seguir essa estratégia de maneira inteligente,
diversificando mais quando o volume de recursos é mais alto e evitando
pulverizar em excesso os investimentos.
Se a opção é investir mais de 250 mil reais
em Certificados de Depósito Bancários (CDBs) de bancos médios, por exemplo, é melhor
dividir os recursos em mais de um banco para garantir a proteção dos
investimentos.
Até 250 mil reais, se o banco falir, o
investidor tem direito a receber o valor perdido do Fundo Garantidor de Crédito
(FGC), entidade mantida pelos próprios bancos para proteger a saúde do sistema
bancário.
Como o investidor tem uma garantia de 250
mil reais para cada banco que investir, se o objetivo for investir 400 mil
reais, vale dividir os investimentos em dois bancos para ter a proteção total
dos recursos.
Quem tem grande volume de recursos para
investir pode buscar produtos financeiros para investidores qualificados e
investimentos no exterior, que protegem contra a baixa rentabilidade de aplicações
no país em uma crise econômica.
3 Investir em tendências
O "efeito manada" do mercado
financeiro é outro erro clássico. É o que leva os investidores a caminhar todos
na mesma direção, aplicando nos investimentos que já estão em alta e
desprezando investimentos que estão em baixa, mas que podem ter um potencial de
retorno maior.
Nesses casos, o investidor pode acreditar
mais em uma pessoa próxima do que em um assessor financeiro, diz Vera Rita de
Mello Ferreira, membro do Núcleo de Ciências Comportamentais da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
Geralmente, o investidor é atraído para a
aplicação por conhecer alguém que se beneficiou muito com o investimento. Ele
imagina que pode obter esse ganho também.
Mas quando a aplicação financeira se torna
uma tendência, é hora de sair, diz Cerbasi. “As bolhas financeiras são formadas
quando muitos aplicadores acreditam que vão conseguir retornos altos com a
aplicação”.
O consultor recomenda que o investidor
resgate parte dos ganhos quando a aplicação financeira registrar retornos acima
do previsto. “Esses recursos podem ser transferidos para investimentos com
maior potencial de ganho”.
4 Acreditar que
risco é garantia de retorno
Quanto maior o risco, maior o retorno que
aplicação financeira pode oferecer. Essa premissa, muito conhecida por
investidores, pode ser verdadeira, mas muitas vezes é dita de forma incompleta.
Assim como o ganho pode ser maior, a perda também pode.
"O investidor deve estar consciente de
que o potencial de ganho é tão alto quanto o de perda", diz Vera Rita.
Ganha quem tem mais informação, consegue
acompanhar o investimento e tomar a decisão na hora certa, e não
necessariamente quem corre mais risco, diz Cerbasi.
O ideal é investir primeiro em aplicações de
renda fixa que tenham alta liquidez, como a poupança, para montar uma reserva
de emergência. Depois, optar por aplicações planejadas e conservadoras, com o
intuito de ter um nível mínimo de segurança no futuro.
Somente depois de formar essa reserva de
emergência e planejar os investimentos com foco na aposentadoria é que o
investidor deve assumir mais riscos pensando em objetivos de curto e médio
prazo.
Cerbasi também ressalta que de nada adianta
investir se as contas vivem no vermelho. “Na ânsia de ganhar dinheiro, algumas
pessoas preferem investir a pagar suas dívidas e abrem espaço para a especulação”.
5 Ter um estilo de
vida no limite da renda
A mudança de cenário econômico pode atingir
mais ou menos as finanças, dependendo do nível de planejamento e solidez dos
investimentos.
O orçamento de quem ousa comprar a melhor
casa ou carro pode ficar tão comprometido que uma leve alta da inflação pode
fazer com que as finanças saiam do controle, diz Cerbasi.
Essas oscilações podem ser menos
prejudiciais se o investidor optar por um estilo de vida mais simples. Se for
possível comprar um imóvel de até 350 mil reais, por exemplo, pode ser preferível
adquirir uma unidade que custe 300 mil reais, mas que fique blindada a um
eventual descontrole da inflação.
Com custos fixos menores, também sobram mais
recursos para destinar aos investimentos ou mesmo a gastos com educação e lazer.
“Na hora do aperto, basta se ajustar, e não se desfazer do que tem. É mais fácil
se restabelecer”, diz Cerbasi.
6 Achar que os
gastos vão diminuir na aposentadoria
Para especialistas, a crença de que a
velhice reduz gastos não é verdadeira. “É possível diminuir uma ou outra
despesa, mas gastos com saúde, por exemplo, aumentam”, diz Vera Rita de Mello.
O ideal é que, enquanto estiver ativo no
mercado de trabalho, o investidor programe uma poupança, que deve ser combinada
a um projeto empreendedor, acadêmico ou a um plano de investimento.
Cerbasi acrescenta que é importante se
dedicar a um investimento ou a um novo negócio ao longo da vida para evitar
sustos quando a renda diminuir de forma abrupta na aposentadoria.
Por Marília Almeida
Fonte Exame.com