Lugar de comida é na
barriga, não no lixo: crescem ações de conscientização
Se você frequenta redes sociais,
provavelmente já viu ou até mesmo publicou fotos de refeições apetitosas,
sobremesas e drinks. Pelo mundo, começa a surgir a tendência oposta: a de
mostrar imagens de pratos vazios, em busca de uma conscientização sobre o
desperdício de alimentos. Na China, a ‘Operação Prato Limpo’ se tornou sucesso
nos sites, com clientes de restaurantes postando fotos para provar que não
deixaram sobrar nenhum grão de arroz para ser jogado fora, e pedindo que os
amigos não peçam mais do que podem comer.
Em vários outros países, proliferam
iniciativas de ativistas, empresas e governos para que menos do que é cultivado
vá para as latas de lixo. Segundo a ONU, um terço de todo o alimento produzido
no mundo nunca é consumido: 1,3 bilhão de toneladas de lixo por ano. Os
alimentos jogados fora nas regiões industrializadas (300 milhões de toneladas/ano)
já seriam suficientes para alimentar os 870 milhões de pessoas com fome do
mundo, segundo José Graziano da Silva, diretor geral da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), ao apresentar a campanha
antidesperdício ‘Pense, Coma, Economize’, que a organização promove.
As consequências ambientais do desperdício são
enormes. Grandes quantidades de água, fertilizantes e terras são usadas para
produzir alimentos que nunca são comidos, e muita energia é gasta para processá-los,
refrigerá-los e transportá-los. A comida descartada se decompõe, sem oxigênio,
emitindo metano, potente gás do efeito estufa.
O governo da China, segundo reportagem do ‘New
York Times’, abraçou a causa dos pratos vazios: pediu às autoridades que
reduzam as próprias porções e aos restaurantes, que estimulem clientes a pedir
menos. A Coreia do Sul, por sua vez, está cobrando por peso pela coleta de lixo,
com a meta de estimular as famílias a descartar menos comida.
“Se você olhar para a história humana, as
famílias sempre aproveitavam ao máximo a comida. À medida que ficamos mais prósperos,
deixamos de nos preocupar”, alertou Richard Swannell, diretor do Programa de Ação
para Recursos e Desperdício, organização britânica, ao ‘New York Times’.
Cartilha contra o não
uso de sobras lançada no Rio
No evento Green Rio 2014, quarta e quinta-feiras,
no Jardim Botânico do Rio, será lançada a versão brasileira da campanha
internacional ‘Pensar, Comer, Preservar’, numa parceria entre o Planeta Orgânico
e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Na ocasião, será divulgada
cartilha antidesperdício, elaborada pelo Sebrae RJ e Planeta Orgânico, com
apoio do Senac RJ.
A partir da cartilha foi realizado um
projeto piloto em 10 restaurantes do Rio de Janeiro, monitorando o desperdício
de alimentos. As estatísticas sobre o tema são graves. Cerca de 25% do lixo de
hotéis e restaurantes, por exemplo, é composto por cascas, restos de pratos e
guardanapos usados, sendo que cerca de 90% do que é jogado fora poderia ser
reciclado, reutilizado ou levado para compostagem.
Em sua terceira edição, o Green Rio é a
principal plataforma de negócios da Economia Verde do Rio, com rodadas de negócios,
fóruns de debates e espaços de troca de conhecimento, apresentação de inovações
relacionadas ao desenvolvimento sustentável brasileiro e exposição de produtos.
WWF vai discutir
alimentação
O tema ‘Alimentação, Água e Energia para
Todos’ vai nortear a Conferência Anual da Rede WWF (World Wildlife Fund), que
será realizada pela primeira vez no Brasil, de amanhã até sexta-feira, no
Parque Nacional do Iguaçu (Paraná). O encontro reunirá a liderança do WWF — organização
ambientalista presente em mais de 140 países — para discutir as diretrizes
estratégicas globais da organização a partir do tema.
“Vivemos como se tivéssemos um planeta extra
à nossa disposição. Utilizamos 50% mais recursos do que a Terra pode produzir
de forma sustentável. Até 2030, nem mesmo dois planetas serão suficientes. Uma
visão integrada do uso desses recursos é de extrema urgência e relevância”, diz
Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF no Brasil.
Segundo estudos do WWF, a produção de
alimentos aumentou 45% nos últimos 20 anos. Até 2030, a demanda mundial por
energia primária e por água crescerá 26% e 53%, respectivamente. Esse aumento
na demanda impactará a produção de alimentos, que consome um terço da energia
primária e 70% da água disponível no planeta.
O Parque Nacional do Iguaçu não foi
escolhido apenas por abrigar um dos maiores patrimônios naturais da humanidade,
as Cataratas, mas também por estar num dos biomas mais ricos em diversidade
biológica e também um dos mais ameaçados: a Mata Atlântica.
Por Carolina Salles
Fonte JusBrasil Notícias