I. Propósito da
sustentação oral
Para representar seu cliente de forma
apropriada, você precisa entender os objetivos da sustentação oral dos dois
lados da bancada. Você pode então ajustar seus argumentos para cumprir esses
objetivos.
A. Propósitos dos juízes
Os juízes usam a sustentação oral para:
1. Esclarecer questões. Os juízes valem-se
da sustentação oral para ajudá-los a especificar as questões que precisam
decidir e para resolver questões secundárias, tais como jurisdição, locus
standi, relevância etc., assuntos podem surgir na resolução de recursos.
2. Esclarecer pontos relativos aos fatos e à
legislação. Os juízes podem lhe pedir para substanciar alegações fatuais, por
referência aos autos ou para explicar citações confusas de precedentes e posições
das partes.
3. Esclarecer o escopo de alegações. Juízes
podem fazer perguntas hipotéticas para testar os limites dos princípios básicos
de seus argumentos.
4. Examinar a lógica das alegações. Os juízes
podem lhe pedir para explicar inconsistências aparentes em suas alegações.
5. Examinar o impacto prático das alegações.
Os juízes irão questionar se a aceitação de suas alegações podem produzir
resultados impraticáveis, injustificáveis, difíceis de aceitar ou
despropositados.
6. Agir a favor ou contra posições
particulares. Alguns juízes usam debates para explicar seus pontos de vista e
convencer seus colegas em painéis de juízes.
B. Propósitos dos
advogados
Você deve usar a sustentação oral para:
1. Assegurar-se de que os juízes entendam e
se foquem em suas alegações. Apenas durante um debate oral você pode ficar
frente a frente com os juízes, sem a interferência de assistentes judiciários e
sem qualquer perturbação das dezenas de outros processos que os juízes têm em
suas mesas. Use essa oportunidade para persuadir os juízes a decidir em favor
de seu cliente.
2. Corrigir impressões incorretas de fatos
ou de leis que os juízes podem ter sobre o caso. Fique alerta para qualquer
indicação de que os juízes estão procedendo com base em suposições equivocadas
dos fatos ou da legislação e aproveite a oportunidade para corrigir possíveis
erros.
3. Demonstrar a racionalidade de suas posições.
Mostre aos juízes que suas posições se mantêm consistentes sob fogo e podem
suportar as hipóteses que apresentam.
4. Aplacar as preocupações dos juízes. Descubra
o que preocupa os juízes e resolva os problemas que surgirem.
5. Impressionar os juízes positivamente e
memoravelmente. Seja franco, preparado e prestimoso. Advogue posições razoáveis.
Isso vai aumentar sua credibilidade com os juízes e torná-los mais receptivos a
sua posição.
C. Sugestões de leituras
Para
ajudar a preparar sustentações orais, leia: Davis, The Argument of an Appeal;
Jackson, Advocacy Before The Supreme Court; R. Stern & E. Gressman, Supreme
Court Practice, Ch. 14; R. Stern, Appellate Practice In The United States, Ch. 8;
Prettyman, Supreme Court Advocacy Winter 1978 Litigation Magazine (1978); F. Weiner,
Briefing & Arguing Federal Appeals, Ch. VI.
II. Apresentação de
alegações
A. Substância
1. Introdução. Diga aos juízes, em duas
sentenças, porque o caso chegou a eles, que tipo de caso é esse, sua posição e
que pontos você pretende abordar.
2. Declaração dos fatos. Empregue pouco tempo
na declaração de fatos, a não ser que uma declaração mais ampla faça parte de
sua estratégia (isto é, se seu caso é particularmente forte em fatos). A porção
inicial de sua declaração normalmente é familiar aos juízes e há um risco real
de ela se perder em minúcias factuais, que vão roubar tempo valioso para as
alegações mais importantes.
3. Focalize suas alegações. Limite-se a três
ou quarto pontos fundamentais.
4. Mantenha a simplicidade e o poder de seus
pontos principais. Os juízes podem perder comentários sutis ou retóricos. Apresente
seus pontos de forma franca e direta.
5. Uso de casos.
(a) Limite a discussão de seu caso. Muitos
argumentos excelentes nunca se referem a casos específicos. Dissertação sobre
precedentes de casos, dos quais os juízes nunca leram e nunca ouviram falar
pode ser uma lamentável perda de tempo. A não ser que a interpretação de
precedentes potencialmente dominantes seja fundamental para seu caso,
normalmente é mais eficaz deixar a análise de casos para os resumos de casos e
se devotar aos argumentos que vão comunicar a lógica e o bom senso de sua posição.
(b) Não conte com autoridades que não têm
controle sobre o caso. Você pode fazer referência à conclusão de tribunais
inferiores ou de tribunais em outras jurisdições, mas não espere que os juízes,
que estão avaliando o seu caso, vão chegar a um resultado esperado só porque
outros tribunais o fizeram.
6. Conhecimento dos autos.
(a) Conheça os autos do processo. E esteja
preparado para responder perguntas sobre partes relevantes dos autos.
(b) Não saia fora dos autos. Via de regra,
abstenha-se de fazer referências a matérias fora dos autos, tais como artigos
nos jornais. Entretanto, se um juiz pergunta ou menciona alguma coisa fora dos
autos, aproveite a deixa e use esse recurso.
B. Técnica
1. Olhe nos olhos dos juízes. Caminha até a
tribuna e, então, olhe para os juízes. Então fale aos juízes e não como se
fosse para uma audiência.
2. Leve alguma coisa escrita para a tribuna.
Uma lista de pontos fundamentais a serem abordados no curso da argumentação
sempre ajuda. Sem nenhuma anotação, você pode perder sua linha de argumentação
e deixar de apresentar alegações fundamentais.
3. Não deixe que preparações desnecessárias
atrasem sua apresentação. Não perca tempo bebendo água, ajeitando a papelada,
removendo o relógio ou mexendo com o que for, na hora de subir à tribuna. Vá para
a tribuna, coloque nela seus papéis e seu relógio, espere que o juiz presidente
o identifique, e então comece a falar.
4. Mantenha-se ereto e imóvel, mas não
petrificado. Mantenha uma boa postura. Permaneça perto do microfone. Não
perambule sem rumo pela sala do tribunal.
5. Controle a comunicação não verbal. Coloque
no rosto uma expressão séria, alerta e confiante. Evite movimentos distrativos,
tais como esfregar a roupa, quando um juiz está lhe questionando. Não adote
posições belicosas, como a de cruzar os braços.
6. Seja cortês e respeitoso. O relacionamento
apropriado com os juízes e o da igualdade respeitosa. Não seja desdenhoso ou
beligerante. Ao mesmo tempo, não se mostre tímido ou intimidado. Em particular,
não ceda ou admita um ponto apenas porque um juiz, individualmente, parece
insatisfeito com sua posição.
7. Articule as palavras claramente. Os juízes
abominam murmurações e resmungos. Pode ser uma preparação útil gravar e ouvir
seus argumentos, para se assegurar de que está falando com clareza e com
confiança.
8. Controle seu volume. Não fale baixinho,
mas também não grite. Produza variações de tonalidade na voz, para sua fala não
ficar monótona.
9. Mantenha sua cadência. Sustentações orais
devem fluir com uma cadência cuidadosamente regulada. É importante manter um
tom coloquial. Evite longas pausas, como se estivesse buscando mentalmente seu
próximo argumento ou procurando uma citação. Mas é também muito importante não
acelerar demais a apresentação de seus argumentos.
10. Dirija-se aos juízes corretamente. Não
tente se dirigir a um juiz pelo nome, a não ser que possa fazê-lo, com certeza,
corretamente. Se você chamar um juiz pelo nome do outro, nenhum dos dois vai
ficar satisfeito.
11. Não leia para os juízes. Ler textos da
lei, casos ou históricos legislativos vai aborrecer os juízes, mesmo que não
aborreça a você. Entretanto, você pode ler citações curtas, cuja mensagem é fundamental
para sua argumentação.
12. Evite sentenças, numerações e citações
longas. Lembre-se de que a comunicação oral é diferente da escrita. Mantenha
suas sentenças simples e nítidas.
13. Limite sua dependência à ajuda de outros
na mesa dos advogados. Aconselhar-se com outros advogados durante a sustentação
oral faz você parecer mal preparado e isso só pode ser feito em circunstâncias
limitadas. Proponha submeter um sumário suplementar sobre um ponto
significativo que você não pode expor adequadamente. Mas, se você não pode
responder uma pergunta importante, que outro advogado à mesa sabe a resposta,
consulte-o rapidamente. Evite trocar notas com o colega. A troca de notas
distrai os juízes. Passe notas apenas para obter informações, não para lançar
ideias.
14. Lembre-se do fórum. Se você é um
advogado acostumado a se dirigir a júris, lembre-se de que os juízes não são
jurados e não gostam de ser tratados como tal. Evite a retórica emocional. Em
vez disso, veja a sustentação oral como um diálogo intelectual ou um debate.
15. Esteja preparado para adaptar sua linha
de argumentação. Pense em sua argumentação como um acordeão, que se expande ou
contrai com base no tempo disponível. Quanto mais os juízes o questionarem,
menos tempo sobrará para você apresentar o que foi planejado. Esteja preparado
para descartar alegações menos importantes e se apoiar nas mais importantes
apenas, se o tempo ficar curto.
16. Use o sistema de notas escritas que
funcionar melhor para você. Experimente técnicas diferentes durante sessões
simuladas de júri, até encontrar uma com a qual você se sinta mais confortável.
Você pode usar um esquema com palavras ou sentenças essenciais. Ou pode
preferir uma lista de argumentos em cartões de anotação. Pode até mesmo
escrever um roteiro, mas jamais leia seus argumentos. Se tiver um roteiro, dê apenas
olhadas rápidas nele, para refrescar a memória sobre pontos essenciais. Lembre-se
de que a comunicação oral tem uma dicção inteiramente diferente da escrita. Uma
argumentação escrita soa muito artificial, a não ser que as palavras e as
frases sejam usadas de uma maneira que soe como a uma comunicação oral.
17. Tenha em mãos todo o material que poderá
precisar.
(a) Todos os resumos de fatos e apêndices.
(b) Todo o material pertinente dos autos,
histórico legislativo e precedentes importantes. Se você planeja citar qualquer
autoridade, tenha cópias disponíveis para dar aos juízes, se solicitarem.
18. Coloque indicadores de páginas em partes
importantes de transcrições e apêndices. Você não quer perder tempo buscando
por referências.
19. Não apresente peças documentais ou
provas físicas distrativas. Você pode perder um tempo precioso, se os juízes
resolverem conferir as peças, um de cada vez. Saiba que alguns juízes as veem
como uma atração. Se certas peças vão realmente ajudá-lo na sustentação oral,
peça ajuda de um funcionário do tribunal para copiá-las e distribui-las aos juízes
antes da sustentação oral.
20. Administre seu tempo. Observe o tempo
que lhe resta, para se certificar de que os pontos mais importantes de sua
argumentação serão apresentados. Se você é o apelante, certifique-se de
reservar tempo para a réplica. Encerre sua argumentação quando a luz vermelha
avisa que seu tempo acabou. Agradeça os juízes e sente-se. Entretanto, você pode
responder perguntas dos juízes, mesmo depois que seu tempo acabou.
C. Respondendo a perguntas. A parte mais
importante de uma sustentação oral é, de longe, a que lhe dá oportunidade de
responder as perguntas dos juízes. Os propósitos da sustentação são os de
comunicar e persuadir. Responder ao que os juízes têm em suas mentes é muito
mais valioso do que repetir os argumentos que você já apresentou em sua
sustentação oral.
1. Preparação para as perguntas. Leia os
autos, os sumários e os precedentes citados. Leia artigos relevantes sobre análise
de leis e de estudos econômicos ou similares. Depois de fazer isso, examine
todas as submissões em seu sumário e a sustentação oral proposta sob o ponto de
vista de um juiz hostil ou cético. Leia os sumários de seus oponentes cuidadosamente
e, com uma mente aberta para reconhecer os pontos que apresentam e que podem
ser problemáticos para sua posição. Tente prever todas as perguntas difíceis
que um juiz pode fazer. Anote as perguntas e busque as melhores respostas para
elas. Para se preparar para perguntas que você pode não ter previsto, discuta o
caso com leigos e outros advogados, para ver que perguntas eles poderiam fazer.
Peça a colegas de profissão para agirem como se fossem juízes em um tribunal
simulado. Eles podem levantar questões que lhe passaram despercebidas.
2. Saiba como responder a tipos diferentes
de perguntas. Tenha em mente que juízes fazer tipos diferentes de perguntas,
que exigem tipos diferentes de respostas.
(a) Perguntas que vão ao cerne do caso. Empregue
a maior parte de seu tempo nessas questões.
(b) Questões de background. Responda com
rapidez e precisão e vá em frente.
(c) Questões que levam à esgrima ou ao
debate. Não se deixe atolar, se possível, em argumentações muito longas ou
periféricas que um juiz possa tomar e retomar. Dê a sua melhor resposta e tente
encontrar uma forma diplomática de voltar a seu ponto principal.
(d) Perguntas e observações engraçadas. Desfrute
os comentários e, então, volte ao que interessa.
(e) Perguntas irrelevantes. Mesmo que você pense
que a pergunta é irrelevante, não o diga. Responda-a rapidamente e, então,
explique porque seu caso apresenta uma questão um tanto diferente.
(f) Perguntas hostis. Não fique bravo ou
desapontado. A hostilidade pode ser um sinal de que o questionador é minoria no
painel de juízes. Responda de forma polida e firme e, depois, retorne a sua
argumentação.
3. Ouça cuidadosamente às perguntas. Certifique-se
de que as entende. Você vai frustrar e, talvez, confundir os juízes, se
responder perguntas que não foram feitas.
4. Dê respostas diretas às perguntas. Sempre
que possível, inicie sua resposta com um "sim"ou um "não". Então
dê uma explicação, se for necessário. Não faça rodeios ou tergiversações. Você sequer
tem tempo para isso. Mas, se a pergunta levar naturalmente a um argumento que
você pretende fazer mais tarde na sustentação oral, considere rearranjar a
argumentação de uma forma que você já sabe que vai chamar a atenção dos juízes.
5. Responda as perguntas convenientemente. Não
fique tão ansioso para voltar a sua argumentação, a ponto de dar respostas com
excesso de detalhes a perguntas que preocupam os juízes. O caso vai ser
decidido com base no que é importante para eles. E as perguntas que fazem
frequentemente indicam os tópicos que merecem maior consideração.
6. Não se esquive das perguntas. Não tente
escapar de uma pergunta, argumentando que ela não é relevante para o caso ou
que seu caso difere da hipótese levantada. Obviamente, o juiz pensa que a
pergunta é relevante. De outra forma, ele não a faria.
7. O que fazer quando você não pode
responder uma pergunta.
(a) Perguntas factuais. Se outro advogado na
mesa sabe a resposta, pergunte-lhe. Se não, diga aos juízes que não sabe
responder. Ocasionalmente, você pode ser forçado a dizer: "Lamento não
poder prestar essa informação. Entretanto, acredito que o testemunho de Fulano
responde a essa pergunta". Idealmente, você leu os autos e vai saber que
tal assunto foi discutido em algum ponto.
(b) Perguntas jurídicas. Você não pode
responder a uma questão jurídica ou hipotética com um "eu não sei". Você
deve responder à pergunta imediatamente. Você pode alegar que não levou em
consideração essa variante da situação, mas, então, declarar os fatores mais
relevantes e responder tão bem quanto puder. Se você não entender a pergunta,
diga-o ao juiz e ele reformulará a pergunta.
8. Não blefe sobre casos sobre os quais não
leu. Se o juiz faz uma pergunta, à queima-roupa, sobre um caso desconhecido
para você, admita-o e peça ao juiz para refrescar sua memória. Mas isso nunca
deve acontecer com respeito a um caso significativo, e você se preparar
apropriadamente.
9. Não procrastine respostas. Responda
sempre imediatamente. Postergar uma resposta pode irritar os juízes. Se tiver
de protelar, responda concisamente e prometa que vai elaborá-la melhor, assim
que estabelecer a fundação para sua resposta. Então, certifique-se de voltar ao
ponto, conforme prometido.
10. Respondendo perguntas amigáveis que
podem levar a conclusões incorretas. Aceite a ajuda, mas, polidamente, corrija
o erro: "Eu concordaria com a abordagem de Vossa Excelência, mas penso que
o principal explicação para essa situação vem do fato de que...".
11. Não espere perguntas do tipo "faculdade
de Direito". Os juízes não vão lhe pedir para apresentar os fatos de um
caso famoso. Mas você deve saber o suficiente sobre casos relevantes, para
responder perguntas factuais de caráter geral.
12. Seja flexível. Durante algumas sustentações
orais, você pode ter de pular de pergunta para pergunta rapidamente. Em outras,
você não irá nunca se desgarrar de sua apresentação planejada. Em qualquer dos
casos, esteja preparado para colocar de lado suas anotações e responder as
perguntas, entrelaçando seus argumentos afirmativos no decorrer da sustentação.
13. O que fazer durante uma sustentação
realmente árdua, na qual você não está conseguindo nada além de perguntas. Em
geral, você deveria acolher bem um questionamento ativo. Mas tente não deixar
que a sustentação se desdobre em uma série de respostas sem nexo ou descambe
para uma espécie de interrogatório rigoroso, no qual os juízes podem forçá-lo a
ceder pontos após pontos, até que seu tempo se extinga. Concentre-se nos pontos
principais que você quer transmitir, não importa qual seja o rigor do
interrogatório. Costure esses pontos em sua sustentação.
14. O que fazer em uma sustentação fria, com
poucas perguntas ou mesmo nenhuma. Vez ou outra isso acontece. Por isso,
prepare uma sustentação que você possa apresentar sem o aquecimento do diálogo
entre você e os juízes, mas sempre reserve tempo para perguntas e respostas. Você
não precisa esgotar todo o seu tempo. Apresente seus argumentos e, então,
sinalize aos juízes que está por terminar. Informe que vai concluir sua
sustentação, a não ser que os juízes tenham perguntas. Se não tiverem, agradeça
os juízes e sente-se. Os juízes vão apreciar muito sua brevidade.
15. Tome cuidado com concessões. Seja
prudente ao fazer concessões. Os juízes podem usá-las contra você, na decisão
do caso. É claro, responda as perguntas de forma honesta, franca, e não estenda
sua posição além do limite do razoável, para que não produza resultados
absurdos.
(a) Perceba a diferença entre concessões
factuais e jurídicas. Você pode admitir que alguns fatos são desfavoráveis, mas
explique, então, porque sua concessão não destrói o seu caso. Tenha muito
cuidado com concessões jurídicas. Pense bem sobre as implicações, antes de
fazer concessões sobre qualquer ponto jurídico. Por exemplo, um juiz pode lhe
perguntar se você admite que sua posição deveria ser rejeitada se... (e explica
o motivo). Não concorde tão rapidamente. Onde for apropriado, diga: "Tal
consideração apresenta um caso diferente, mas eu não admitiria que ela
produziria um resultado diferente. Os fatos que deveriam ser pesados incluem:
(...)".
(b) Não faça concessões sobre um ponto só porque
o juiz acha que você deveria fazê-las. Se um juiz acredita que você deveria
fazer uma concessão sobre um ponto, mas você não concorda, diga: "Sim, eu
reconheço o ponto de Vossa Excelência, mas ele não invalida as questões
principais apresentadas aqui, tais como (...).
16. Responda cuidadosamente a questões que
se referem aos princípios que fundamentam seus argumentos. Os juízes vão
questioná-lo sobre o objetivo desses princípios fundamentais. Conheça os
limites de seus princípios de antemão. Todo princípio tem o seu ponto de
ruptura. Todo princípio entra em conflito com um princípio contrário em certo
ponto. Evite argumentos radicais, que esticam demais o seu princípio. Em vez
disso, ofereça alguma base neutra para casos distintivos, que não se enquadrem
perfeitamente em seu princípio. Por exemplo, se um juiz pergunta se a imunidade
parlamentar (Speech or Debate Clause) protege um congressista que agride o
outro fisicamente, durante um debate emocional no plenário, não diga "sim"
imediatamente. Em vez disso, diga que a imunidade parlamentar se refere ao
discurso e ao debate, não a má condutas, como uma agressão física. Lembre-se,
você não pode simplesmente argumentar que a situação hipotética não se aplica a
seu caso porque (...). Os juízes sabem disso. Eles querem saber que princípio
separa o seu caso de uma situação hipotética perturbadora.
17. Tome cuidado com o juiz implacável. Algumas
vezes, um juiz se apega a um ponto e não quer largá-lo. Entretanto, você precisa
ir em frente. Dê-lhe a melhor resposta e, então, de uma forma polida, mas
firme, redirecione os argumentos para seu devido curso.
18. O que fazer quando os juízes parecem
estar ignorando você. Não fique nervoso se eles se levantarem, moverem suas
cadeiras, lerem, falarem, etc., durante sua sustentação. Na maioria das vezes,
os juízes estão discutindo seu caso, entre si. Você pode parar de falar por um
instante, para recapturar a atenção deles. Mas, normalmente, você pode se lançar
à frente e tentar tornar sua argumentação mais vívida e interessante.
III. SUSTENTAÇÃO DO APELADO
A. As mesmas regras gerais se aplicam. Prepare
suas notas e mantenha seus principais pontos em mente. Defenda sua tese
afirmativamente. Dê aos juízes as bases emocionais e intelectuais para
decidirem a favor de seu cliente.
B. Não argumente no vácuo. Seja flexível. Defina
sua linha de argumentação, enquanto seu oponente fala. Anote pontos
importantes, que devem ser introduzidos em sua argumentação, com base na
argumentação de seu oponente e nos comentários dos juízes. Se um diálogo
importante entre os juízes e seu oponente atinge a essência de seu caso, você poderá
começar exatamente por aí.
C. Não perca tempo comentando cada erro de
seu oponente. Retifique apenas as declarações imprecisas de seu oponente que
sejam críticas para o caso. Se seu oponente falou algo errado ou respondeu
incorretamente uma pergunta em um ponto significativo da discussão, ofereça uma
resposta correta: "O juiz Fulano de Tal perguntou (...), meu oponente
disse que (...), mas, na verdade, (...).
IV. RÉPLICA
A. Reserve tempo para réplica. Mesmo que você
não pretenda usá-la, é essencial que seu oponente saiba que você terá a
oportunidade de corrigir declarações erradas de fatos ou de legislação que ele
possa fazer. Isso exerce uma influência restringente salutar.
B. Não há que se preparar com antecedência. Você
não pode replicar o que nunca ouviu.
C. Limite seus argumentos. Durante a
argumentação de seu oponente, selecione dois ou três pontos mais importantes
que deseja replicar. Fale sobre eles e nada mais.
D. Utilize precedentes ou jurisprudência. Recorra
a precedentes ou jurisprudência que mais efetivamente rebatam a posição de seu
oponente.
E. Faça-o bem ou não o faça. Com muita frequência,
juízes ficam visivelmente impacientes com réplicas. Assim, faça-a rapidamente,
e que seja bem feita.
F. Dispensando a réplica. Se a argumentação
de seu oponente não impressionar os juízes, simplesmente fique de pé e,
confiantemente, diga aos juízes que, "a não ser que a corte tenha
perguntas, vamos dispensar a réplica".
*Tradução: João Ozorio de Melo
Por Andrew L. Frey
Fonte Consultor Jurídico