Tão
difícil quanto encontrar agulha em palheiro pode ser a busca por um doador de
medula óssea compatível. Em casos que, quando não se consegue a doação de
parentes ou amigos, voluntários cadastrados no Registro Nacional de Doadores de
Medula Óssea (Redome) se tornam a única esperança de vida.
De
acordo com o médico Luis Fernando Bouzas, diretor do centro de transplante de
medula óssea do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e coordenador do Redome, o
processo de doação é seguro e não deixa sequelas:
—
O doador é submetido a exames antes da coleta e, em torno de dez a 15 dias, já
está com a medula regenerada.
Achar
um doador compatível pode ser especialmente difícil no Brasil, onde a população
é muito miscigenada. A mistura de etnias acaba tornando mais complicada a busca
por pessoas com características genéticas semelhantes, explica a hematologista
Christiane Secco, da Clínica São Carlos.
Procura por doador em outros países
Hoje,
o Redome reúne mais de 3,2 milhões de cadastros de pessoas dispostas a doar
medula óssea. O banco é o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Estados
Unidos e Alemanha.
Segundo
Bouzas, se o paciente não achar um doador compatível no Brasil, é possível
fazer a busca em bancos de outros países. No mundo, há cerca de 22 milhões de
doadores cadastrados.
O
transplante de medula óssea é feito em casos de leucemia, mieloma múltiplo e
linfoma.
Quem pode doar
Pessoas
de 18 a 55 anos com boa saúde estão aptas a ser doadoras de medula óssea.
Primeiro passo
Deve-se
procurar o Inca ou o Hemorio para fornecer dados pessoais e uma amostra de
sangue para exames. Com o material, é feito um teste para determinar as
características genéticas do doador, necessárias para verificar se há
compatibilidade entre ele e quem precisa da doação.
Banco
Todas
as informações do doador ficam armazenadas no Redome. Se for verificada
compatibilidade com um paciente, ele é chamado para a coleta da medula óssea.
Essa convocação pode acontecer a qualquer momento, até o doador completar 60
anos.
Doação da medula
O
procedimento requer internação e é feito em centro cirúrgico, com o doador sob
efeito de anestesia (peridural ou geral). Não há custos para o doador. São
feitas cerca de 60 punções no osso ilíaco, na bacia, para retirada da medula
óssea. A alta é dada de 24 e 48 horas depois. Repouso é recomendado nos três ou
quatro dias seguintes.
Recebimento da medula
O
material colhido é processado em laboratório e então injetado na veia do
paciente receptor, para quem a doação se dá como uma transfusão de sangue.
Por
Camilla Muniz
Fonte
Extra – O Globo Online