Consumidor assumirá risco de alta do câmbio; medida
vale também para sites estrangeiros
Quem
usa o cartão de crédito para fazer compras em sites estrangeiros ou lojas no
exterior em reais (R$) pode ter o pedido recusado a partir de setembro. Bancos
como Itaú e Bradesco passarão a bloquear, no mês que vem, a conversão imediata
para a moeda nacional, transferindo para o consumidor o risco de uma possível
alta no câmbio ao pagar a fatura do cartão.
As
compras pelo sistema Dynamic Currency Conversion (DCC) – que permite transações
em reais no estrangeiro – obrigam atualmente os emissores de cartões no Brasil
a assumir os custos da variação cambial futura, já que eles devem liquidar a
operação na moeda estrangeira.
Algumas
operadoras decidiram abandonar o sistema. As bandeiras Visa, Mastercard e Visa
Electron já iniciaram uma divulgação nos estabelecimentos que utilizam o DCC em
outros países, para que os brasileiros façam compras somente em moeda
estrangeira.
Sugerida
aos bancos pela Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e
Serviços (Abecs) por meio de uma normativa, a mudança é facultativa, e deve ser
divulgada aos clientes com 30 dias de antecedência.
“A
compra era feita em reais, mas o consumidor recebia a fatura em dólares e com a
cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), obrigatória em operações
no exterior. Isso gerou muitas reclamações em órgãos de defesa do consumidor”,
argumenta o diretor-executivo da Abecs, Ricardo Vieira.
Mas
na visão do consultor financeiro do Vida Investe, programa da Fundação Cesp,
Wilson Muller, a nova regra pode ser resultante da alta volatilidade do dólar.
“O consumidor deve ficar atento para não ter surpresas desagradáveis a partir
de agora, pois o risco cambial será transferido para ele”, alerta.
Outras formas de pagamento
Quem
não quiser arcar com o risco de uma escalada do dólar entre o momento da compra
e o pagamento da fatura – que pode chegar a 40 dias – pode optar por formas
alternativas de pagamento no exterior. Uma delas é o cartão pré-pago, oferecido
em casas de câmbio e operadoras.
“Eles
são uma ótima opção para quem acha que o dólar pode subir muito após a viagem”,
recomenda Muller. O consumidor já carrega o cartão na moeda estrangeira antes
da viagem, e pode utilizá-lo como débito ou sacar o valor em caixas eletrônicos
durante a viagem.
Outra
vantagem dos pré-pagos é que eles cobram IOF de 0,38% sobre as compras,
enquanto a taxa do cartão de crédito é de 6,38%. Para fugir das surpresas na
fatura, o consultor também recomenda levar dinheiro em espécie durante a
viagem, e deixar o cartão de crédito apenas para situações emergenciais.
Quanto
às compras em sites estrangeiros como a Amazon, que vende seus produtos na
moeda nacional, o consumidor certamente estará sujeito à volatilidade do dólar.
É possível antecipar a fatura?
Segundo
o Bradesco informou ao iG , algumas bandeiras permitem antecipar o pagamento da
fatura em aberto até dois dias antes da data do processamento. É o caso da
Visa, Mastercard e Elo. Já os cartões Amex permitem antecipar até o dia do
fechamento da fatura, em pelo menos 10 dias antes do vencimento.
O
consumidor deve acionar a emissora do cartão para pedir a antecipação. Pode
adotar essa estratégia quem fez compras com o cartão em sites estrangeiros ou
em outros países e quer se proteger de uma possível alta cambial, diminuindo o
período entre a compra e o fechamento da fatura, quando é feita a conversão.
Por
Taís Laporta
Fonte
O Dia Online