Distrações em família e a falta de concentração são
alguns dos problemas enfrentados por quem trabalha em casa, mostra pesquisa
Trabalhar
em casa é cada vez mais comum no Brasil e no mundo. Mas, ainda que o home
office seja a opção ideal para aqueles profissionais que querem ganhar tempo e
se dedicar mais à vida pessoal, pesquisa global feita pelo Grupo Regus mostra
que há contratempos, sim. Filhos, familiares e animais de estimação buscando
atenção, conexões instáveis de internet e falta de equipamentos de escritório
foram mencionados como obstáculos à produtividade daqueles que trabalham em
casa, aponta o estudo, que contou com a participação de 24 mil profissionais em
mais de 90 países, incluindo o Brasil.
—
É natural que os profissionais queiram aproveitar os benefícios das práticas
flexíveis de trabalho para fugir do trânsito e optar por horários de sua
preferência, melhorando assim o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
— afirma Guilherme Ribeiro, diretor geral da Regus no Brasil, acrescentando
que, apesar da popularização do home office, os profissionais que passam por
essa experiência vão descobrindo também as desvantagens. — A vida pessoal
precisa se adaptar às atividades profissionais, e isso nem sempre é fácil.
Segundo
ele, a pesquisa revela que um ambiente profissional próximo de casa é melhor do
que trabalhar em casa. Só assim, é possível evitar o desgaste com a família,
além de projetar uma imagem mais profissional.
Há
ainda casos de pessoas que trabalham em casa e se sentem solitários, alienados
e desligados do mercado, ressalta o executivo:
—
Aparentemente, o contato visual com outras pessoas no ambiente de trabalho
também tem um papel importante no crescimento e promoção dos profissionais, de
modo que aqueles que trabalham em casa podem ser esquecidos ou subestimados,
até mesmo em empresas que estimulam ativamente o trabalho em casa, ainda que
ocasionalmente.
O que diz a pesquisa
De
acordo com o levantamento feito pelo Grupo Regus, os maiores obstáculos para
aqueles que trabalham em casa são crianças ou familiares exigindo atenção
(59%), dificuldade de concentração em questões de trabalho (43%) e familiares e
animais de estimação perturbando chamadas telefônicas (39%). Outras questões
relacionadas com ruídos domésticos — da campainha ao barulho da máquina de
lavar (28%) — aparecem ao lado de questões técnicas relacionadas com a natureza
da casa. A falta de acesso a equipamentos de escritório, como impressoras ou
aparelhos de fax, é um problema para 32% dos entrevistados.
O
fato de a conexão à internet ser mais instável em casa (26%) e de não
conseguirem ter acesso de forma remota a documentos confidenciais da empresa
(25%) também são problemas citados pelos entrevistados. Estas falhas
tecnológicas podem ser extremamente frustrantes, pois a pessoa pode passar a
imagem de ser pouco profissional quando se vê incapaz de preparar material
impresso para uma reunião ou sua conexão com a internet torna impossível baixar
arquivos pesados com rapidez,
por exemplo.
Globalmente,
algumas diferenças são apontadas pela pesquisa. Os trabalhadores alemães (73%)
são de longe os mais preocupados com o fato de as crianças e familiares
perturbá-los, seguidos pelos indianos (68%) e brasileiros (64%). Por outro
lado, pouco mais de um terço dos trabalhadores japoneses (36%) veem isso como
um problema real. Dificuldade de concentração em questões de trabalho são a
maior preocupação para 52% dos profissionais japoneses entrevistados. Ainda de
acordo com o estudo, a concentração em casa é uma luta diária para mais da
metade dos trabalhadores chineses (54%), e para 44% dos brasileiros.
Mas
também há fatores importantes ligados à questão da saúde: 32% dos entrevistados
reclamaram de má postura, o que provoca dores devido às instalações
inapropriadas de trabalho em casa. A ausência de uma mesa apropriada para o
trabalho também incomoda dois quintos dos entrevistados (41%).
Por
Ione Luques
Fonte
O Globo Online