O que fazer para se livrar das dívidas em atraso,
amortizar os débitos existentes e começar o novo ano no azul
Coloque "se livrar das dívidas" na sua lista
de objetivos de ano novo
Chegar
ao fim do ano com dívidas pode gerar angústia com a aproximação das festas e
das pesadas despesas de início de ano. Veja a seguir o que fazer para se livrar
das dívidas até o fim do ano (ou ao menos reduzi-las), para iniciar 2020 no
azul:
1. Forme uma reserva financeira se você é um
“endividado controlado”
Ter
dívida não é um problema. O crédito possibilita a antecipação dos sonhos de
consumo e é uma ferramenta poderosa de planejamento para quem sabe usá-lo
corretamente. Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro
“Livre-se das dívidas”, existem dois tipos de dívidas e dois tipos de
endividados.
As
dívidas de valor são aquelas que têm bens em garantia e financiam grandes
sonhos, como o financiamento habitacional e o de veículos; as dívidas sem valor
são aquelas sem bens em garantia e que, por isso, têm juros elevados, como as
dívidas no cartão de crédito, no crediário e no cheque especial. “São dívidas
de valor menor e que facilmente levam as pessoas a se descontrolarem”, observa
Domingos.
Já
os dois tipos de endividados são, segundo Domingos, o “controlado” e o
“descontrolado”. O “descontrolado” é o inadimplente, isto é, aquele que tem
dívidas em atraso, principalmente dívidas caras para gastos cotidianos, como
cartão de crédito e cheque especial. É principalmente este sujeito que deve fazer
uma faxina na vida financeira na virada do ano.
O
“controlado”, porém, é aquele que paga as prestações de seus financiamentos e
suas contas em dia, sem entrar no cheque especial e sempre quitando a fatura do
cartão de crédito integralmente na data certa. “Se você é um endividado
‘controlado’, não tem problema passar a virada do ano com dívidas”, ressalta.
Ou
seja, se o pagamento de suas dívidas cabe dentro do seu orçamento, não há muito
com que se preocupar. Se este é o seu caso, o principal conselho para você é:
forme uma reserva financeira. “Se você não tiver reservas e tiver algum
problema que o impeça de pagar suas prestações, vai acabar pagando caro por sua
inadimplência”, lembra Domingos. O atraso no pagamento de uma parcela gera
multa e juros de mora e pode levar o CPF do devedor a ser inscrito em um
cadastro de inadimplentes.
2. Coloque “sair das dívidas” na lista de objetivos de
ano novo – mas não como único objetivo
Se
você está apreensivo com o seu endividamento – principalmente se você é um
endividado “descontrolado” – coloque “sair das dívidas” na sua lista de
objetivos para o novo ano. “Sair das dívidas deve ser um sonho, mas não o
único. Coloque na lista também outros desejos”, diz Reinaldo Domingos, que
lembra que outros anseios incentivam a não se endividar mais e a poupar.
3. Verifique os motivos do endividamento
Endividados
“descontrolados” devem começar a faxina financeira pela verificação dos motivos
que levaram ao endividamento. “Não adianta apenas usar o 13º salário para pagar
as dívidas em atraso sem identificar a origem do descontrole financeiro. Assim
você estará combatendo apenas o efeito, e não a causa da inadimplência”, diz
Reinaldo Domingos.
4. Faça uma faxina financeira
Identificada
a causa do desequilíbrio financeiro, é hora de colocar no papel todas as
receitas e despesas mensais para compreender onde existem excessos. “O primeiro
passo é reunir a família, para todos chegarem a uma solução juntos. Todo
orçamento tem excessos que podem ser cortados”, lembra Domingos.
5. Corte as despesas em excesso
Corte
primeiro os pequenos gastos supérfluos. Por supérfluo entenda-se o que não
afeta o bem-estar e autoestima da família. “Não adianta cortar o cabelereiro da
mulher ou os gastos com o futebol do homem no fim de semana se isso for muito
importante para a autoestima de ambos”, diz o educador financeiro, que lembra
que o que é supérfluo varia de família para família. Mas certamente é possível
reduzir gastos com lazer, supermercado, luz, água, telefone e gás, por exemplo.
6. Crie uma folga no seu orçamento
Após
os cortes, será possível criar uma folga no orçamento. Essa folga
possibilitará, por exemplo, a renegociação de dívidas. “Se você criar uma folga
no orçamento, já consegue definir quanto poderá pagar por mês para fazer uma
proposta ao credor”, observa Domingos.
7. Use os recursos que entrarem para amortizar ou
quitar dívidas
Quem
tem dívidas de valores pequenos, ainda que em atraso, pode tentar quitá-las ou
amortizá-las com algumas fontes de recursos extras. “A entrada do 13º salário é
sempre uma boa oportunidade, principalmente para quitar dívidas no cheque
especial e no cartão de crédito. Vender 10 dias de férias também é uma opção
para começar o novo ano com tranquilidade”, indica Jurandir Sell Macedo,
consultor de Finanças Pessoais do Itaú e professor da UFSC.
Além
disso, se possível, aproveite créditos da Nota Fiscal Paulista e da Nota Fiscal
Paulistana para abater, respectivamente, IPVA e IPTU e deixar o bolso mais leve
no início do ano.
8. Troque linhas de crédito caras por outras mais
baratas
Quem
tem dívidas caras em atraso e está pagando juros altos pode tentar uma
renegociação com o banco, substituindo essas linhas de crédito por linhas mais
baratas, como empréstimos pessoais, empréstimos consignados ou mesmo linhas que
tenham bens como garantia, como penhor, refinanciamento de imóvel ou
refinanciamento de carro. Nestas modalidades, é possível pegar um percentual do
valor do bem emprestado, deixando-o como garantia, seja ele uma joia, uma casa
ou um carro.
Também
é possível fazer a portabilidade de uma dívida de um banco para outro sem
custo, caso o novo banco ofereça condições mais vantajosas, tanto em termos de
custo de manutenção de conta e tarifas quanto de juros e custo efetivo total da
dívida.
Ainda
assim, o banco de destino não é obrigado a aceitar a transferência do débito, e
esse benefício só costuma ser vantajoso para linhas como empréstimos pessoais,
crédito consignado e financiamentos de veículos. Dívidas no cartão de crédito e
no cheque especial devem preferencialmente ser trocadas por linhas mais
baratas, e linhas como crédito direto ao consumidor normalmente têm prazo curto
demais para compensar a migração. Já no caso dos financiamentos habitacionais,
os custos cartoriais, que deverão ser pagos novamente, geralmente tiram a
vantagem da migração.
9. Renegocie dívidas em atraso
Dívidas
atrasadas também podem ser renegociadas com o credor, principalmente se o seu
nome estiver “sujo”, isto é, incluído em um cadastro de inadimplentes. Após
criar uma folga no seu orçamento, procure o credor para propor um alongamento
do prazo, com redução do valor das parcelas e dos juros, ou mesmo um desconto
para quitação à vista. Ciente de quanto pode pagar por mês, é possível já fazer
a proposta adequada às suas possibilidades.
A
renegociação pode ser feita por conta própria ou com a ajuda de um órgão de
defesa do consumidor. A Serasa Experian lançou recentemente um serviço que
permite ao credor fazer a proposta de renegociação ao devedor pela internet.
Caso aceite, o devedor não precisa fazer mais nada, apenas imprimir o boleto e
começar a pagar sob as novas condições.
10. Pague primeiro as dívidas de serviços essenciais
A
quitação das dívidas também deve seguir uma ordem, dando-se preferência aos
serviços essenciais, que podem ser cortados caso não sejam pagos, como contas
de luz, telefone, água e gás. Para Reinaldo Domingos, em seguida devem ser
pagas ou renegociadas as dívidas que têm bens em garantia, que podem ser
retomados em caso de inadimplência, como financiamentos e refinanciamentos de
imóveis e veículos.
Em
seguida, diz o educador financeiro, devem ser pagas as dívidas com juros
maiores, como as do cartão de crédito e do cheque especial. E, finalmente, as
dívidas de juros menores que não têm bens atrelados a elas. “Para estas, dá
para dizer não em um primeiro momento”, diz Domingos.
Por
Julia Wiltgen
Fonte
Exame.com