terça-feira, 1 de outubro de 2013

BRASIL É JOVEM, MAS TEM APOSENTADORIA DE PAÍS VELHO

País ainda é jovem, mas gastos com aposentadorias superam os do Japão e de outras nações mais idosas

O Brasil ainda é um país jovem, mas seus gastos com previdência superam os de nações mais idosas. O pagamento de aposentadorias e benefícios responde por quase 13% do PIB brasileiro. A taxa é superior à registrada em países como Japão e Alemanha, que têm um percentual de idosos três vezes maior que o do Brasil.
Para cada 100 brasileiros entre 15 e 64 anos, há dez idosos (acima de 65 anos). No Japão, a proporção é de 33 idosos para cada 100 pessoas economicamente ativas. Ainda assim, os gastos japoneses com o sistema previdenciário equivalem 9% do PIB do país.
Na Alemanha, onde os custos com a previdência representam 11% do PIB, são 31 idosos para cada 100 pessoas ativas.
“O perfil de contribuição e a idade de aposentadoria são diferentes e ajudam a explicar essa diferença nos custos entre os países”, diz Bernardo Lanza Queiroz, professor do departamento de demografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No Japão, por exemplo, a idade média de aposentadoria é de 70 anos, enquanto no Brasil quem se aposenta por tempo de contribuição no setor privado deixa de trabalhar em média aos 54 anos de idade.
“Estamos vivendo cada vez mais, mas o sistema previdenciário não está preparado para isso. Se vivemos mais, o lógico é trabalhar mais”, diz Ana Camarano, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Para ela, aumentar a idade mínima para a aposentadoria ajudaria a reduzir os custos do sistema. O país já tem dado passos nesse sentido, afirma Ana, com a introdução do fator previdenciário em 1998, por exemplo.
“O ponto não é o valor do benefício, mas o número de aposentados”, afirma. No caso dos trabalhadores do setor privado, o benefício vai de um salário mínimo (R$ 622) até R$ 3.916,20. “A exceção é a aposentadoria do setor público, que em alguns casos são valores elevadíssimos, mas que está em processo de mudança”, diz.
Depois de algumas alterações na legislação do setor em 2004, o governo agora tenta aprovar no Senado a reforma das aposentadorias dos servidores públicos federais. A proposta é estabelecer o mesmo teto pago para quem se aposenta pela iniciativa privada para novos funcionários.
“Essas mudanças são essenciais agora, porque o Brasil passa pelo processo de envelhecimento populacional e, em 2050, por exemplo, vamos ter 36 idosos para cada 100 pessoas em idade ativa”, diz Queiroz, da UFMG.

Por Danielle Assalve
Fonte Exame.com