terça-feira, 18 de janeiro de 2022

13 TECNOLOGIAS QUE IRÃO REVOLUCIONAR A PRÁTICA JURÍDICA


Em seu livro Tomorrow's Lawyers (2013), Richard Susskind sustenta que a prática jurídica será radicalmente modificada nos próximos anos. De acordo com professor britânico, a tecnologia será a mais desafiadora das transformações. Isso porque não apenas afetará o cotidiano dos advogados, como também o campo de atuação desses profissionais (ou seja, a sociedade e as relações).

Tecnologias que irão revolucionar a prática jurídica
Existem pelo menos 13 tecnologias consideradas por Susskind como disruptivas (disruptive legal technologies, no original em inglês). Por "disruptivas", o professor quer dizer que, individualmente, tais tecnologias mudarão a forma pela qual certos serviços são prestados e, coletivamente, transformarão todo o cenário jurídico. Sendo assim, conheça 13 tecnologias que irão revolucionar a prática jurídica:

1. Produção automatizada de documentos
Há empresas de tecnológica jurídica que ajudam pessoas a criar documentos jurídicos sem a necessidade de contratar advogados, reduzindo os gastos envolvidos no processo. Conforme Susskind, como forma de superar o desafio do "mais por menos" (cada vez mais os clientes estão exigindo melhores serviços a custos menores), a tendência deverá ser incorporada em diversos países.

2. Hiperconectividade
Mesmo com todas as tecnologias disponíveis, muitos advogados mantêm estruturas físicas para atender seus clientes. Em suma, esse cenário deverá mudar quando o mundo se tornar hiperconectado (8 bilhões de pessoas estarão conectadas à Internet até 2024). Os profissionais, então, passarão a resolver a maior parte das questões jurídicas online, com pouco ou nenhum atendimento presencial.

3. Mercado jurídico eletrônico
Hoje, qualquer pessoa pode classificar hotéis ou avaliar restaurantes em sites de viagens como o TripAdvisor. De acordo com Richard Susskind, esse comportamento atingirá em cheio o mercado jurídico no futuro. Sistemas de reputação online e de comparação de preços serão desenvolvidos para que os clientes compartilhem suas opiniões sobre os serviços dos profissionais da advocacia.

4. e-Learning
O professor britânico sugere que as técnicas de ensino jurídico serão repaginadas no futuro. Muito além de aulas, palestras e webinários, os educadores da área do Direito desenvolverão práticas jurídicas simuladas (o mais próximas da realidade) e investirão em ambientes virtuais de aprendizagem. Conforme Richard Susskind, as ferramentas de aprendizagem serão cada vez mais interativas.

5. Orientação jurídica online
Os clientes tendem a buscar informações, orientações e aconselhamento jurídicos pela Internet. Já existem sites que auxiliam pessoas de baixa renda a encontrar programas gratuitos de assistência jurídica em suas comunidades. Há também recursos online de autoatendimento, nos quais usuários acessem orientações jurídicas gratuitamente. Tal prática deve crescer cada vez mais.

6. Legal open-sourcing
O movimento open-sourcing, no qual programadores disponibilizam os códigos fonte de seus softwares na Internet, deverá atingir a área jurídica nos próximos anos. Aliás, Richard Susskind antecipa que haverá um movimento dedicado a disponibilizar quantidades gigantescas de material jurídico online (como documentos e gráficos) capazes de ser compreendidos por qualquer pessoa.

7. Comunidades jurídicas fechadas
Embora a advocacia normalmente seja vista como uma classe desunida, o professor britânico acredita que veremos uma mudança cultural em diversos países. Com cada vez mais regularidade, pequenos grupos de advogados começarão a se reunir em comunidades jurídicas fechadas. Nelas, os profissionais compartilharão conhecimento, experiência e custos de serviços jurídicos.

8. Fluxo de trabalho e gerenciamento de projetos
Para realizar tarefas repetitivas e massivas, os advogados passarão a usar sistemas avançados de fluxos de trabalhos (para atividades mais simples) e de gerenciamento de projetos (para atividades mais complexas). De acordo com Susskind, tais ferramentas não apenas aumentarão a eficiência dos serviços jurídicos, como serão fundamentais para reduzir os custos envolvidos nas tarefas.

9. Conhecimento jurídico incorporado
O conhecimento jurídico será incorporado a tudo no futuro. As leis e as normas jurídicas serão enraizadas nos sistemas e processos. Comportamentos proibidos serão indicados por dispositivos inteligentes. Imagine um veículo capaz de avisar o motorista que o freio não está funcionando. Ou um computador capaz de alertar o internauta que, ao baixar aquele conteúdo, estará violando direito autoral.

10. Resolução de disputas onlineEm síntese, os sistemas de resolução de disputas online (ODR, do inglês online dispute resolution) são uma realidade em diversos países. No Brasil, algumas startups estão desenvolvendo soluções tecnológicas para evitar a judicialização das demandas. Sendo assim, formas alternativas ao processo judicial, como mediação, arbitragem e negociação de acordos, tendem a ser cada vez mais adotadas.

11. Pesquisa jurídica inteligente
Conforme refere Susskind, já existem no mercado sistemas capazes de revisar e classificar corpos de documentos com mais eficiência que paralegais e jovens advogados. Em síntese, a tendência é que a pesquisa jurídica se torne mais inteligente. Desse modo, não importa quão baixos sejam os custos de mão de obra humana, um sistema de pesquisa jurídica inteligente dará sempre menos despesas.
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12. Big Data            
Estamos produzindo enormes quantidades de dados diariamente, o que torna um desafio, para todos nós, manusear essa imensidão de conteúdos. Em suma, advogados que adotarem ferramentas de Big Data poderão descobrir os principais problemas jurídicos que afetam determinadas comunidades, analisar bancos de decisões judiciais e oferecer diferenciais competitivos em seus escritórios.

13. Soluções de problemas baseadas em Inteligência Artificial
Com cada vez mais frequência, advogados deverão utilizar a Inteligência Artificial para resolver problemas jurídicos. Conforme Susskind, são diversas as aplicações, desde atividades mais simples (como a análise de padrões) até mais complexas (como o aconselhamento jurídico). Aliás, o professor está convencido de que a Inteligência Artificial mudará a nossa percepção em relação aos processos judiciais.

A prática jurídica e as novas tecnologias
É difícil prever se (e quando) essas tecnologias começarão a impactar, significativamente, o mercado jurídico brasileiro. Mas é inegável que a nossa prática jurídica está sendo transformada. As soluções tecnológicas oferecidas pelas lawtechs e legaltech, somada à tímida (mas perceptível) mudança na mentalidade dos profissionais, parecem indicar que o Direito jamais voltará a ser analógico.

SUSSKIND, Richard. Tomorrow's lawyers: an introduction to your future. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 2013.
Por Bernardo de Azevedo e Souza
Fonte JusBrasil Notícias