O advento da Quarta Revolução Industrial –
caracterizada pela fusão de tecnologias físicas, digitais e biológicas – está
mudando radicalmente o modo como vivemos e, em especial, a maneira como
trabalhamos. Quanto mais olhamos para o futuro, mais nos damos conta de que o
ritmo acelerado do mercado de trabalho exigirá de todos nós um conjunto de
habilidades essenciais.
Todas essas transformações estão afetando o
Direito e, sobretudo, a advocacia. Os escritórios estão recebendo demandas cada
vez mais complexas. Afinal de contas, as relações humanas estão se tornando
mais complexas. Desse modo, o profissional que deseja se manter no mercado da
advocacia, e sobretudo construir uma carreira sólida, deve desenvolver novas
habilidades e competências.
Elenco hoje três delas que, sob a minha
ótica, serão (ainda mais) essenciais nos próximos anos:
1.
Apresentação pessoal
O advogado 4.0 deve saber construir sua
apresentação pessoal. Hoje em dia, as pessoas tendem a identificar os
profissionais pela imagem (pessoal e profissional) que apresentam, especialmente
nas redes sociais. Profissionais conhecidos nos meios digitais, ainda que não
divulguem suas conquistas em processos judiciais, tendem a ser mais
reconhecidos e procurados.
Ser ativos nas redes sociais é fundamental
para construir a apresentação pessoal. O Instagram, por exemplo, possibilita
que o advogado compartilhe diariamente insights sobre a advocacia ou mesmo
dicas práticas para novos profissionais. A plataforma tem hoje cerca de 1
bilhão de usuários ativos, e metade de toda a base de usuários usa diariamente
a função "Stories".
Conheço muitos colegas advogados ativos no
Instagram, que publicam conteúdos diários no Stories e estão alcançando
resultados incríveis por conta da presença ativa nas redes sociais. Alguns
deles fazem ainda lives semanais compartilhando informações para auxiliar
jovens advogados. O profissional que ainda não começou a desenvolver sua
apresentação pessoal está perdendo tempo.
2. Comunicação
eficaz
A maioria dos alunos do ensino médio tem
problemas na comunicação, revelou um estudo do The Partnership for 21st Century
Learning (P21). A comunicação eficaz é uma extensão do pensamento e, portanto, uma
habilidade essencial do advogado 4.0. Saber apresentar argumentos de forma
persuasiva é uma característica importante hoje e, ao que tudo indica, continuará
sendo no futuro.
Muitos profissionais não treinam a oratória
tampouco desenvolvem sua capacidade de apresentar argumentos. Ao que contrário
do que muitos pensam, ambas são habilidades essenciais que podem ser aprendidas.
Além de cursos específicos sobre o tema, a cada audiência, a cada sessão de
julgamento, o advogado tem a oportunidade de aprimorar sua comunicação e se
destacar entre os demais profissionais.
Em síntese, profissionais que buscam se
destacar entre a concorrência devem investir em técnicas de oratória e
ferramentas que os tornem mais aptos a comunicar seus argumentos. A habilidade
de se comunicar não apenas potencializa as chances de êxito nas causas
patrocinadas, como abre portas para além da advocacia, com convites para cursos,
aulas, palestras, eventos, workshops etc.
3. Conhecimento de
Visual Law
Capturar a atenção psíquica do julgador é um
desafio nos dias de hoje. Estamos vivendo uma época em que o profissional da
advocacia precisa escrever o mínimo possível para que suas petições sejam
lidais e analisadas pelos julgadores. Paradoxalmente, as relações humanas são
cada vez mais complexas, e, consequentemente, os questionamentos dos clientes
estão cada vez mais difíceis.
O cenário tem levado muitos profissionais a
empregar novas ferramentas para se comunicar com os magistrados. Aliás, é nesse
contexto que surge o Visual Law, subárea do Legal Design que busca transformar
a informação jurídica em algo interativo, lúdico e visual. As técnicas envolvem
a utilização de vídeos, infográficos, storyboard e storymapping nas petições e
recursos processuais.
Ninguém nega o poder das imagens. Logo, o
advogado que se antecipar em relação aos demais concorrentes, desenvolvendo
habilidades de Design e conhecendo os conceitos do Visual Law, terá mais
chances de ser bem sucedido no futuro. Além de oferecer um serviço diferenciado
no mercado, terá mais êxito em comunicar a pretensão dos clientes aos
destinatários finais – os magistrados.
Habilidades
essenciais para o futuro
O mundo está cada vez mais rápido, complexo
e hiperconectado. Já o Direito, cada vez mais atrasado. O ordenamento jurídico
não está conseguindo acompanhar o ritmo das transformações sociais. A seu turno,
os sistemas educacionais tradicionais também em nada ajudam, pois seguem
aplicando ideologias pedagógicas do século XIX para atender os desafios do
século XXI.
Sendo assim, enquanto o mundo não para de
acelerar; enquanto o Direito continua atrasado; e enquanto os nossos sistemas
educacionais não mudam; cabe aos advogados se adaptarem e desenvolverem
habilidades essenciais para sobreviver no mercado de trabalho do amanhã. Somente
assim eles estarão preparados para esse futuro exponencial repleto de desafios.
Enfim, quem deve mudar é o profissional da
advocacia. Os advogados não precisam seguir o mesmo ritmo (lento) do Direito. A
informação está à disposição de todos, ao alcance de um clique. Todas as
habilidades referidas nesse artigo podem ser aprendidas e aprimoradas. É
chegada a hora de o advogado abrir sua mente. Afinal de contas, como uma vez
disse Albert Einsten: “A mente que se abre para uma nova ideia jamais volta ao
seu tamanho original.”
Por Bernardo de Azevedo e Souza
Por Bernardo de Azevedo e Souza
Fonte JusBrasil Notícias