A insuficiência renal, patologias como a
diabetes e o hipertiroidismo e as doenças oncológicas são as razões mais frequentes
para que os gatos tenham de visitar um médico-veterinário. Outros sintomas
também preocupam os donos de felinos, como, por exemplo, a perda de apetite, a
perda de peso, a condição corporal e a prostração, informa o site português
Veterinária Animal.
Além disso, a maioria dos gatos apresenta
problemas dentais que resultam em dor, mas que passam despercebidos aos donos. Raramente
a preocupação com a saúde oral do gato é o motivo da consulta. Quando ela
acontece, isso já se tornou num problema mais grave e evidente. Os problemas
dentários também são mais prevalentes em animais geriátricos.
São também relevantes os problemas
cognitivos frequentes em 50% dos gatos com idade superior a 15 anos. Esses
problemas devem constituir um parâmetro a avaliar numa consulta geriátrica, mas
são frequentemente subvalorizados pelo proprietário.
A geriatria felina passa por acompanhar o
envelhecimento do gato de um ponto de vista mais global. E, para que esta
mensagem passe aos donos dos felinos, o conhecimento sobre a espécie continua a
ser uma das principais e mais desafiantes tarefas a quem se dedica à medicina
felina.
Ainda que muitos donos cumpram os protocolos
vacinais, existe alguma relutância para tornar esse acompanhamento mais
abrangente. E são as consultas de rotina que alertam para os primeiros sinais
de envelhecimento.
O alerta que vem da
balança
Muitas vezes, os donos consideram normal que
o gato geriátrico se apresente magro e com perda muscular, apesar de não
evidenciar nenhuma patologia. O problema pode estar no tipo de alimentação
fornecida ao gato.
Os donos precisam ficar mais alertas sempre
que o gato apresentar os seguintes sinais: perda de peso sem motivo aparente, aumento
de consumo de água ou produção de urina, aumento da frequência do vômito e
alteração de rotinas.
E é preciso pesar o bichano com frequência. Se
o gato perde 200 ou 300 gramas, é muito fácil passar despercebido ao dono e
geralmente pode indicar o início de algum problema de saúde.
O diagnóstico precoce de várias doenças que
afetam os felinos em idade avançada pode fazer a diferença. Em algumas
patologias, como a insuficiência renal, o diagnóstico antecipado pode
significar o aumento da sobrevida do gato, e no caso de alguns tumores pode ser
a diferença entre uma cirurgia curativa e uma cirurgia apenas paliativa.
Os planos terapêuticos adaptados ao
temperamento de cada paciente são fundamentais. Existe hoje uma maior
disponibilidade de ferramentas diagnósticas e terapêuticas para os gatos de
idade avançada. No entanto, o veterinário deve ser cuidadoso e avaliar a
qualidade de vida desses pacientes. Eles são menos tolerantes às mudanças, às
intervenções médicas e à hospitalização, em comparação com os gatos jovens.
As principais doenças geriátricas felinas
são resultado de processos crônicos que se arrastam, às vezes, por muito tempo.
Assim, as novas abordagens relacionadas com a geriatria felina têm se debruçado
principalmente sobre o estudo do ambiente onde o gato vive e sobre o estudo do
comportamento felino. Dessa fora, é possível minimizar os fatores de estresse
que contribuem para o aparecimento e agravamento de patologias, como a
insuficiência renal crônica e oncologia.
Vida mais longa
A geriatria felina tem como objetivo
principal prolongar o tempo de vida dos pacientes, mantendo ao máximo a sua
qualidade de vida. Para isso são necessárias consultas frequentes e avaliação
contínua, bem como a resposta do paciente, ajustando as terapias em função de
cada caso em particular.
Apenas consultas anuais ou semestrais
conseguem rastrear a saúde dos gatos de forma efetiva. Nessas consultas, além
do exame físico completo, deve ser incluindo um painel analítico e exames
imagiológicos.
O conhecimento do comportamento do animal é
o primeiro alerta para os proprietários. Quando o gato se comporta de forma
diferente, por norma recorrem ao médico veterinário. Mas nesta fase
provavelmente já existe alguma patologia iniciada e com sintomas clínicos.
É necessário relembrar os donos de adequar o
ambiente, bem como a alimentação, a esta fase da vida do animal, além de
estimular o consumo de água, de manter uma boa higiene oral e condição dentária
e de estar atento a alterações comportamentais sutis.
Alimentação para
idosos
As exigências nutricionais são maiores em
animais geriátricos e recomendam-se ingredientes de elevada palatibilidade, fácil
digestão e absorção e ricos em vitaminas e antioxidantes.
Os suplementos imunoestimulantes assumem um
papel preponderante em animais que sejam portadores de patologias
imunossupressoras, como é o caso do vírus da imunodeficiência felina.
Quando um animal atinge uma idade avançada, o
seu organismo vai perdendo capacidade regeneradora celular de forma mais
significativa. Essas alterações traduzem-se numa maior dificuldade na absorção
de ingredientes, e a sua metabolização não é tão eficaz.
A nutrição felina é um desafio para clínicos
e fabricantes. As necessidades proteicas dos gatos seniores são superiores às
de um gato adulto, no entanto ainda existem marcas que fazem erradamente
restrição proteica em gatos mais velhos.
Mais do que prescrever determinada marca, é
preciso dotar o proprietário de ferramentas para que saiba selecionar. As
necessidades hídricas dos gatos dificilmente são respeitadas, sobretudo num
gato sênior, se o gato apenas comer comida desidratada. Estimular a ingestão de
água é por isso também uma necessidade.
As necessidades nutricionais devem ser
sempre adequadas à fase da vida do animal, à condição corporal e às doenças
associadas. Os gatos geriátricos têm necessidades energéticas de manutenção
acrescidas e este fato, associado a uma perda de função intestinal, faz com que
necessitem de uma dieta altamente digestiva e calórica, com exceção dos gatos
obesos.
Oferecer pequenas quantidades de comida com
mais frequência também aumenta a disponibilidade dos nutrientes, o que pode ser
vantajoso nessa idade.
A maioria das rações para gatos seniores
diminui o aporte energético e proteico, tornando-os magros e com grande perda
de massa muscular. A proteína deve ser de origem animal e com grande
digestibilidade. Curiosamente, essa perda de peso e massa muscular não se verifica
em gatos que vivem em colônias e que podem escolher a sua alimentação.
Mitos e desafios
A ideia de que os gatos envelhecem e ficam
mais sossegados e dorminhocos é um erro comum à grande maioria dos
proprietários de bichanos idosos. O gato é um animal ativo, brincalhão e
extremamente ágil durante toda a sua vida, desde que se encontre nas melhores
condições de saúde.
E muitos deles já estão vivendo mais. Se há
alguns anos era raro, por exemplo, ter que realizar uma cirurgia a gatos idosos,
hoje é frequente realizar procedimentos cirúrgicos em gatos com 19 e 20 anos. Surgem
assim novos desafios em termos anestésicos.
Fonte PetePop