Currículos costumam ser fonte de frustração
para muitos recrutadores. Seja por pecados na forma, seja por deslizes no
conteúdo, a maioria dos candidatos acaba por produzir documentos que causam
mais aborrecimento do que interesse.
“Grande parte vem com um design todo
embolado, várias informações cruciais faltando, ou então detalhes excessivos”, diz
Hélio Carvalho, sócio-diretor da consultoria Qualitá-RH. O nível da maioria
costuma ser tão ruim que “chega a dar desânimo”, nas palavras do recrutador.
Os mais prejudicados, no entanto, são os
próprios profissionais. Mesmo aqueles que têm uma trajetória impecável e seriam
perfeitos para uma determinada vaga não serão sequer considerados pelos
avaliadores se não fizerem um currículo de qualidade.
Para ajudar candidatos a se apresentarem ao
mercado de forma mais eficiente, a Qualitá-RH entrevistou cerca de 230
recrutadores de nível sênior sobre qual seria o modelo ideal de um currículo.
Os resultados trazem alguns erros
considerados imperdoáveis pelos headhunters. Confira os principais a seguir:
1) Não incluir o
campo “Objetivo profissional”
A função pretendida é considerada uma
informação essencial para a triagem de currículos na visão de 71,2% dos
entrevistados pela Qualitá-RH. Afinal, esse é o primeiro indicador que o
recrutador levará em conta para decidir se deve continuar lendo o CV ou não.
Sem indicar seu objetivo profissional, o
candidato dá a entender que está disposto a qualquer aventura só para ter um
salário no fim do mês. “É importante fazer um currículo adaptado para cada vaga
pretendida, e não um único documento que sirva para qualquer oportunidade”, orienta
Carvalho.
É importante ser direto, específico e
sucinto. Não vale se apresentar, por exemplo, como possível “assistente/analista/supervisor/coordenador
financeiro”, na ilusão de abrir mais chances de se encaixar nas necessidades do
contratante. Se você pretende atuar como coordenador financeiro no seu próximo
emprego, escreva apenas isso no objetivo profissional.
2) Incluir (ou
omitir) o campo “Resumo”
Escrever uma síntese da sua trajetória
profissional até agora não é errado — mas a pertinência dessa informação pode
variar conforme o seu grau de senioridade na carreira.
Em um currículo de nível operacional, o
resumo é considerado relevante por 54,4% dos recrutadores, e visto como
desnecessário por 45,5%. A avaliação muda drasticamente quando cargo é de média
ou alta gestão: 89,7% consideram o campo necessário e apenas 10,9% o julgam
irrelevante.
É fácil entender essa distinção. Só há
necessidade de resumir carreiras longas; as trajetórias que ainda são curtas
não precisam de síntese. “Para um profissional de nível júnior, o resumo acaba
sendo redundante”, explica Carvalho. Os dados principais podem ser facilmente
apreendidos com um olhar rápido sobre sua trajetória profissional.
Já o candidato de nível sênior precisa
escrever duas ou três linhas rápidas sobre si mesmo — ou obrigará o recrutador
a ler todo o currículo à procura de informações básicas sobre ele.
3) Escrever tudo em
texto corrido, ou tudo em tópicos
A diagramação e até as fontes que você
escolhe para o seu CV têm um impacto surpreendente sobre sua atratividade. O
princípio geral que deve reger a composição do documento é a simplicidade: cores
sóbrias, fontes clássicas e um espaçamento confortável entre linhas e
parágrafos.
Também é importante criar diferenciação
visual entre cada tipo de informação. Além de usar o negrito para títulos, por
exemplo, é interessante intercalar textos corridos e listas de tópicos. A
preferência de 58,5% dos entrevistados pela Qualitá-RH é por resumos na forma
de um parágrafo. Já as experiências profissionais devem vir como uma lista de
itens, segundo 81,2%.
De acordo com Carvalho, formatar seu
histórico profissional em forma de tópicos ajuda a tornar a leitura mais
dinâmica. No entanto, é melhor escrever o resumo na forma de um pequeno texto. “Se
você fizer tudo no formato de tópicos, o layout fica muito cansativo e
repetitivo”, explica ele.
4) Anexar uma carta
de apresentação
Nada menos que 84,5% dos entrevistados
consideram desnecessário escrever uma redação sobre si mesmo e enviá-la como
complemento ao currículo.
“A carta de apresentação costuma vir como um
2º anexo no e-mail, o que nos faz perder ainda mais tempo”, explica o diretor
da Qualitá-RH. “Além disso, costuma incluir autoelogios que não acrescentam
nada para quem está recrutando”.
A dica do especialista é esperar a
entrevista presencial para falar mais sobre seus valores e expectativas. Além
de desnecessário, adiantá-las em formato de texto exclui a possibilidade de
explorar outros recursos de comunicação para persuadir e conquistar o avaliador,
tais como tom de voz e linguagem corporal.
Fonte Exame Abril